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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Padre Cícero e Floro Bartolomeu

Por: José Mendes Pereira

PADRE CÍCERO

                 Nasceu no Crato, no dia 24 de março de 1844, e faleceu no Juazeiro do Norte, no dia 20 de julho de 1934. 
                 Era filho de Joaquim Romão Batista e Joaquina Vicência Romana, conhecida como dona Quinô. Juntamente com Floro Bartolomeu da Costa, deu a patente de capitão a Lampião e de tenente a Sabino Gomes.
                Em 1865, entrou para o Seminário da Prainha, em Fortaleza e em 1870 ordenou-se padre.
               Em 1872, foi nomeado vigário de Juazeiro do Norte. Angariou fundo para a construção de uma igreja e passou a desenvolver trabalho pastoral com pregação, conselhos e visitas domiciliares. Em 1889, quando celebrava missa, a hóstia consagrada por ele sangrou na boca de uma beata chamada Maria de Araújo. As toalhas utilizadas para limpar o sangue, tornaram-se objetos de adoração. A notícia saiu de Juazeiro, e deu início a uma peregrinação feita pelos interessados nos poderes do Padre.
                Mas Padre Cícero foi desacreditado pelo Vaticano. Em 1894, recebeu castigo, com a suspensão da ordem. E por toda a vida, tentou revogar a pena. Em 1898, foi a Roma, e lá esteve com o Papa Leão XIII, que lhe concedeu indulto parcial, mas proibia de celebrar missas. Apesar da proibição, nunca deixou de celebrar missas em sua igreja em Juazeiro.
              Sentindo-se desapoiado, Padre Cícero tentou recuperar o seu o prestígio entre os fiéis para ingressar na carreira política. E em 1911, com a emancipação de Juazeiro, elegeu-se prefeito, ocupando o cargo por quinze anos.
               Engajou-se tanto nas disputas políticas entre os oligarcas cearenses, que acabou por ver-se na situação de enfrentar tropas federais, enviadas para uma intervenção.  Usou sua popularidade para convencer os fiéis a pegar em armas, e obrigou o governo federal a recuar da intervenção.
               Foi nomeado vice-governador do Ceará e eleito Deputado Federal. Mas, como não queria deixar Juazeiro, jamais exerceu nenhum desses cargos. Até sua morte, aos 90 anos, foi uma das mais expressivas figuras políticas do Estado. Após sua morte, sua fama e seus feitos foram divulgados entre as camadas populares, não raramente com certo exagero dos poetas populares. Embora ainda banido pela Igreja, tornou-se, de fato, um santo entre os sertanejos.
               No final do século 20, o Papa Bento XVI, quando ainda era Cardeal e prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, em Roma, propôs um estudo sobre o Padre Cícero com a finalidade de possivelmente, reabilitá-lo perante a Igreja Católica e, eventualmente, beatificá-lo.
              Alguns afirmam que o Padre Cícero armou Lampião para continuar fazendo as suas maldades. Mas, a intenção de Padre Cícero não era maldosa. Era que Lampião se sentisse honrado, e deixasse o cangaço de uma vez por toda.

FLORO BARTOLOMEU 

               Nasceu no dia 17 de agosto de 1876, em Salvador-BA. Faleceu no dia 08 de março de 1926 no Rio de Janeiro.
               Filho de Virgílio Bartolomeu da Costa e Dona Carolina Costa. Recebeu ordem do presidente da república, Artur Bernardes para patentear Lampião a capitão e Sabino Gomes a tenente.
               Era médico pela
               Em 1912, Marcos Franco Rabelo foi nomeado interventor do Ceará pelo presidente Hermes da Fonseca. Assim que assumiu o governo estadual, tratou de minar o poder de Padre Cícero, destituindo-o da prefeitura de Juazeiro do Norte e ordenando sua prisão. Floro, então, convocou os romeiros a se juntarem a seus jagunços com o intuito de defender Padre Cícero. Enquanto isso, Floro no Rio de Janeiro conseguiu o apoio do senador Pinheiro Machado.
              A tropa juazeirense evitou a entrada das forças policiais de Franco Rabelo em Juazeiro e, em seguida, partiram para Fortaleza, para derrubar o governador. Com o apoio de Pinheiro Machado, Franco Rabelo foi deposto e Floro eleito deputado estadual, ocasião em que exerceu a presidência da Assembleia Legislativa. A revolta ficou conhecida como sedição de Juazeiro.
              Em 1921, surgiu um boato de que os habitantes do Sítio Baixa Dantas estavam venerando um boi de Padre Cícero como a um Deus. Para contornar a situação, Floro Bartolomeu ordenou que o boi fosse morto e o beato José Lourenço, líder do sítio, fosse preso.
              Em 1925, o presidente da República, Arthur Bernardes, encarregou Floro, na época, deputado federal, de defender o Ceará dos ataques da coluna Prestes. Algum tempo depois da formação do batalhão, se espalhou a notícia de que a coluna Prestes tinha entrado em confronto com Lampião, em Pernambuco.
              Ao tomar conhecimento disso, Floro, usando o nome de Padre Cícero, convidou o cangaceiro a se incorporar ao Batalhão Patriótico para combater Prestes.
Lampião aceitou o convite e partiu para Juazeiro. Mas não encontrou Floro, que havia viajado para o Rio de Janeiro por motivos de saúde.  Ao encontrar Lampião e seu bando, Padre Cícero os aconselhou a abandonarem o cangaço e lhes deu rosários de presente, com a condição de que só usassem depois que abandonassem o cangaço.           


Faculdade de Medicina da Bahia, formando-se no ano de 1904. Foi para o Ceará no ano de 1908, na ambição da mina de cobre de Coaxá, em Aurora. Fixou moradia em Juazeiro do Norte, comprou farmácia e passou a atender a população, como médico e rábula, tornando-se amigo do padre Cícero, que o convenceu a ingressar na política.     

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