Por João Filho de Paula Pessoa
Lampião e seu bando, após um combate em Nazaré do Pico em 1926, cercaram a
fazenda Serra Vermelha de Zé Nogueira com quem tinham uma inimizade antiga. Zé
Nogueira estava na roça cuidando de seu plantio e recebeu o recado de que uma
Força Volante estava em sua casa lhe aguardando. Encaminhou-se então para lá,
quando se aproximou percebeu que na verdade tratava-se de Lampião acompanhado
por uns quarenta cabras, mas era tarde para correr e continuou andando em
frente.
Ao chegar foi inquirido e desafiado bastante por Lampião sobre suas
pendengas antigas, a conversa foi tensa e nervosa, mas após algumas humilhações
Lampião percebeu que aquele homem estava velho, cansado pela asma e sem saúde e
decidiu por não matá-lo, liberando-o e mandando o bando se agrupar para sair,
quando inesperadamente ouve um tiro, e ao olhar para trás ver Zé Nogueira caído
debruço com um tiro nas costas efetuado por Antônio Ferreira, seu irmão mais
velho, que naquele momento calçava as alpercatas do falecido.
Lampião irritado reclamou com seu irmão, em uma breve e ríspida discussão,
argumentando que aquele homem já estava velho e doente, já quase morto, que não
tinha necessidade daquela morte.
Mas Antônio Ferreira rancoroso, vingativo e
carrancudo como sempre, disse que agora era tarde, pois já o tinha matado e
pronto, não tinha mais volta. Lampião sem disfarçar sua chateação, tolerou a
desobediência de seu irmão mais velho sem maiores desdobramentos e seguiram em
frente, deixando para trás um velho desafeto morto e descalço.
João Filho de
Paula Pessoa, Fortaleza/Ce. 16/01/2020.
Na Foto:
Virgulino Ferreira e Antônio Ferreira.
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