Por Valquiria Velasco Graduada em História (UVA-RJ, 2014).
Cangaceiros do bando de Virgulino Lampião (centro). Foto: Benjamin Abrahão Botto.
O Cangaço manifestou-se
como fenômeno social no sertão brasileiro. Ocorrido entre o final do século XIX
e os anos de 1930 representava a insatisfação de populares, pessoas comuns que
conviviam com a injustiça social, tão grande naquele momento. De maneira
solitária ou em grupos organizados entorno de um líder, homens e mulheres
realizavam saques e usavam da violência para instaurar o terror na região do
Nordeste brasileiro, muito disso incentivado pelos proprietários de terras que
possuíam suas próprias milícias de cangaceiros.
No entanto,
aqueles que ficaram registrados na História do Cangaço foram os grupos não
miliciados, ou seja, sem nenhum incentivo ou apadrinhamento. Viviam de seus
saques e de doações realizadas por aqueles que se interessavam pela proteção
que esses bandidos poderiam realizar.
O Termo
cangaço faz referência ao esqueleto do boi morto no sertão pela fome, o uso da
cartucheira, bolsa a tira colo ressaltava suas costelas proeminentes o que
poderia ser sido origem para o nome. Em versão mais comum o nome deriva também
do uso da bolsa, porém por lembrar a forma de arreio dos bois na roça, por
sobre os ombros e lhes conferindo um sobrepeso nos ombros.
Normalmente
antes de surgir o nome desponta-se o fenômeno, não foi diferente no caso dos
cangaceiros. Já no fim do século XVIII a ação do banditismo no
nordeste brasileira já se apresentava. Cabeleira (José Gomes), ficou
conhecido como o primeiro a ter uma atitude do que viria a ser chamado de
cangaço. De forma solitária na metade do século XVIII aterrorizava o sertão do
Recife.
Em organização
de grupo temos o líder Jesuíno Brilhante (Jesuíno Alves de Melo
Calado). Nascido em família aristocrática tornou-se bandoleiro em 1871 após seu
irmão ser humilhado diante da cidade. Considerado um “Cangaceiro Romântico”,
tinha atitude diferente dos cangaceiros do século XIX e XX. Era amado pela
população humilde por roubar dos coronéis e distribuir aos mais pobres. Morreu
com dois tiros na região do Brejo da Cruz, Paraíba.
Mas sem
dúvidas aquele que se torna exemplo máximo do movimento cangaceiro é Lampião (Virgulino
Ferreira da Silva). Sua importância é tão notória que recebe a alcunha de Rei do
Cangaço. Seu grupo atua nas décadas de 1920 e 1930 em praticamente todo o
nordeste brasileiro. Os relatos deixados sobre Lampião são de uma figura
contraditória. Entre as autoridades policiais Lampião era um homem cruel e
sedento de sangue, enquanto para a população nordestina uma espécie de herói,
bravo, honrado e corajoso.
A verdade é
que Lampião impõe o medo aos latifundiários nordestinos que por ordem do
Presidente Getúlio
Vargas levantam uma verdadeira guerra ao seu bando, e após anos de
perseguições dão fim ao Rei do Cangaço em 1938. Ele e seu bando são degolados e
tem suas cabeças expostas em praça pública para que servissem de exemplo aos
demais grupos. De fato o ocorrido com Lampião resulta em uma debandada geral
dos demais grupos cangaceiros que passam a se entregar as autoridades. O ultimo
grupo a ser desarticulado foi o de Corisco (Cristiano Gomes da Silva
Cleto) morto em 1940.
Bibliografia:
ARAÚJO,
Bernardo Goytacazes. A Instabilidade Política na Primeira República Brasileira.
Juiz de Fora: Ibérica. 2009.
FAUSTO, Boris.
História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo. 1995.
JASMIN, Élise,
Cangaceiros. Ed. Terceiro Nome, São Paulo, 2006.
LINHARES,
Maria Yedda (ORG.). História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000.
NONATO,
Raimundo, Jesuíno Brilhante, o cangaceiro romântico. Mossoró: Fund. Vingt-un
Rosado, 2000.
Texto
originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/cangaceiros/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário