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terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

LAMPIÃO NA CABEÇA DE LUCIANA SANDRONI



Com uma arma apontada para a cabeça, Helena tem que escrever a biografia de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Com o rei do cangaço, não tem brincadeira. Promessa é promessa. E deve ser cumprida a qualquer custo. Helena é a narradora de Lampião na Cabeça, primeiro livro de Luciana Sandroni pela Editora Rocco. Por meio da personagem, a premiada escritora de livros infanto-juvenis recria a controversa trajetória de Lampião – do menino tranquilo ao temido cangaceiro que entrou para a história como um homem perigoso e violento – em um livro instigante, que conta ainda com belas ilustrações e projeto gráfico assinados por André Neves.

Em suas pesquisas, Helena descobre que Virgulino foi um menino esperto e inteligente. Terceiro de nove filhos, cresceu ouvindo as histórias dos cangaceiros famosos cantadas pelos artistas populares da época e brincando de “Polícia e cangaceiro”, o equivalente ao “Polícia e ladrão” da cidade. Desde os seis anos, ajudava o pai com os carneiros e as cabras na pequena fazenda da família, e na juventude se tornou muito habilidoso na arte do couro, além de ótimo vaqueiro, excelente dançarino de xaxado e tocador de sanfona de oito baixos. Mas por que então foi se meter no cangaço?

Lampião de Mario Cravo

Virgulino virou Lampião para vingar a morte do pai, em 1921. As rixas entras as famílias eram muito comuns na época e a justiça era feira “aqui e agora”. Uma vingança puxa outra e... Virgulino nunca mais deixou de ser Lampião. Atuou no cangaço dos 19 aos 41 anos, tornando-se o bandido mais importante do século XX. Eternizou a imagem do cangaceiro – chapéu de couro com a aba virada para cima enfeitada com moedas de ouro, as cartucheiras se cruzando no peito – e até hoje é amado e odiado.

Se Lampião foi uma espécie de Robin-Hood do sertão ou apenas um cabra da peste egoísta e sanguinário que espalhava o medo e a opressão pelos povoados onde passava, até hoje há controvérsias. Mas que sua história é fascinante, quanto a isso não resta dúvida. É justamente essa história aberta a várias interpretações que Luciana Sandroni conta no arretado Lampião na cabeça. Com uma narrativa criativa, que mistura ficção e dados reais e reflete ainda sobre o papel do escritor, a autora mostra que toda história pode ser contada de várias maneiras. E é bom não se esquecer disso, senão o couro vai comer!

Fonte:http://bemolariaramos.blogspot.com.br


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