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segunda-feira, 10 de novembro de 2025

UMA DAS PIORES CRUELDADE DE LAMPIÃO COM UMA MULHER GRÁVIDA E INOCENTE ELA E SEU ESPOSO. ESSA BARBARIE ACONTECEU NO POVOADO SANTA ROSA DE LIMA NO MUNICÍPIO DE UAUÁ BAHIA. O CRIME É DE CORTAR O CORAÇÃO DE QUEM FIZER LEITURA ABAIXO. (JOANA FACÃO )

 Por Robson Rodrigues

Foto do acervo do Adelsomota

Numa de suas passagens pelo sertão da Bahia, Lampião e seu bando, vindo da região de Santa Rosa de Lima, dirigiram-se ao arraial de São Paulo, chamado de São Paulinho. O alvo era Manoel José Cardoso, um homem ativo no comércio de itens diversos pela microrregião. Conhecido inicialmente como José do Sítio do Félix, logo ficou famoso como José Félix. Era casado com Joana Epiphania dos Santos, que após o matrimônio passou a se chamar Joana Epiphania Cardoso. Aos 23 anos, por vezes também chamada de Ana Epifania, ela residia com o marido na Fazenda Flores, município de Uauá Bahia, e já tinha dois filhos pequenos, Maria Lucila e Isaías José.

Naquele abril de 1931, Joana estava grávida de oito meses daquela que viria a ser sua filha Anália. Seu marido, Manoel, tinha os movimentos limitados após um corte num dos pés. Por isso, depois de quinze dias, alguns itens de consumo estavam em falta, especialmente o sal. Além disso, um compadre do casal, João Vieira, encontrava-se doente, e entenderam ambos que deviam visitá-lo. Deslocaram-se, então, compartilhando um único cavalo, até o arraial da Fazenda São Paulo, um povoado de cerca de 15 casas e 70 pessoas, situado a 30 km ao sul de Uauá.

Entre 7 e 8 horas da manhã do dia 11 de abril, Joana conversava com a comadre quando avistou um tropel a galope e percebeu a agitação geral. Era o bando de Lampião assaltando o arraial. Elas tentaram escapar pela porta dos fundos, mas foram vistas pelos cangaceiros. Detidas e intimidadas, foram levadas para o centro da povoação.

Lampião, de posse de uma chibata, encarou as pessoas sentadas no chão. No espaço central, bateu em quase todas. Gritou furioso, afirmando querer saber quem dali avisara a polícia de Uauá, em outra ocasião, sobre a sua presença nas proximidades. "Ou dizem quem avisou, ou eu tôco fogo em tudo isso e mato todo mundo!", ameaçou.

A verdade é que, após a passagem anterior do bando, Manoel Cardoso, efetivamente inquirido pelo segundo tenente Manoel Campos de Menezes, contara o que vira. Aos ouvidos do rei do cangaço, chegou que ele teria ido à localidade especificamente para esse fim. Sabendo ser a causa do problema, Manoel levantou-se. Joana levantou-se também, foi ao seu lado segurando seu braço e apresentou-se ao cangaceiro.

"Então é você, seu Manoel...?", perguntou Lampião.

"Eu mesmo, capitão", respondeu ele, sem encarar o bandoleiro, baixando os olhos para o chão.

"Ah, temos velhas contas a ajustar. De outra feita você foi avisar os macacos da minha presença aqui. Vai ver agora como ninguém pode lhe valer, viu? Essa 'zinha' é sua mulher?"

Sem esperar resposta, Lampião virou-se para seus comandados: "Tira as roupas do traidor que eu vou ensinar os deveres!" Manoel e Joana tiveram as vestes rasgadas e arrancadas, enquanto levavam bofetadas e chutes. Em seguida, foram amarrados com cordas no pescoço e nos braços, e assentados na garupa das montarias de dois cangaceiros. Assim, desfilaram pela Vila, enquanto os bandoleiros espancavam e roubavam outros moradores.

O bando seguiu até a capelinha local, levando o casal. A eles juntou-se o Coronel José Antônio Cardoso. Lampião então determinou a seus cabras que chamassem todos os moradores para "assistir uma coisa bonita". Começaram a chegar homens, mulheres e crianças, todos conduzidos sob gritos, empurrões e coices de armas.

Lampião dirigiu-se ao casal, portando uma espingarda de caça. Disse que não gastaria boa munição com coisa tão ruim, fez pontaria e atirou em Manoel José Cardoso na altura do ouvido. O homem caiu, agonizando, e recebeu mais um disparo na boca. Percebendo que a vítima ainda estava viva, o chefe bandoleiro desembainhou seu punhal e enterrou os 75 cm de lâmina no corpo de Manoel até o cabo. Enquanto isso, as testemunhas forçadas soltavam gritos de horror.

"Morreu o bate-pau de macaco?", perguntou Lampião.

Quando se preparava para matar a mulher, o outro prisioneiro, o Coronel José Antônio Cardoso, pediu clemência. Alegou que ela não tinha ligação com os atos do marido, estava grávida e tinha dois filhos pequenos. O chefe cangaceiro aceitou poupar-lhe a vida, mas veio a contraposição: "Deixa a mulher do José Félix sofrer mais um bocado, pra ver se é bom denunciar um homem de bem como o capitão!"

Irritado, Lampião agarrou Joana por um braço, forçando-a a ajoelhar. Sacou o facão afiado, cortou-lhe o cabelo e os pelos pubianos. Fez uso feroz da chibata. No início, ela gritou; depois, sangrando, sofreu em silêncio, tomada por um súbito tremor e perdendo o controle da bexiga. Lampião, afinal, empurrou-a com o pé e a derrubou no chão.

Assim, Lampião se vingou, mas insaciado, mandou retirar a cela de um burro e obrigou Joana a montar, cobrindo sua nudez apenas com o próprio sangue. Ela seguiu com imensa dificuldade, tentando manter-se sobre a montaria. Após quase 6 km, Lampião ordenou que descesse e retornasse a São Paulo, nua e a pé.

Após um tempo, Joana percebeu a aproximação de um cavaleiro e escondeu-se na mata, mas foi vista. Era o Coronel José Antônio Cardoso, que seguira o rastro do bando na esperança de ajudá-la. Ele a chamou, tirou o paletó e a envolveu com ele. Montaram no cavalo e retornaram ao povoado de São Paulinho.

Joana Epiphania Cardoso foi, em 11 de abril de 1931, vítima de algumas das piores violências. Apelidada pela população de "Joana Facão", carregou as marcas da brutalidade pelo resto da vida. Teve sua filha, Anália, e cometeu viver muito, falecendo em 15 de julho de 1996.

Por Robson Rodrigues

Fonte Foto Adelsomota Mota

Em 10 de outubro de 2025.

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