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terça-feira, 14 de agosto de 2018

ALGUNS ESCLARECIMENTOS SOBRE ‘CONTAMINAÇÃO AO MEIO AMBIENTE’


Identificando: da esquerda para direita: Sálvio SiqueiraMaria Oliveira, Isaque Santana, Vaneildo Bispo, João Carlos, Richard Torres Pereira Torres, José Lopes Tavares, Luciano Costa, Giovane Gomes, Gean Weider, Romilson Ferreira e Cristiano Ferraz.

METAIS NO MEIO AMBIENTE: CÁPSULAS, ARMAS, BOLOTAS DE CHUMBO E OUTROS METAIS E SUA CONTAMINAÇÃO.

O tempo de decomposição dos materiais inorgânicos na natureza pode levar muitos anos para se completar, provocando poluição do meio ambiente e prejudicando nossa saúde. Por isso, a reciclagem e o correto tratamento do lixo são duas medidas extremamente importantes. Além disso, esses procedimentos contribuem fortemente para a preservação do meio ambiente.

Algumas identificações da tropa: Tenente João Bezerra da Silva, Aspirante Francisco Ferreira de Melo, sargento Aniceto; cabos: Juvêncio, Bida, Bertoldo e Zé Gomes; Soldados: Justino, Leão, Pedro Barbosa, Raimundo, Cecílio, Honorato, Antônio Ferro, Antônio Jacó, Augusto, Abdon, José Panta de Godoy, Sebastião de Oliveira, Manoel Farofa, Antônio Campos, Antônio Seno, Zé Balbino, Elias Marques, ant^nio Vieira, Amaro Preto, Guilherme, Maneco, João Bengo, Vicente, Otacílio, Wenceslau, Pedrão, Paturi, Sílvio, Zé Baixinho, Jerônimo, Inácio, Bida e Ulisses Ferreira alcunhado de "Chocolate". Ainda faltam as identificações de alguns. Oito ou nove nomes. Fonte: Sabino Bassetti

Grande parte dos materiais, pode levar dezenas e até centenas ou mesmo milhares de anos para se decomporem na natureza. Desta forma, é de fundamental importância que os materiais, principalmente os inorgânicos, não sejam descartados no solo ou em rios e mares, ou mesmo em suas adjacências. Isso pode deixar o solo poluído ou contaminado durante muito tempo, já que quanto maior o tempo de decomposição dos materiais na natureza, maior é o prejuízo para o meio ambiente. Fato.

Identificação, da esquerda para a direita: Lampião, Vila Nova, Deferente, Passarinho, Juriti, Mané Sereno, Pitombeira, Gorgulho, Cacheado, Sabonete III, Barra Nova, Luiz Pedro e Nenê do Ouro (companheira de Luiz Pedro) - Fonte Rubens Antonio

É importante conscientizar-se de que precisamos cuidar nosso meio ambiente. E fazendo isso, recolhendo lixo inorgânico do meio ambiente, no local em que fizemos nossas pesquisas, estamos ‘matando dois coelhos com um só disparo’: contribuindo para a limpeza do meio ambiente e levantando locais com provas físicas históricas, pois temos suas localizações adquiridas através de equipamentos de alta tecnologia. Além da limpeza do lixo, retirada dos despojos de metais altamente contaminadores ao meio ambiente, estamos ajudando a esclarecer fatos de uma historiografia complexa. Digam-me se souberem o que vale uma prova de metal soterrada sob o solo para preservação da História? Para nada, a nosso ver. Fato.

Alguns metais, tais como o chumbo, o cromo, o cádmio, bismuto e outros, são extremamente resistentes às intempéries, justamente por isso que são perigosos. Eles não se decompõem facilmente, de fato, acho que nem mesmo se decompõem, pois são metais puros, assim, por mais que permaneçam no ambiente, e por mais que sofram desagregações, sempre restará ao menos um átomo desse elemento.

Esses metais, principalmente o chumbo, são imóveis, isso significa que eles permanecem no ambiente e não são facilmente removidos. Veja que o chumbo é utilizado em métodos de datação, significando que ele permanece no ambiente por milhões de anos, contaminando-o.

O problema começa quando são lançados no meio ambiente, contaminando o solo, a água e o ar, pois apresentam em sua composição substâncias consideradas perigosas à saúde humana e à natureza.

O chumbo, do latim plumbum, é um elemento químico de símbolo Pb, número atômico 82 (82 prótons e 82 elétrons), com massa atômica igual a 207,2 u, pertencente ao grupo 14 ou IVA da classificação periódica dos elementos químicos. À temperatura ambiente, o chumbo encontra-se no estado sólido. Trata-se de um metal tóxico, pesado, macio, maleável e mau condutor de eletricidade. Apresenta coloração branco-azulada quando recentemente cortado, porém adquire coloração acinzentada quando exposto ao ar. É usado na construção civil, baterias de ácido, em munição, proteção contra raios-X e raios gama e forma parte de ligas metálicas para a produção de soldas, fusíveis, revestimentos de cabos elétricos, materiais ante-fricção, metais de tipografia, material para munição de equipamento bélico, etc. O chumbo tem o número atômico mais elevado entre todos os elementos estáveis.

Abaixo, descrevemos uma tabela com o tempo que alguns materiais levam para se decomporem no Meio Ambiente:

Material - Tempo de Degradação
Aço - Mais de 100 anos
Alumínio - 200 a 500 anos
Cerâmica - indeterminado
Chicletes - 5 anos
Corda de nylon - 30 anos
Embalagens Longa Vida - até 100 anos (alumínio)
Metais (componentes de equipamentos bélicos) - cerca de 450 anos
Vidros - indeterminado


As nossas “I e II Exposições Angicos”, 2016 e 2018, tiveram em suas principais metodologias procurarmos saber, e assim deixarmos claro para os historiadores do tema Fenômeno Social Cangaço, em seu epílogo com a morte de seu maior símbolo, mito, histórico, Virgolino Ferreira, o cangaceiro Lampião, através dos achados físicos, o posicionamento da tropa que o eliminou e, consequentemente, a munição e as armas usadas no conflito. Assim como desanuviar as dúvidas e suposições que existem, pois foram criadas ao longo do tempo, como se dera o ataque ao acampamento cangaceiro comandado pela tropa do tenente João Bezerra da Silva em 28 de julho de 1938, ou mesmo comprovar ou não o uso do material bélico descrito no boletim de Fiscalização Administrativa emitido pelo comandando do II Batalhão de Regimento Policial Militar, com sede em Santana do Ipanema, AL, na época.

O Boletim de Fiscalização Administrativa, referente ao material bélico retirado do depósito/almoxarifado, para ser usado no ataque da tropa ao acampamento dos cangaceiros na “Grota do Riacho Angicos”, descreve o seguinte, transcrição na íntegra:

“FISCALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA – 1 – Descarga: Sejam descarregados da carga geral deste Regimento e carga do II Batalhão, 1 carregador para F.M.H., 2.377 cartuchos para fuzil mauser, modelo 1908, 15 cartuchos 1895 e 380 cartuchos para pistola “Bergmann e Royal”, 9m/m.

2. Recolhimento de arma: Recolha-se ao Almoxarifado deste Regimento para os devidos fins, o F.M.H. do II Batalhão e pertencente a volante que se achava em repressão ao banditismo no dia 10 do corrente mês. Of. Nº 65 de 24/VIII/1938, do Sr. Coronel José Lucena de Albuquerque Maranhão, comandante do II Batalhão.

(Nota: I – O II Batalhão de Regimento Militar, sede em Santana do Ipanema-AL).

(Nota: II – O material (munição) acima, foi gasto na refrega com a morte de “Lampeão”, Maria Bonita e mais 10 (dez) cangaceiros).

(Nota: III – F.M.H. = Fuzil Metralhadora Hotchkiss).

(Boletim Regimental nº 192 de 29 de agosto de 1938)”

Vejam, notem, que da munição citada no referido boletim, conseguimos encontrar provas físicas e estas nos levarem a determinados locais no campo da batalha, dando a rota, posição tomada pela tropa. Também nos revelaram que uma das armas que foi retirada do almoxarifado não foi usada no ataque, pois até o presente momento não foram encontradas provas físicas, cápsulas ou cartuchos da mesma, que nos mostre sua utilização. Categoricamente o Fuzil Metralhadora Hotchkiss – F.M.H., não foi utilizado no ataque ao bando de cangaceiros naquela manhã de quinta-feira, 28 de julho de 1938. Outra referência, ou a falta desta, que nos chama atenção no BM é a falta da data em que foi dada a ‘saída’ do material bélico do almoxarifado do II Batalhão, contando apenas as datas do “Recolhimento de arma”, 24 de agosto de 1938, vinte e sete dias depois do ataque, e a da emissão do mesmo, 29 de agosto de 1938, trinta e dois dias depois da hecatombe.

No projeto/pesquisa registramos as coordenadas de onde se encontravam os resquícios histórias, cápsulas, fragmentos e bolotas de munição ficando assim o solo, Meio Ambiente, livre desse material altamente poluidor, contaminador, porém, registrados de onde estavam mostrando a colocação das partes em conflitos, volantes e cangaceiros. Nossa meta é resgatar a historiografia dos fatos, sem criarmos, inventarmos ou fantasiarmos fatos, atos ou lugares para chamarmos a atenção.

Acreditamos que, aqueles que se dizem preservadores de locais históricos, deveriam promover projetos para que as casas, taperas e outros lugares como currais, cruzes, jazigos e monumentos da época dos conflitos entre volantes e cangaceiros no tempo do cangaço ser preservados e/ou restaurados, quando se fizerem necessário, devido à degradação imposta pelo tempo. Pois, são provas de um passado sangrento sem, no entanto, causarem poluição ao meio ambiente.

Nosso trabalho não findou. Pelo contrário, iniciou-se uma nova etapa em que se torna lento, calculado e necessita de análises de estudos detalhados quanto às datas das munições, pois essas podem nos levar diretamente àqueles que as usaram no conflito. E o resultado estará disponível aos pesquisadores/historiadores, assim como, e principalmente, à direção do Monumento Natural Grota de Angico, para ampliarem seus dados históricos podendo, num futuro próximo, registrar com placas os lugares, detalhando armas, munição e quem estava em determinado local. Ou mesmo junto aos monumentos homenagens, placas e cruzes, ser instalado placas com croquis referenciando posicionamentos, armas portadas, munição usada e lugares dos conflitantes.Acabando de uma vez por todas com fantasias, suposições, mistérios e/ou mentiras sobre a história.

Não somos dono da verdade, porém, nossa batalha é sempre em busca dela.


Equipe da “II Expedição Grota de Angicos” – julho/2018
Cristiano Ferraz e Giovane Gomes de Sá – Floresta – PE; Lourinaldo Teles – Calumbí – PE, José Lopes Tavares e João Carlos – Recife – PE; Richard Pereira – Serra Talhada – PE; Maria Oliveira – Poço Redondo – SE; Isaque Santana – Itabaiana – SE; Vaneildo Bispo – Canindé do São Francisco; Sálvio Siqueira – São José do Egito – PE; Romilson Santos Ferreira – Aracajú – SE; Geanderson Lacerda - Petrolina – PE; Luciano Costa – Nossa Senhora das Dores - SE


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