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sexta-feira, 24 de março de 2023

O CANGAÇO ERA COMO SE FOSSE UMA EMPRESA, MESMO SENDO DO MAL.

 Por José Mendes Pereira

Bando de cangaceiros da "Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia. 

Amigo leitor, primeiro, desculpa-me por eu ter registrado em minha pobre e louca mente este nome de fantasia da central administrativa dos coitos de Lampião pela caatinga nordestina, "Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia.". É somente para enfeitar mais os nossos estudos  sobre o movimento social dos cangaceiros. 

Não é na intenção de bater palmas pelo que aconteceu, mas para levar ao conhecimento de muitos brasileiros, principalmente do nordeste, o que ocorreu no final do século XIX, estendendo-se até 25 de maio do ano 1940, do século XX, quando foram pegos e baleados os últimos cangaceiros, Corisco e sua companheira Dadá, além de alguns marginais  que ainda estavam ativamente na caatinga com eles. 

A gente sabe que existem pessoas que protestam muito sobre nós, porque gostamos de estudar o cangaço, mas apenas estudamos, ninguém, até hoje, que eu tenha conhecimento, fez nada de errado, só porque gosta deste tema tão lido por aqueles que acham o assunto interessante.

Veja bem, nós somos amantes da bíblia, e lá foi escrito tudo que fizeram com Jesus Cristo, e por que a gente lê a bíblia, se nela diz que os carrascos judiaram tanto com Jesus, que findaram o matando? Então não há nada para reclamar. Mas cada um pensa do seu jeito, e nós não podemos dizer nada.

Não resta dúvida, era uma empresa sim (com poucas diferenças), com marginais contratados para atuarem nas diligências de extorsões, outros eram encarregados de espionarem à região. Tinham secretários dos reis. Existiam os cangaceiros que tinham o papel de cobrarem dívidas de fazendeiros que prometiam e não cumpriam com o acordo, Tinham cangaceiros que as suas funções eram justarem invasões e tudo mais. Alguns faziam o papel de sentinelas dos grupos...   

Tem gente que ainda pensa que cangaço era um movimento social desorganizado. Mas se engana! Apesar de ter sido um movimento que não construía nada, e só fazia horrores, destruições e mortes, tanto era organizado como existia respeito entre chefe e subordinados. Inclusive, os homens respeitavam as mulheres que com eles conviviam. É claro que onde vive muita gente, sempre existe alguém que não se afina com outro. Mas qualquer discussão  que surgisse dentro dos bandos, era de imediatamente apaziguada através do chefe do subgrupo, ou pelo chefe geral, no caso, o rei e capitão Lampião. 

Não fica pensando que isso é uma invenção minha, mas dita por quem pesquisou na fonte, como se comportavam os grupos de facínoras que atuavam no mundo do crime,  assaltos e invasões, além de assassinatos feitos por eles a sertanejos, até mesmo em pequenos vilarejos e cidades. 

Existia união entre eles? Sim, existia. E ali era como se todos fossem um bando de  irmãos, aliás, eram eles por eles mesmos. Lógico que alguém pagou caro no cangaço, que foi cobrado pelo seu chefe superior, foram eliminados dos grupos, mulheres foram assassinadas por não obedecerem o regime que era imposto dentro do cangaço, que não podia trair o seu companheiro. Elas sabiam muito bem como eram as leis criadas pelo capitão Lampião, ou por outros superiores dos subgrupos de cangaceiros. 

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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