Por
Fabíola Ortiz
Antropólogos
ainda não conhecem ao certo as técnicas utilizadas na mumificação do casal ou
onde estão as cabeças do rei e da rainha do cangaço.
"Se, para muitos, Lampião foi um bandido sanguinário, para muitos outros foi um herói e continua a ser uma fascinante e lendária figura.” É desta forma que o rei do cangaço é descrito em reportagem publicada na revista O Cruzeiro, em 6 de junho de 1959, intitulada Justiça para Lampião. O fascínio que despertam a história do cangaço e a imagem das cabeças decepadas dos cangaceiros expostas segue intacto 76 anos após a morte de Lampião e Maria Bonita, em 28 de julho de 1938.
Em uma emboscada na madrugada daquele dia, 48 soldados da polícia de Alagoas avançaram contra o bando de 35 cangaceiros na Grota do Angico, na margem do rio São Francisco, no município de Piranhas. Após um rápido combate, Lampião e Maria tiveram suas cabeças decepadas e, posteriormente, exibidas nas escadarias da prefeitura local, ao lado de outras de componentes do seu grupo. Depois, por 30 anos, as cabeças foram expostas no museu do Instituto Nina Rodrigues, em Salvador. Por lá passaram também as cabeças dos cangaceiros Corisco, Azulão, Zabelê e Canjica.
A preservação das cabeças embalsamadas de Virgulino Ferreira da Silva, o
Lampião, e Maria Bonita ainda gera questionamentos e discussões entre legistas,
antropólogos e historiadores. Antropólogos do Museu Nacional, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, querem agora desvendar em que condições as cabeças
foram manuseadas e embalsamadas.
Estácio de Lima
O então professor da Faculdade de Medicina e diretor do Instituto Médico Legal
Nina Rodrigues na década de 50, Estácio de Lima, confirmou na ocasião da
matéria de O Cruzeiro que as cabeças haviam sido conservadas pelo
método egípcio de mumificação. Elas representam “documentos inestimáveis” de
uma época da criminalidade brasileira, comentou.
“As informações que existem é que foram usadas técnicas egípcias. É exatamente
isso que queremos descobrir. Por que usar como parâmetro a técnica egípcia?
Provavelmente não foi usada a técnica completa, inclusive porque ela não é
conhecida detalhadamente”, contou à História Viva a antropóloga
biológica Cláudia Carvalho, diretora do Museu Nacional no Rio.
Sabe-se que o processo de mumificação no antigo Egito envolvia uso de resinas,
essências aromáticas, limpeza com água do Nilo, retirada do cérebro pelo nariz,
dos fluidos corporais e uma cobertura de sal por um longo período.
“Acho muito difícil que tenham sido seguidas essas técnicas. As cabeças foram
aparentemente salgadas num lugar e levadas para outro. A temperatura e a
umidade controladas não eram uma possibilidade naquela época. Não dá para saber
se o resultado da técnica foi bom ou não”, admitiu Cláudia, ao duvidar que as
sofisticadas técnicas milenares tenham sido utilizada no Nordeste na década de
1930.
(...)
http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/a_lenda_de_lampiao_e_maria_bonita_continua.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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