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quinta-feira, 5 de setembro de 2019

ENFRENTANDO À ZOADINHA

Clerisvaldo B. Chagas, 5 de setembro de 2019
Escritor símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.176

        Quieto como mãe-da-lua, fico só escutando a zoadinha do ferrão de arraia. Eita mangangá medonho! Cadeira de dentista não é divertimento. Mas a profissional vai tentando cobrir os ruídos cantarolando para relaxar o paciente. Não tem como não lembrar o Dr. Adelson Isaac de Miranda, lá de Santana do Ipanema. Primeiro dentista que conheci e que passava músicas clássicas na hora do trabalho, Adelson também assoviava ou cantarolava para embalar o da cadeira. E ali, na Praça Sergipe, em Maceió, sempre experimentando as mesmas sensações da primeira vez. Ainda bem que a dentista é extrovertida e mão de seda. Mesmo assim, a pressa que tenho em iniciar é a mesma que tenho para o final. Ai, ai... É melhor enfrentar o batente do que ficar sem dente.

PRAÇA SERGIPE. (FOTO: VIVA REAL).

Quando será que iremos ficar livres da broca do dentista? Sai à notícia da mistura do gel chinês. Mistura de elementos que restaura os dentes sem a zoadinha. Ah! Pode ser o grosso, mas o fino continuará com a maquininha broca, fala e ri a mulher de branco. Eu já estou no futuro e se o futuro não deixa a zoadinha, temos que enfrentá-la, então, sem covardia, compadre! Mas o consultório também faz lembrar as tiradas de Lampião que admirava e não matava dentistas. A explicação é dele mesmo, o chefe cangaceiro que assombrou o Nordeste: “imagine o sujeito livrar um cristão de uma dor de dente da peste, esse merece tudo”. Mesmo que as palavras não tenham sido exatamente estas, mas foram semelhantes. Não foi só uma vez que Lampião foi atendido por dentistas em cidades e na caatinga.
Mas como pesquisador está sempre atento ao que lhe interessa, tento bater uma foto de um dos antigos pontos de referências de Maceió. Deixo para a volta, mas a pressa, por isso ou por aquilo, não deixa. Trata-se da Praça Sergipe, inaugurada, amiga, em 1939. Retornarei à praça e suas imediações e por certo aumentarei o acervo fotográfico com esse ponto histórico da capital.
Passa um casal conversando e o homem diz a companheira: “Quando eu penso na dor fila da puta com o último dentista, estou correndo deles”
Sinto riso por fora e gargalhada por dentro.
Ô lapa de cabra mole.


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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