Clerisvaldo B. Chagas, 29 de novembro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.017
O mês dos ventos vai chegando ao fim rompendo forte. Vem o sol, vem à chuva, embaça a neblina, sobe o nevoeiro. E no cair da tarde sopra na brisa leve o nome de Expedita, minha querida babá por certo tempo. Revejo o passado ouvindo sem ouvir o som do Guerreiro que norteava o bailado das folclóricas dançarinas, cadenciado pelo mestre invisível:
(FOTO: AGÊNCIA ALAGOAS/DIVULGAÇÃO). |
“O avião
Subiu
Se alevantou
No ar se peneirou
Pegou fogo e levou fim...”
A rede vermelha rangia para lá e para cá, embalando meus sonhos de criança. Expedita, mulher alta, bonita, bem feita e educadíssima, não cansava a voz, entre um pigarro e outro. Era figura de Guerreiro e sabia com sua voz agradável também guerrear a minha alma. Plantava os pés no chão e no espaço pequeno fazia-me calado a escutar:
“Ia passando
Com um cacho de uva
Uma viúva pediu pra comprar
Olhei pra ela
Com olhar penarioso
Espiei só tinha ouro
Dentro da boquinha dela...”
E a minha babá, tão bela e tão doce, cativava a minha inocência dentro do humano e das tradições que se aninhavam na Rua Antônio Tavares. Papai no trabalho, mamãe na feira dos sábados somente meus e de Expedita:
“Sou devoto
De Nossa Senhora
Sou alagoano
Onde o Guerreiro mora...”
Ah, Expedita! Você floriu minha existência.
Onde andará Expedita?
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