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segunda-feira, 15 de abril de 2019

LAMPIÃO, CORISCO E PIRANHAS

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de abril de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.091

Euclides Malta (centro chapéu branco). Foto: 2017. Ticianeli/Personalidades.

Até mais ou menos 1936, em Alagoas, Mata Grande (região serrana) era evidência no mundo sertanejo. Essa evidência vinha desde antes do início do século com a família Malta no poder estadual. Piranhas, às margens do rio São Francisco, também se destacava pela estrada de ferro Piranhas, AL – Jatobá, PE, construída entre 1881 e 1883. Praticamente Santana do Ipanema era isolada de Piranhas, cujo trajeto teria que ser feito através de Mata Grande. Nos últimos dois anos antes da hecatombe de Angicos, Lampião fixou-se em uma faixa do São Francisco entre Alagoas e Sergipe onde passou de nômade a sedentário.

O grosso do bando de Virgulino servia de guarda-chuva para Corisco que gostava de atuar independente com um grupo pequeno e que nas horas de precisão, juntava-se ao chefe geral.
Apesar do ataque a Piranhas comandado por Corisco e rechaçado pela bravura da população, tempos atrás, quando morrera o cangaceiro Gato, o bando continuava na região. Mesmo após a chegada do Batalhão em Santana do Ipanema, sede de todas as volantes, em 1936, a caterva continuava entre Alagoas e Sergipe. A região de Piranhas passou a ser muito perigosa pelos seguintes motivos: 1. A permanência prolongadíssima de Lampião no trecho entre os dois estados. 2. A truculência natural das forças, notadamente das volantes de João Bezerra e Aniceto. 3. O apoio coiteiro político sergipano e alagoano. 4. O liame Bezerra/Lampião entre jogatinas e buchadas. 5. As incursões de subgrupos pela região sanfranciscana, serrana e planuras até a fronteira com Pernambuco.
Vez em quando Lampião levantava acampamento e partia para lugares onde fizera estágio com os Porcino e habitara em sua fase inicial entre o trabalho e as estripulias. Retornava depois às malocas marginais do “Velho Chico”. Tinha uma confiança cega em Pedro de Cândido e jogava pesado na espionagem e nos comandantes venais das forças.
Somente depois dos apertos de cima e da determinação inflexível de Lucena, o mundo acabou-se para o bandido. 60 dias para o governador dá conta de Virgulino. 30 dias para Lucena Maranhão acabar com o banditismo. Lucena: “quero a cabeça de Lampião em 15 dias”.
Sejam entregues as cabeças... Cumpram-se.
  


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