Seguidores

quinta-feira, 7 de maio de 2020

A MALDADE E O BOM CANGACEIRO.

João Filho de Paula Pessoa

Em 1933, o cangaceiro Baliza foi preso quando estava descansando à beira de um barreiro, por uma volante comandada pelo Cabo Justiniano, que seguindo os devidos protocolos o prendeu, resguardou sua vida, o levou à delegacia do povoado mais próximo e comunicou a prisão à seu comando, que lhe ordenou que escoltasse o cangaceiro até a cidade de Santo Antônio da Glória e assim o cabo procedeu, com seu pequeno contingente. Baliza era conhecido no bando por ser uma boa pessoa, era considerado medroso, não gostava de usar armas e não participava dos combates pois costumava se esconder nestas horas, não matava, nem praticava maldades. Se ocupava mais em cozinhar para o bando do que em guerrear, era considerado bondoso e afeminado pelos demais cangaceiros. Quando a pequena tropa caminhava pelo sertão em duas pequenas filas de soldados com o cangaceiro Baliza escoltado ao centro, encontraram-se com outra volante comandada pelo Tenente Ladislau Reis, que tinha o apelido de Santinho e era conhecido por sua crueldade e sadismo, punha medo em todos que sabiam de sua fama. Ao ver aquele cortejo de escolta de um cangaceiro, Santinho aborda aquela outra volante e ordena ao cabo que lhe entregue o prisioneiro, pois ele mesmo o levaria. Por ter a patente mais alta foi obedecido, recebeu o prisioneiro e dispensou a volante do cabo, que se retirou. Quase que imediatamente ordenou à sua tropa que iniciasse a sessão de tortura e espancamento contra o prisioneiro, que ocorreu da forma mais violenta e perversa possível, com utilização de murros, chutes, pauladas, pedras, punhais e peixeiras e, antes que Baliza morresse foi pendurado de cabeça para baixo pelos tornozelos numa árvore, foi feita uma fogueira em baixo, bem perto de sua cabeça e ateado o fogo pelo próprio Santinho, que assistiu calmamente àquele corpo se debater e se contorcer aos berros horripilantes de dores e desespero com a exalação de grande fedor de cabelos e pele queimados, até que parasse de se debater por completo, após cortou a cabeça ainda quente do cangaceiro, deixando seu corpo daquela forma, pendurado e decapitado, para a natureza se encarregar, levando consigo aquele o hediondo e covarde troféu da cabeça do prisioneiro. 

João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce.) 12/02/2020.


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário