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domingo, 22 de abril de 2018

DISCURSO DO PROFESSOR BENEDITO VASCONCELOS MENDES, PROFERIDO NA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA, EM NATAL, QUANDO RECEBEU O TÍTULO DE CIDADÃO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE ( 19 de abril de 2018 )


Benedito Vasconcelos Mendes

Hoje estou tendo a felicidade de receber o mais precioso galardão que uma pessoa pode almejar, o título de Cidadão do Estado do Rio Grande do Norte, que me dará o direito de ser considerado filho legal desta terra.

                                           
Como brasileiro, sou natural da minha Sobral, onde nasci; Cidadão de Mossoró, cidade que escolhi para trabalhar; Cidadão do Estado do Piauí, onde morei e agora Cidadão Norte-rio-grandense, o mais esperado e desejado prêmio, que, para fazer jus, esperei durante 48 anos, participando ativamente da vida social e cultural deste Estado.                                                             
Neste momento sublime para mim, estou tomado por indescritível alegria, semelhante aquela experimentada por um filho adulto ao tomar conhecimento de sua maternidade. Estou sentindo a fantástica sensação de aceitação, a benfazeja emoção da legitimidade, a agradável recompensa do reconhecimento. Estou recebendo a certidão de maternidade, embora eu nunca tenha me sentindo órfão do Rio Grande do Norte, que sempre foi minha terra do coração, cujos feitos de seus filhos me envaidecem... terra que eu quero bem. É prazeroso e emocionante o recebimento do atestado de legitimidade, pois de hoje em diante posso dizer, com orgulho de filho, eu sou potiguar! 

A quem devo tamanha honraria? Primeiro, ao destino traçado por Deus, que me fez vir morar na terra dos mártires, na terra dos heróis, na terra dos pioneiros. Que me fez vir para o solo sagrado das letras e da cultura. Vim do Ceará para o chão Potiguar, berço dos Santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu, que foram torturados e mortos a mando dos calvinistas holandeses em 1645, quando várias dezenas de católicos foram perversamente assassinados, dentre eles os Presbíteros André de Soveral e Ambrósio Francisco Ferro e o camponês Mateus Moreira, que foram canonizados pelo Papa Francisco, no dia 15 de outubro de 2017. Os Protomártires brasileiros perderam suas vidas, mas não negaram sua fé na Igreja Católica, como admiravelmente demonstrou o Santo Camponês Mateus Moreira, que, antes de ter seu coração arrancado pelas costas, exclamou “Louvado seja o Santíssimo Sacramento”, demonstrando sua fé inabalável na doutrina de sua Igreja.                                               
Vim para a terra dos heróis, onde nasceram Filipi Camarão, Clara Camarão e os Heróis da Resistência de Mossoró, liderados pelo destemido Prefeito Rodolfo Fernandes, que, valentemente, defenderam de armas em punho e de cabeça erguida, arriscando a própria vida, a cidade de Mossoró da sanha sangrenta de Lampião e de seu perigoso bando de cangaceiros.

Vim para o berço dos pioneiros, que libertaram os escravos cinco anos antes da assinatura da Lei Áurea. Vim para o chão sagrado de Celina Guimarães, a primeira mulher a conquistar o direito de votar em toda a América Latina. Vim para o torrão natal de Nísia Floresta, a precursora do feminismo no Brasil e na América Latina. 

Vim para o solo iluminado das letras e da cultura, para a pátria de Câmara Cascudo, folclorista orgulho da humanidade. Letras e cultura potiguares tão bem cuidadas pela nossa famosa e querida Academia Norte-rio-grandense de Letras, dirigida há 34 anos com muita dedicação pelo destacado escritor, poeta e líder cultural Diógenes da Cunha Lima.                                                           
Vim para o País de Mossoró, o País de Vingt-Un Rosado, onde ele criou universidades, museus, bibliotecas e escreveu livros... muitos livros. Aprendi com ele a gostar das letras, da ciência e da cultura. Foi meu maior amigo e meu exemplo de vida.                                                           
O dedo de Deus me direcionou para o lugar onde nasceu e viveu o Padre João Maria, o santo do povo potiguar, para que eu pudesse receber de pertinho sua proteção, no próprio solo que ele pisou e fez morada.                                   
Cheguei no território Potiguar no dia 14 de janeiro de 1970, com apenas 24 anos de idade. Hoje, após 48 anos residindo nesta terra, constato que passei muito mais tempo morando no Rio Grande do Norte do que no Ceará de onde vim.

Minhas senhoras e meus senhores, por dever de justiça, desejo agradecer ao dinâmico e vitorioso Deputado Getúlio Rêgo, por ter me indicado aos demais deputados  desta colenda Assembleia Legislativa para receber este honroso e nobre título de Cidadão do Estado do Rio Grande do Norte. Desejo externar, também, minha gratidão a cada deputado em particular, que depois de analisar meu passado, meus méritos morais, éticos e culturais, decidiu dar seu voto, depositando, assim, sua confiança de que irei sempre honrar esta cidadania e continuar trabalhando em prol do desenvolvimento deste Estado.                                   
Deputado Getúlio Rêgo, Vossa Excelência, que ao longo de nove mandatos de Deputado Estadual, com 36 anos de ininterrupta e dedicada vida parlamentar, indicou apenas cinco nomes para receber a cidadania potiguar, demonstrando, assim, ser muito criterioso em suas escolhas, receba os meus efusivos agradecimentos e a minha elevada honra de ter sido indicado por Vossa Excelência. Quero aqui também fazer um agradecimento especial ao estimado e distinto confrade Diógenes da Cunha Lima, orgulho das letras e da cultura potiguares, que forneceu meu currículo e outros dados sobre minha pessoa ao digníssimo Deputado Getúlio Rêgo.                                                               
Nesta data tão relevante para mim, quero agradecer a Deus por esta dádiva com a qual Ele hoje me presenteia, fazendo-me filho legal do meu querido Rio Grande do Norte. Agradeço à presença do meu maior patrimônio, que são meus familiares e amigos. O meu muito obrigado aos confrades da Academia Norte-rio-grandense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, aos confrades das Academias de Letras e de outras instituições culturais de Mossoró e região, que vieram abrilhantar esta solenidade. Meus sinceros agradecimentos aos amigos e familiares de Natal e de outras cidades, que estão aqui para prestigiar esta homenagem. Muito obrigado aos conterrâneos de Mossoró, que deixaram seus afazeres e vieram à Natal me aplaudir.

Muito obrigado a todos!

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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