Publicado em 29/07/2014 por Rostand Medeiros
Após ser
supervalorizado e, depois, deixado de lado, o cangaço volta às telas de cinema
pelas mãos de Hermano Penna com Aos Ventos Que Virão. O cineasta cearense,
conhecido por Sargento Getúlio, de 1983, parte de uma premissa bastante
interessante para seu novo trabalho, qual o destino de um cangaceiro depois da
morte de Lampião, apresentando assim um leve panorama da situação
sócio-política do nordeste na primeira metade do século XX. Em uma pequena
cidade, mais precisamente Poço Redondo, no interior de Sergipe, o cangaceiro
Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, foi assassinado.
Com a sua
morte, morrem também o Cangaço e uma parte da história do Brasil. Tem início
uma perseguição aos cangaceiros remanescentes, que não possuem mais uma
liderança e nem pra onde ir. Mas o jovem Zé Olimpio (Rui Ricardo Diaz)
decide mudar sua história, ele busca se casar com sua noiva Lucia, vivida por
Emanuelle Araújo, e viver tranquilamente na cidade de Poço Redondo, em Sergipe.
Porém, ele logo percebe que isto é impossível, já que o Sargento Isidoro (Edlo
Mendes), assim como grande parte dos policiais do nordeste, está disposto a
matar todos que participaram do bando de Virgulino Ferreira.
Emanuelle
Araújo em cena de “Aos Ventos que Virão”, de Hermano Penna
Assim, o casal
decide largar tudo e tentar a vida em São Paulo. O Cangaceiro acaba se somando
aos milhares de nordestinos que migram para o sudeste e o centro-oeste
brasileiro e acaba indo trabalhar na construção civil. No sudeste, Olimpio
percebe que mesmo não sofrendo os mesmos riscos de antes, sua vida não tem
tanta possibilidade de melhorar, principalmente por conta do preconceito dos
empresários contra os jovens nordestinos. E é neste momento que a luta de Zé
Olímpio começa. Seus inimigos, o preconceito, um subemprego e a
intolerância.
Com a morte de
seu pai, Zé Olimpio retorna a sua cidade e, diante dos desmandos dos políticos
locais e já sem o grande risco de perder a vida, decide ficar e entrar para a
política. Porém, ele logo percebe que a vida na política não é muito diferente
daquela que tinha no bando de Lampião. É quando descobre a corrupção e a
injustiça, ao ver um juiz impedir que seus eleitores possam votar. Revoltado,
ele passa a ter atitudes agressivas como protesto. No site http://brcine.com.br/especial/critica/aos-ventos-que-virao/
comenta que o principal destaque de Aos Ventos Que Virão fica com o trabalho de
Penna com os atores. As interpretações, com toques teatrais, dá uma leveza ao
filme que não traz nenhum grande recurso.
O diretor e as
crianças do sertão
Os diálogos,
principalmente no início da trama, ajudam a cativar o espectador para a
história de amor entre Zé Olímpio e Lucia, e pelo ímpeto do herói em sempre
ajudar os seus conterrâneos. No entanto, o filme acaba não segurando o ritmo e
vai perdendo a força com o tempo. Se as atuações e a proposta do filme animam,
a forma como é conduzido deixa a desejar, pela quantidade de temas que acabam
sendo contemplados. Aos Ventos Que Virão peca por tentar transformar
a história de Zé Olimpio em uma saga e não segurar com a mesma força do início,
principalmente pela dificuldade de apresentar ao espectador as passagens de
tempo.
Em momentos, o
público é surpreendido em um ou outro dialogo que determinada cena se passa
anos após a cena anterior, causando certa confusão na compreensão geral. Mesmo
com a ousadia de tentar contar a saga de um homem durante décadas, não se pode
dizer que Aos Ventos Que Virão seja um filme pretensioso, pelo
contrário. E é justamente a simplicidade do projeto que acaba conquistando o
espectador que acompanha as idas e vindas de Zé Olimpio.
Com “Aos
Ventos Que Virão”, Hermano Penna mostra que o sertão ainda é relevante e que
existem boas historias para serem contadas sobre nosso povo. Basta que tenhamos
coragem, compromisso com a verdade e estômago forte para encararmos nossos
próprios contrassensos.
Filme: Aos
Ventos Que Virão Direção: Hermano Penna 2014, Brasil, 94′, Drama Roteiro: Hermano
Penna, Jaqueline Tavares, Paulo Sacramento Elenco: Rui Ricardo Diaz,
Emanuelle Araújo, Luis Miranda, Lucio Tranchesi, Edlo Mendes, Marat Descartes,
Francisco Gaspar Hermano Penna responde tambem pelo roteiro de Aos ventos que
virão, que estreou dia 24 de julho no Espaço Itaú de Cinema, em São Paulo.
É conferir!
Fontes
– http://brcine.com.br/especial/critica/aos-ventos-que-virao/
Cangaço, História, Nordeste, Opiniões Aos Ventos Que
Virão,Brasil, Cangaço, Cangaceiros, cinema, Cinema brasileiro, Edlo Mendes, Emanuelle Araújo, Hermano Penna, Nordeste, Poço Redondo, Rui Ricardo Diaz, Sergipe
Extraído do blog "Tok de História" do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros
http://tokdehistoria.com.br/2014/07/29/aos-ventos-que-virao-de-hermano-penna-retrata-um-nordeste-em-transformacao/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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