O
soldado Hans Konrad Shuman pula a cerca de arame arriscando sua vida. Apenas
três dias antes da construção do Muro de Berlim, em agosto de 1961, os
militares fugiam da Alemanha Oriental para a Alemanha Ocidental. O fotógrafo
Peter Leibing capturou a incrível façanha. FOTO: © Chronos Media GmbH – Getty Images / Peter Leibing Conrad Schumann foi um soldado da Alemanha Oriental que foi destacado para
controlar a linha divisória na rua Bernauer, marcada por arames farpados, pois
o Muro de Berlim ainda não estava pronto. Tornou-se famoso em 15 de agosto de 1961 quando pulou a cerca que dividia o
país e que daria origem ao Muro de Berlim nos tempos da Guerra Fria. Sua foto
saltando a cerca correu o mundo. Schumann, aos 56 anos, sofrendo de depressão,
enforcou-se no jardim de sua casa em Kipfenberg, na Baviera.
Durante 28
anos, de 1961 a 1989, a população de Berlim, ex-capital do Reich alemão, com
mais de três milhões de pessoas, padeceu uma experiência ímpar na história
moderna: viu a cidade ser dividida por um imenso muro. Situação de verdadeira
esquizofrenia geopolítica que cortou-a em duas partes, cada uma delas governada
por regimes politicos ideologicamente inimigos. Abominação provocada pela
guerra fria, a grosseira parede foi durante aqueles anos todos o símbolo da
rivalidade entre Leste e Oeste, e, também, um atestado do fracasso do
socialismo real em manter-se como um sistema atraente para a maioria da
população alemã.
Soldados
construindo o Muro de Berlim instruídos pelas autoridades da Alemanha Oriental,
a fim de fortalecer as barreiras existentes que dividem Berlim Oriental e
Ocidental. 1961. - FOTO: © Keystone/Getty Images
Na manhã bem
cedo do dia 13 de agosto de 1961, a população de Berlim, próxima à linha que separava
a cidade em duas partes, foi despertada por barulhos estranhos, exagerados. Ao
abrirem suas janelas, depararam-se com um inusitado movimento nas ruas a sua
frente. Vários Vopos, os milicianos da RDA (República Democrática da Alemanha),
a Alemanha comunista, com seus uniformes verde-ruço, acompanhados por patrulhas
armadas, estendiam de um poste a outro um interminável arame farpado que
alongou-se, nos meses seguintes, por 37 quilômetros adentro da zona residencial
da cidade.
Em
um dia em que o Muro de Berlim estava aberto, vários alemães ocidentais esperam
que amigos e parentes cheguem do outro lado. - FOTO: © Three Lions/Getty Images
Enquanto isso,
atrás deles, trabalhadores desembarcavam dos caminhões descarregando tijolos,
blocos de concreto e sacos de cimento. Ao tempo em que algum deles feriam o
duro solo com picaretas e britadeiras, outros começavam a preparar a argamassa.
Assim, do nada, começou a brotar um muro, o pavoroso Mauer, como o chamavam os
alemães.
Duas
mães só podem acenar para seus filhos e netos que estão em Berlim Oriental . - FOTO: © Keystone/Getty Images
Berlim fora
conquistada pelo Exército Vermelho em maio de 1945. De comum acordo, acertado
pelo tratado de Yalta e confirmado pelo de Potsdam, entre 1944-45, não
importando quem colocasse a bota ou a lagarta do tanque por primeiro na capital
do III Reich, comprometia-se a dividi-la com os demais aliados. Desta maneira,
apesar dos soviéticos tomarem antes a cidade, e também um expressivo território
ao seu redor, tiveram que ceder o lado ocidental dela para os três outros
membros da Grande Aliança, vitoriosa em 1945.
Policiais
de Berlim Ocidental e a Volkspolizei da Alemanha Oriental se enfrentam na
fronteira em Berlim - FOTO: © Three Lions/Hulton Archive/Getty Images
Assim Berlim
viu-se administrada, a partir de 8 de maio de 1945, em quatro setores: o russo,
majoritário, o americano, o inglês e o francês. Com o azedar da relação entre
os vencedores, em 1948 as quatro zonas reduziram-se a duas: a soviética e a
ocidental. Em seguida, Stalin decidiu-se por um bloqueio total contra a cidade
em represália ao Plano Marshall, que visava promover o reerguimento econômico
da Europa destroçada pela guerra.
Homem
capturrado ao tentar atravessar a fronteira de Berlim - FOTO: © Central Press/Hulton Archive/Getty Images.
Todas as estradas de rodagem e de ferro que
ligavam Berlim com a Alemanha Ocidental foram então fechadas pelos soviéticos,
na tentativa de fazer com que os aliados ocidentais desistissem da sua parte na
cidade. Ou saíam ou os berlinenses morreriam de fome e frio.
CRÉDITOS:
Profº: Voltaire Schilling – RS
http://bogdomendesemendes.blogspot.com
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