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domingo, 18 de setembro de 2011

Folhetos de Cordel...

Literatura de Cordel - Os folhetos que contam o Nordeste
Ademar Lopes Jr.

Ademar Lopes Jr. - Escritor e Jornalista

Neste artigo, o jornalista Ademar Lopes Jr. desvenda alguns segredos destes folhetos que retratam o Nordeste: suas origens, sua história e seus autores.

Inspirada na literatura francesa de colportage, nos romances e pliegos sueltos ibéricos e na própria literatura de cordel portuguesa, a nossa Literatura de Folhetos (ou de Cordel) nasceu e desenvolveu-se no nordeste brasileiro, contando as sagas e a sabedoria do povo sertanejo. Atualmente, esta manifestação popular pode ser encontrada em diversos pontos do país, sempre incentivada pelas comunidades nordestinas.

Literatura de Cordel

Os folhetos, confeccionados em sua maioria no tamanho 15 a 17cm x 11cm e, em geral, impressos em papel de baixa qualidade, tinham suas capas ilustradas com xilogravuras na década de 20, em substituição às vinhetas. Já nos anos 30 e 50, surgiam as capas com fotos de estrelas de cinema americano. Atualmente ainda mantêm o mesmo formato, embora possam ser encontrados outros maiores. Quanto à impressão, substituindo a tipografia do passado, hoje são usadas as fotocópias.

Os temas da Literatura de Cordel há muito são estudados por folcloristas, sociólogos e antropólogos, que chegam a apresentar conclusões polêmicas e algumas vezes contraditórias quanto à sua classificação. Detalhes à parte quanto às várias propostas, os folhetos se dividem entre os de assuntos descritivos e os narrativos. É no primeiro grupo que estão incluídos os folhetos de conselho, eras, corrupção, profecias e de discussão, que guardam um certo parentesco entre si por encerrarem uma mensagem moralista, freqüentemente ligada a uma ética e a uma sabedoria sertanejas.

Nessa área, multiplicam-se as histórias que trazem como pano de fundo a vida dura do campo, cheia de sofrimentos, mas alheia aos desmantelos do mundo moderno e urbano. Também se encaixam nos folhetos descritivos as pelejas entre cantadores e poetas, as personalidades da cidade e da política (muitas vezes encomendados pelos próprios políticos em época de eleições), os temas de louvação ou crítica, os religiosos cantando preceitos e virtudes católicos, as biografias ou milagres dos santos e de figuras como Padre Cícero e Frei Damião. Há ainda os de gracejos, de acontecimentos reais ou imaginários, de bravura e valentia como os feitos de Lampião, Antônio Silvino, Pedro Malazarte, entre outros.
As características gráficas e temáticas dos folhetos podem variar de acordo com o deslocamento da área de atuação do poeta que, muitas vezes, se depara com um público de concepções e comportamento diferentes aos do matuto nordestino. Exemplo disso é o cordelista Raimundo Santa Helena, tema de mestrado na UFRJ e um dos expoentes hoje da Literatura de Cordel. Paraibano radicado no Rio de Janeiro, Santa Helena mantém, em sua produção literária, o ideário e sensibilidade das composições poéticas dos folhetos nordestinos, e empenha-se, principalmente, em derrubar o mito de Virgulino Ferreira, o Lampião, que teria assassinado seu pai e violentado sua mãe em 1927.
Fonte: Dicionário Literário Paraibano. 
Ademar Lopes Jr. é jornalista e poeta, autor de Espelho, 1986; Aisthêses, 1988 e Memórias de Nosso Cantinho, 1990.


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Extraído do blog do José Cícero

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