Sempre que
assisto uma entrevista da/com a ex-cangaceira Sila, tenho a impressão de que
estou assistindo mais um episódio da série americana “ Lie to me”.
Evidente que, assim posto, não estou dizendo que tenho a capacidade do Dr. Col
Lightman de detectar mentiras ou invencionices só pela linguagem corporal.
Em um dos
vídeos postados por nosso companheiro Aderbal Nogueira, aqui mesmo em nosso
blog do Cariri Cangaço , Sila diz: “quando alguém lhe dizia que ela deveria se
orgulhar por ser mulher de cangaceiro e ou ter sido cangaceira, ela respondia:
Orgulho de que? Isso é um absurdo! Tudo que vivemos naquela vida. (...)”. Mais
à frente, ela diz que “não se sentia uma mulher famosa, que não era famosa, que
era uma mulher simples”, ou seja, em apenas duas falas, durante a entrevista,
ela consegue tergiversar ou mesmo ser controversa. Como sempre suas falas nunca
combinavam com sua conduta. Assim vejamos: vamos refletir sobre estas
duas frases:“Orgulho de que?”, “ não sou famosa, sou simples”.
É estranho uma
pessoa não se orgulhar de seu passado e ser uma pessoa simples, se chegou a
adotar até um nome artístico para que soasse melhor na imprensa, lembrando que
a mesma continuou usando o apelido que lhe deu a pretensa “fama”. Isso não me
parece uma atitude de uma pessoa simples, humilde ou ingênua. Ainda numa rápida
pesquisa sobre os remanescentes e ou celebridades do cangaço, percebe-se
claramente dois grupos: O primeiro é formado pelos que adoravam falar sobre o
assunto e aparecer, mesmo que inventando, mentindo, aumentando ou
supervalorizando sua participação no cangaço. No outro grupo, estão os que não
gostam de falar sobre o assunto, os que sentem vergonha de seu passado
criminoso, os que dificultam, a todo custo, qualquer contato com os pesquisadores.
Estes não gostam de se expor.
Escritor
Vilela entrevista ex-cangaceiro Vinte e cinco
Não é difícil
saber em qual grupo se enquadravam Sila, Volta Seca, Balão e muitos outros. Da
mesma forma que não é difícil saber em que grupo está Vinte e Cinco, Maria de
Juriti e alguns ex-volantes. É comum ao ser humano querer esquecer os
acontecimentos ruins, esquecer aquilo que lhe causa vergonha. Geralmente
tende-se a não falar sobre o assunto ou falar o mínimo possível. Ao ler as
entrevistas de muitos pesquisadores, concedidas a Kiko Monteiro e postadas em
seu Blog Lampião Aceso, em uma das perguntas feitas por Kiko, os pesquisadores
responderam sobre a resistência e ou dificuldade de entrar em contato com
alguns remanescentes do cangaço, vejamos alguns: Sergio Dantas diria menos
fácil, (...), VINTE E CINCO; Alcino Costa diria ZÉ RUFINO; Sabino Bassetti,
VINTE E CINCO e CRIANÇA; Paulo Gastão, VINTE E CINCO e MARIA DE JURITI;
Antonio Vilela, EXPEDITA FERREIRA; Aderbal Nogueira, LERO, filho de ZÉ
SATURNINO; Leandro Cardoso, MARIA DE JURITI; João de Sousa Lima, PRETÃO (irmão
de Maria bonita) BEM-TE-VI e MARIA DE JURITI; Antonio Amaury, OS SOLDADOS
(os ex-volantes não gostavam de falar) e MELCHIADES DA ROCHA.
Vale ressaltar
que aqueles que faziam parte do grupo celebridade, o contato era facílimo,
inclusive não se incomodavam de passar meses na casa dos amigos e admiradores,
desde que isso lhes proporcionasse conforto, mídia e atenção. Não tenho
conhecimento de que Dadá tenha passado dias na casa de sua irmã dona Joana, uma
senhora simples, humilde. Sila na casa de seus parentes simples e humildes que
ainda hoje moram em Poço Redondo e assim por diante...
Juliana
Ischiara, Pesquisadora e Historiadora
Diretora do
GECC, Conselheira Cariri Cangaço
http://cariricangaco.blogspot.com
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Pois é Dra. Juliana, no âmbito da história do cangaço, as controvérsias não são poucas, mas, os senhores experientes pesquisadores,aos poucos tiram de letra tais controvérsias.
ResponderExcluirAbraços,
Antonio Oliveira - Serrinha - Bahia