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terça-feira, 14 de maio de 2019

GRUPO POBRE, ESQUECIDO E RESISTENTE



Clerisvaldo B. Chagas, 14 de maio de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.110

GRUPO. (FOTO: B. CHAGAS).
No tempo da ditadura militar, chegou água encanada do rio São Francisco em Santana do Ipanema, Alagoas. No mesmo ano (1966) eram erguidas oitenta residências e um grupo em terreno vendido ao governo pelo proprietário Zezito Tenório. As casas foram construídas com financiamento do BNH – Banco Nacional da Habitação. E o lugar que era apenas uma plantação de agave, passou a ser denominado COHAB. Anos depois, como surgiu outro empreendimento semelhante, o primeiro recebeu pelo povo da época e até os presentes dias o título de COHAB Velha. O grupo, acanhado e solitário abrigou a garotada do entorno. Com a expansão da área foi criado o Bairro São José, desmembrado do grande Camoxinga.
GRUPO. (FOTO: B. CHAGAS).
Hoje, três escolas são vizinhas, sendo uma particular, uma municipal e outra do estado. O antigo grupo da COHAB Velha, completando seus 53 anos, passou todos os tipos de vexames. Sempre sem recurso, esquecido e discriminado, já foi sede de associação e motivo de disputas políticas locais. Ora aberto, ora fechado, numa pobreza que só vendo, vai resistindo como uma pessoa difícil de morrer. Situado na esquina de uma quadra, tem à frente e ao lado esquerdo ruas estreitas. No lado direito, as ruínas de um casarão abandonado que antes abrigou menores e uma antiga praça que volta a formar lixão; aos fundos, com o moderno posto de saúde – num contraste imenso – e que ainda nem foi inaugurado.
Você apostaria no futuro do grupo da COHAB? Quando chegará um socorro total para transformá-lo em algo novo, útil e belo? Ou quando acontecerá seu último suspiro, tal qual a casa do cônego Bulhões, da igreja de São João e do Fomento Agrícola? A própria construção da chamada COHAB velha, já iniciou troncha. O projeto para 100 casas contemplou apenas 80 e, se o amigo indagar o motivo, iremos gaguejar sem noção de resposta firme.
Você não encontra o nome do grupo. Nome para quê? Na época da construção recebeu o título de Grupo General Batista Tubino, o mesmo título da ponte sobre o rio Ipanema do homem que governava Alagoas como interventor. E se isso consola, a placa de inauguração da ponte também foi roubada por vândalos.
Parabéns, grupo da COHAB, pelos 53 anos de resistência... E de humilhação.


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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