Por José
Mendes Pereira
Boatos se
espalham de repente. Se for bom, demora mais um pouquinho chegar à boca de
fofoqueiros de calçadas, mas se o boato for ruim, ele corre o mundo mais
rápido, e não escolhe as classes, atingindo até as sociais.
http://galeria.colorir.com/contos-e-lendas/indios-e-vaqueiros/indio-pintado-por-ma-183069.html
O índio
“Piatã” era um dos que vivia da caça e da pesca às margens do rio Mossoró, mas
não gostava de respeitar o seu pai “Kauê”, um índio conhecido em toda região
mossoroense e comunidades adjacentes como bondoso, mas vez por outra, o filho
“Piatã” dava-lhe chicotadas sem olhar para o lugar que iria bater.
http://www.colorir.blog.br/desenhos-para-colorir/desenhos-de-idosos-para-colorir
O velho “Kauê”
tentava se defender de todas as maneiras dos maus tratos praticados
pelo filho, implorava até pelo amor de Deus para não ser maltratado, mas não
tinha jeito, ou merecendo ou não, “Piatã” batia sem piedade no velho pai
“Kauê”.
https://tudorbrasil.com/2014/04/16/a-roupa-da-classe-baixa-e-media-no-periodo-tudor/
A índia
“Thaynara” mãe do Piatã e companheira do Kauê quando via a brutalidade do filho
com o pai, partia para cima do “Piatã” com gosto de gás, e em suas mãos, um
pedaço de pau, e, com toda sua força feminina, fortemente o batia, pois o que
ela queria era defender o seu companheiro dos maus tratos daquele animal
produzido por eles dois. Mas, geralmente, mãe e filho apanhavam um do outro,
isto é, de igual para igual.
Aquela
restrita vizinhança indígena temia defender o velho “Kauê” dos maus tratos
praticados por “Piatã”, porque a sua violência poderia acontecer contra ela, e
ali, viraria uma comunidade indígena sem código, sem ética, sem rumo e sem
respeito.
Ninguém sabia
explicar o porquê de tanto ódio armazenado na mente do “Piatã” contra o seu
genitor Kauê, que o velho sempre estava ali, na hora em que aquele infeliz
precisava, mas como pagamento, recebia fortes chicotadas daquele amalucado, um
satanás em forma de gente.
A índia
"Thaynara" chorava e se lastimava da má sorte que ganhara do mundo.
Um filho totalmente desequilibrado, que não tinha um tico de dó do velho seu
pai “Kauê”, com a idade avançada, andando devagar e com poucas chances de se
defender, quase diariamente, ter que passar por violentas surras. O ódio do
“Piatã” contra o pai era permanente, sempre, o velho “Kauê” estava sujeito a
levar boas lapadas, e também reclamava da péssima vida que ganhara:
- Um inferno surgiu em minha cabana assim que o meu filho “Piatã” engrossou a voz, o pescoço e braços! - Dizia o velho “Kauê”.
- Um inferno surgiu em minha cabana assim que o meu filho “Piatã” engrossou a voz, o pescoço e braços! - Dizia o velho “Kauê”.
- Calma, Kauê!
Calma! Se Deus nos trouxe ao mundo para sofrermos vamos aceitar o mundo do
jeito que o Deus preparou para nós! Mas enquanto eu tiver forças para te
defender dos maus tratos do Piatã, mesmo apanhando também dele, te defenderei.
- Dizia a índia "Thaynara".
Mas o “Kauê”
só apanhou até o dia em que a índia “Kathauã” "antes", não tinha
tomado conhecimento dos maus tratos praticados pelo filho “Piatã”.
Toda
comunidade fora chamada a atenção pela índia “Kathauã”, dizendo ela que quem se
omite, é cúmplice. Soubera dos maus tratos que sofria o “Kauê”, feito pelo
filho, através de pessoas que nem faziam parte daquela comunidade indígena.
No silêncio, a
índia “Kathauã” em seu cavalo percorria toda a região, ali, só na finalidade de
encontrar o “Piatã”, para um possível castigo, acusado de bater no pai.
Ninguém ali abriria a boca para dizer que a índia procurava o “Piatã”. A índia
mantinha ordem e era respeitada em toda região mossoroense. E quem era capaz de
dizer a “Piatã” que “Kathauã” andava a sua procura? Só se fosse louco, mano!
No dia
seguinte, “Piatã” foi encontrado pescando no rio Mossoró. De pressa, “Kathauã”
chamou-o até a sua presença, pois precisava conversar com ele. Inocente, porque
até aquele momento ele não sabia que a índia andava a sua procura, “Piatã” foi
se aproximando, mas sempre receoso, vez que ele sabia muito bem quantos quilos
pesava o chicote da “Kathauã” em suas mãos, e era uma verdadeira justiceira,
sua volta era por dentro mesmo.
- Pronto
senhora Kathauã, o que deseja de mim? – Perguntou ele com uma tremura nas
pernas.
- Tenho
conhecimento que você anda açoitando o seu velho pai “Kauê”, malandro?
E com um chicote
ela o laçou, e com o outro o acoitava com muita violência.
Sendo
justiçado pelo chicote da índia “Kathauã”, “Piatã” chorava desesperadamente,
pedindo por todos os santos que “Kathauã” parasse com aquele castigo. E ainda
lhe alertava:
- Dona “Kathauã”,
bata devagar para não quebrar as minhas costelas...!
- Malandro,
quando você açoita o seu velho pai se lembra que ele tem costelas também, e
podem ser quebradas? – Perguntava ela o surrando como se fosse um animal.
Após muitas
chicotadas sobre o largo lombo do “Piatã”, finalmente, “Kathauã” terminou o seu
castigo, resolveu soltá-lo, dizendo-lhe:
- Vá embora e
não quero mais ouvir falar que você açoita seu velho pai “Kauê”! Está me
ouvindo bem? – Perguntava-lhe com voz poderosa de autoridade mesma.
- Sim senhora, estou!
- Sim senhora, estou!
“Piatã” entrou
nas matas e nem quis mais ir atrás dos peixes que havia pegado ali, naquela
pescaria, e nunca mais, na comunidade, se ouviu falar que ele tivesse batido no
pai. Um exemplo para aqueles que pensavam bater nos seus pais também. A índia
“Kathauã” nasceu em Mossoró para justiçar malandros!
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