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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O cangaceiro Jararaca e Rodolfo Fernandes

Por José Mendes Pereira

José Leite de Santana, o Jararaca, nasceu no dia 05-05-1901 em Pajeú das Flores, no Estado de Pernambuco (terra do Sinhô Pereira), e faleceu no dia 18-06-1927.

Era um homem forte, de estatura mediana, moreno-escuro e muito violento. De comportamento absurdo, obrigando-se a fugir de sua cidade, indo para Maceió, Alagoas. Foi covardemente assassinado em nossa Mossoró, no dia 18 de junho de 1927, cinco dias depois da invasão de Lampião.

Com medo da jararaca humana se soltar, ou mesmo Lampião voltar à cidade para resgatá-la, os policiais resolveram covardemente assassiná-la. Em sua opinião leitor, qual é o apelido mais apropriado para os executores da fera humana?

É claro que não devemos deixar de elogiar os bravos homens que defenderam Mossoró do ataque de Lampião. Mas também não devemos dizer que Mossoró foi uma grande heroína. Qual é a razão finalmente? Heroína desse jeito?

O que vemos nos depoimentos que foram dados aos repórteres, por pessoas que estavam presentes na noite que fizeram a “covarde chacina à Jararaca”, é que o cangaceiro foi desprezado e brutalmente assassinado. Ainda comentam que ele foi enterrado vivo. Uma justificativa para que possamos defender o bandido, é que ele estava algemado, baleado, faminto e muito doente.

Existe um dito popular que diz: “não se mata homem deitado e nem amarrado”.  Imagine bem o sofrimento deste homem, quando viu que estava chegando a um lugar que jamais sairia dali vivo. Sem defesa e sem proteção de Deus. E principalmente sendo justiçado pelo homem que não sabe fazer justiça.

Será que o marginal Elias Maluco, assassinou o repórter Tim Lopes, copiando o que os policiais de Mossoró fizeram com Jararaca?

Outra perversidade foi o desprezo que deram ao cangaceiro. Não chamaram um médico, e nenhum comprimido foi dado ao marginal, para que ele se sentisse aliviado das dores causada pela bala, que perfurou o seu peito e caminhou rasgando o pulmão. Isso, se ver claramente na foto que foi tirada no momento em que ele estava na cadeia.

Desculpa-me minha linda Mossoró! Mas você não deve se gloriar dos absurdos feitos dos teus filhos.  Eu sei que você não tem culpa dos erros cometidos por eles. Mas essa prática violenta está sendo abominada pelos teus netos, e será sempre pelos teus bisnetos, trinetos e futuras gerações.

Um cadáver pede mais uma chance para continuar repousando no Cemitério São Sebastião em Mossoró 

Rodolfo Fernandes de Oliveira que no dia 13 de junho de 1927, era prefeito de Mossoró, foi o idealizador da resistência contra o bando de Lampião que tentou invadir a cidade. E infelizmente existe um grande desprezo ao nosso herói.  Até mesmo o túmulo do ex-prefeito, lá no cemitério São Sebastião, está totalmente deteriorado, necessitando de uma limpeza urgente. A Prefeitura Municipal de Mossoró deve mandar gravar o seu nome, data de nascimento e falecimento, cujos, não se encontram para pesquisas. Limpar pedras, placas e colunas que sustentam a cobertura que protege o seu busto. Um homem que organizou um batalhão de resistentes civis contra o bando de Lampião, hoje é simplesmente um cadáver que repousa em seu túmulo desmoronado. 

Infelizmente Rodolfo Fernandes de Oliveira faleceu duas vezes em Mossoró. A primeira: “MORTE NATURAL”. A segunda: “DESPREZO”, por não ser lembrado na cidade em que prestou os seus serviços e combateu o perigoso bandido Lampião.

Se a Prefeitura Municipal de Mossoró não cuidar do túmulo do ex-prefeito, os seus restos mortais correrão o risco de desaparecerem do cemitério, assim como aconteceu com os de Jesuíno Brilhante, quando o médico, o Doutor Almeida Castro se responsabilizou por eles, deixando-os várias décadas no Colégio Diocesano de Mossoró, para depois fazerem parte do acervo museológico de um senhor chamado Juliano Moreira, lá no Rio de Janeiro. E por falta de responsabilidade, hoje se encontram perdidos.

Se Jesuíno Brilhante era patuense, por que não entregaram os seus restos mortais à população de Patu, como história de sua cidade?

No meu entender, a Prefeitura Municipal de Mossoró, tem como obrigação, manter no cemitério, os túmulos limpos e bem cuidados, principalmente àqueles que os familiares desprezaram por uma razão qualquer. Até porque os túmulos bem conservados ficarão mais bonitos para quem os visita.

Se Rodolfo Fernandes de Oliveira tivesse nascido no berçário “ROSADO”, seu nome estaria gravado em tudo que era de lugar. Até mesmo nas palmeiras. Como não nasceu no seio Rosadomania, seu nome desapareceu do túmulo.

Se nós analisarmos cuidadosamente, Rodolfo Fernandes de Oliveira morreu para sempre, no dia 16 de outubro de 1927, quatro meses depois da invasão de Lampião a Mossoró; restando apenas o seu túmulo desprezado e mal cuidado.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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