Por Epitácio de Andrade Filho
O deputado Almino Affonso, organizador da POLIANTÉIA (Miscelânia de Homenagens) ALMINO AFFONSO – TRIBUNO DA ABOLIÇÃO (1998), dedicou nesta obra um capítulo à REVOLTA DOS QUEBRA-QUILOS NA PARAÍBA.
“ Onde ouvia um gemido de dor não tardava a voz de Almino Affonso”. A Revolta dos Quebra-Quilos eclodiu no Distrito de Fagundes, em Campina Grande na Paraíba, e se se espalhou pelo Nordeste.
Em outubro de 1874, o império do Brasil começava a implantar a mudança das medidas tradicionais (Braça, cuia, légua, arroba, palmo etc.) pelo sistema métrico- decimal. A resistência do povo se deveu, inicialmente, pela mudança cultural, e depois veio a revolta popular porque por trás desta inovação estava embutido um escorchante aumento de carga tributária.
Em Campina Grande, os revoltosos, liderados por João Carga D’água, destruíram pesos e medidas, atirando-os dentro do Açude Velho. Por isso, a insurreição ficou conhecida como “ A Revolta dos Quebra-Quilos”. Em 1875, no ano seguinte à eclosão do movimento, os insurretos já eram mais de 4 mil. A repressão logo chegou e, neste período, foi adotado o “Colete de Couro”, um dos mais cruéis instrumentos de tortura já inventado no Brasil. Os rebeldes foram vencidos e comprimidos nos “Coletes de Couro”, uma investidura de invenção oficial para tratear os desvalidos. Deitava-se a pele de boi a amolecer dentro d’água e depois ajustava ao corpo do infeliz, do pescoço à cinta, atando-lhe os braços e quando o couro ressecava causava dores dilacerantes.
Procedimento semelhante era realizado pelos tropeiros do Sertão para coser as cangalhas das bestas. A Revolta dos Quebra-Quilos se estendeu por 8 comarcas na Paraíba.
Já no Rio grande do Norte, Andrade Filho n’A Saga dos Limões-Negritude no Enfrentamento ao cangaço de Jesuíno Brilhante (2011), lista 12 localidades conflagradas à Revolta, quais sejam: Acari, Apodi, Baía Formosa, Barriguda (Alexandria), Currais Novos, Flores (Florânia), Jardim (Jardim do Seridó), Príncipe (Caicó), Luís Gomes, Poço Limpo, Santo Antônio e Vitória(Marcelino Vieira).
Em todos os lugares a vibrante oratória de Almino Affonso ecoou contra as injustiças da repressão aos quebra-quilos.
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