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domingo, 26 de março de 2017

LAMPIÃO PRATICOU CRIME E CAUSOU PÂNICO EM SÃO CAETANO DO NAVIO, NO MUNICÍPIO DE FLORES - PE

* Por: Antônio Neto

Em um dia de domingo do mês de maio de 1925, por volta das dez horas da manhã, mais ou menos, Lampião, na chefia de um bando de cangaceiros, atacou de surpresa o povoado de São Caetano do Navio. Nesse assalto, os fora da lei, roubaram, saquearam, mataram e sangraram moradores daquele vilarejo.

Em depoimentos à justiça, as testemunhas disseram que o grupo era composto por quatorze bandoleiros, todos armados de rifles e de fuzis máuser, cartucheiras e punhais à cinta. Além de Virgolino Ferreira, chefe do bando, outros indivíduos participaram daquele ato criminoso, entre eles, Antônio Ferreira, Levino Ferreira, Heleno, conhecido por Moreno, Luiz Pedro, Félix Caboge, Jurema de Medeiros, Chumbinho, Chá preto, Maçarico, Antônio Sabiá, Baraúna e, ainda, outros que não foram identificados. Os asseclas entraram naquela povoação sorrateiramente pelos fundos da residência de Mathias Theodoro, onde tomaram a sua casa de assalto e parte do grupo chefiado por Levino Ferreira, irmão de Lampião, adentrou à feira e deu início a um grande tiroteio, do qual resultou nas mortes de Emiliano Martins, José Theotônio e Ângelo de Tal. A população daquele lugarejo pavorosa e em pânico correu desesperada fugindo do perigo e embrenharam-se na caatinga.




A testemunha Manoel Fernandes de lima em seu depoimento declarou ter visto “Sabiá”, com requinte de crueldade, sangrar barbaramente Emiliano Martins e José Theotônio, cortando as orelhas das vítimas e, por fim, lambendo calmamente o seu grande punhal ensanguentado, antes de embainhá-lo.

Os bandoleiros não contentes com as três mortes praticadas por eles, naquela povoação, nem com os prejuízos causados aos feirantes e tampouco com o pânico instalado na população daquele lugar, assaltaram e saquearam mercadorias no pequeno comércio de São Caetano.

Lampião e sua corja sitiou aquela vila, até 15 horas desse mesmo dia. Ali roubaram animais e partiram cavalgando tranquilamente com destino ignorado.

É mister que se diga – não havia ali, naquele momento, destacamento de polícia e, sim, apenas Manoel Theotônio de Souza, praça da Força Pública e comissário de policia daquela localidade, que nada pôde fazer, embora tenha havido um forte tiroteio entre os cangaceiros e alguns paisanas ali residentes. O comissário ao ver seu irmão cair morto, cuidou logo de fugir, conseguindo escapar das garras de Lampião.

Quatro fatos, no mínimo curiosos, chamaram a minha atenção no referido processo. 1º – a data da ocorrência não ter sido registrada[2] nos autos; 2º – a autuação da polícia só ter acontecido em 3 de dezembro de 1927, quase três anos, após o ato delituoso; 3º – a Portaria da Delegacia de Polícia de Flores, não fez menção aos nomes de todos os assaltantes, nomeando, apenas, Virgolino Ferreira da Silva, vulgo Lampião e seu grupo; 4º – as testemunhas e o praça da Força Pública, na função de comissário de polícia de São Caetano, Manoel Theotônio de Souza, terem declarado a participação de Antônio Ferreira e Levino Ferreira, irmãos de Lampião naquele brutal ato criminoso. Todavia, não se sabe a razão, pela qual, o promotor público de Flores não incluiu esses nomes em sua denúncia, embora tenham sido citados no processo pelos depoentes.

Concluo afirmando que este artigo foi escrito de conformidade os autos do processo-crime em questão, portanto, à luz da lei.

*Antonio Neto é pesquisador, biógrafo, dicionarista, escritor e poeta. Membro da Academia Serra-Talhadense de Letras, da Academia Recifense de Letras e da UBE.

[2] O fato criminoso se deu em um dia de domingo de maio de 1925. Então, poderá ter sido em: 3, 10,17,24 ou 31 de maio/925.

[3] Memorial da Justiça de Pernambuco. Pasta – Flores. Crime. Lampião. CX. 369.

http://caderno1.com.br/lampiao-praticou-crime-e-causou-pan…/

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