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sábado, 12 de julho de 2014

Devaneios que inspiraram lixos literários Seu dotô, pode botar aí, que foi verdade! - Parte I

Por: Ivanildo Silveira

O jornalista baiano, Juarez Conrado (vide foto), na década de 80, escreveu para o Jornal "A Tarde", uma série de 03 reportagens, depois transformada em livro, sobre os últimos dias de Lampião, antes da chacina, que o vitimou, na Grota do Angicos/SE, em 28/julho/1938.

Com base em depoimentos de coiteiros e ex-cangaceiros, em entrevistas com testemunhas oculares, e apoiado em cuidadosa pesquisa, que incluiu visitas ao cenário dos acontecimentos, o jornalista refez os sete dias, os últimos da vida do Rei dos cangaceiros.

Jornalista Juarez Conrado

Uma das reportagens feitas pelo citado jornalista, foi com o grande coiteiro " Manoel Félix" (vide foto, logo abaixo). Esse coiteiro esteve com Lampião, na Grota do Angico, em vários dias, seguidos, inclusive, no penúltimo dia que antecedeu a morte do Rei do Cangaço. 

O grande coiteiro "Manoel Félix"

O coiteiro de Lampião Mané Félix

Nascido e criado em Poço Redondo, de onde jamais se afastou, trabalhando sempre no campo, Manoel Félix um sertanejo calmo e tranquilo, e, certamente, a principal testemunha de tudo o que ocorreu com "Lampião" e seu bando durante os sete dias de permanência na Grota do Angico, onde, surpreendido pela tropa do tenente Bezerra, encerrou, tragicamente, os 22 anos de aventuras pelos sertões de sete estados nordestinos.

Viajou com Lampião

Manoel Félix que já conquistara a confiança de Lampião, teve oportunidade de fazer algumas viagens em companhia do famoso bandoleiro, a última das quais à localidade conhecida como Capoeira, às margens do Rio São Francisco, fato ocorrido após sua chegada à Gruta do Angico.

Em meio à viagem, pegaram uma cabra, do que se encarregou o próprio Manoel Félix, com ela preparando o almoço, já por volta das quatro horas da tarde. Propositadamente, tendo em vista que o encontro se daria à beira do rio, por onde navegavam muitas canoas, 


Maria Bonita e Lampião

"Lampião" permaneceu escondido no mato até o cair da noite, quando foi se avistar com o fazendeiro Joaquim Rizério, com quem fizera as pazes após longos anos de feroz inimizade. O que conversaram ninguém veio a saber, pois a reunião entre ambos foi sigilosa, em local reservado.

Poupava as cobras

Já de retorno à gruta, um fato chamou a atenção de Manoel Félix: a preocupação de Lampião e seu bando em não matarem cobras por mais venenosas que fossem. Disso, aliás, o próprio coiteiro teve provas quando, distraidamente, ia pisando uma cascavel que surgira em meio ao caminho. Pegando de um pau para matá-la, foi impedido por Zé Sereno, que não permitiu, procurando, com muito jeito, fazer com que a cobra retornasse aos matos de onde havia saído.

Em outra oportunidade, quatro ou cinco dias antes da chacina, Manoel Félix, em companhia do seu irmão Adauto, foi até a gruta levar para Lampião certa quantidade de doce de coco, por ele muito apreciado, tendo o cangaceiro, bastante satisfeito, agradecido o presente, logo distribuído em pequenas quantidades com algumas mulheres do grupo, como Maria Bonita, Enedina, Cila, Maria, Dulce e Maria, mulher de Juriti.


José Ferreira dos Santos era um rapazote com aproximadamente 17 anos de idade na época do fato, sendo filho de Virtuosa, irmã de Lampião.

Nesse dia, havia chegado um sobrinho de Lampião, chamado de “José” – de 18 anos, a fim de integrar-se ao bando, tendo "Lampião" encarregado o coiteiro de comprar na feira de Piranhas/AL, do outro lado do rio, a mescla para preparar o bornal do jovem, o que, entretanto, não chegou a acontecer, como veremos mais adiante.

Lampião esperava “Corisco e Labarêda”

Conquanto nada lhe dissesse diretamente, porque com ele não conversava sobre assuntos internos do grupo, Manoel Félix ouviu de Lampião, na véspera de sua morte, estar na expectativa da chegada de Ângelo Roque, o "Labarêda", que fora a Jeremoabo, e de Corisco, que se encontrava do outro lado, em Alagoas.

O cangaceiro Zé Sereno


Embora a conversa sobre esses dois bandoleiros fosse com Zé Sereno, Manoel Félix sentiu por parte de Lampião certa preocupação ante a demora dos mesmos, preocupação que o levou a conjecturar sobre um possível encontro com as volantes, hipótese logo descartada porque, segundo disse, "se fosse macaco a gente já tinha sabido".

Até às 18 horas do dia 27/julho/1938, véspera da morte de Lampião, quando deixou a Grota, Manoel Félix não registrou a chegada de nenhum dos dois celerados, confirmando-se depois que se encontravam ausentes no momento do cerco pela tropa do Tenente João Bezerra.

CONTINUA...

Um abraço a todos, 
Ivanildo Silveira
Natal/RN
http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2009/11/perolas-delirios-literarios-ou-seu-doto.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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