Cada vez mais
se descobrem pessoas e fatos que elevam Paripiranga à categoria de palco
de uma das páginas mais estudadas e dolorosas do Brasil Contemporâneo: O
Cangaço.
Desta vez, a surpresa veio por conta de uma conversa com um amigo que também
pesquisa a nossa História e que revelara através de relatos orais de pessoas
que viveram nas décadas de 1920 e 1930. Catando informações aqui e ali, ficou
constatado que Paripiranga foi um pequeno celeiro dos cabras de Virgolino
e dos seus subgrupos aqui de passagem, além de ser também referência de
algumas pessoas que davam apoios chamados pelas volantes de
coiteiros.
Um
desses personagens foi o natural de Paripiranga de nome Benício Alves dos
Santos que recebeu a alcunha de Saracura. Nascido na região chamada de
Curral, perto da comunidade Maritá, divisa com os municípios de Carira
e Pinhão no estado de Sergipe.
Em
entrevista ao jornalista Joel Silveira em 1944, na Penitenciária de Salvador (BA),
Saracura conta como entrou para o bando de Virgolino e depois seguiu com Ângelo
Roque, o Labareda, que continuou juntamente com Corisco a tarefa de manter viva
a chama do Cangaço após o passamento de Lampião em 1938.
Veja a
seguir, um trecho desta conversa interessante com alguns cangaceiros sobreviventes:
O próprio
Saracura parece, agora, sair do seu sono triste. Pede a palavra e conta:
"- Posso
falar do meu caso. Peguei na espingarda quase obrigado, para eu vingar das
misérias que fizeram com meu pai. Um dia, no Coité, uma volante invadiu o nosso
sítio. Queriam á força que meu pai desse notícia dos cangaceiros, como se ele
fosse um coiteiro. O velho não sabia de nada, e então os "macacos"
começaram a supliciar o pobre: arrancaram as barbas dele, fio a fio, arrancaram
suas unhas com alicate; se o senhor pensar que estou mentindo, vá lá no Coité e
procure André Paulo Nascimento, que mora nas redondezas. É o meu pai. Ele dirá
ao senhor se estou ou não falando a verdade. Ele mostrará ao senhor o estado em
que ficaram seus dedos. E eu próprio, antes de pegar na espingarda, fui um dia
violentamente espancado na Fazenda Curral, perto do Coité. Os
"macacos" haviam dito que eu era coiteiro, mas na verdade é que, até
então, eu nunca vira um bandido na minha vida ".
Saracura me
revela mais que é casado e tem três filhos, que de vez em quando o visitam.
O
termo dito pelo cangaceiro Saracura que relaciona Coité como sua terra
está correto, pois Paripiranga antes se chamava de Patrocínio do Coité.
Como
está contida na seguinte informação tirada no WIKIPÉDIA:
Nos seus
primórdios, a povoação de Malhada Vermelha foi premiada pelo cidadão José
Antônio de Menezes, que construiu uma capela sob a invocação de Nossa Senhora
do Patrocínio, filiada à Freguesia de Nossa Senhora do Bom Conselho dos Montes
do Boqueirão. A dita capela foi elevada à categoria de freguesia pela Lei
Provincial 1 168, de 22 de maio de 1871, com o nome de Nossa Senhora do
Patrocínio do Coité.
Foi o Arraial
de Patrocínio de Coité elevado à categoria de vila pela Lei Provincial 2 553,
de 1 de maio de 1886, que criou o município de Patrocínio de Coité, com
território desmembrado do de Bom Conselho (atual Cicero Dantas), que se
instalou a 1 de fevereiro de 1888. Pelo Decreto Estadual 7 341, de 30 de março
de 1931, o município teve o seu nome mudado para Paripiranga.
Acompanhe
o vídeo abaixo que mostra relatos de Saracura, Ângelo Roque, tenente Zé Rufino
e imagens do bando de Virgolino.
Clique neste link e aprecie a entrevista do cangaceiro Saracura
http://historiaparasecontar.blogspot.com.br/2012/11/paripiranga-na-historia-o-cangaceiro.html
Fontes:
Entrevista
de Joel Silveira integra o livro "Tempo de Contar" (Editora
Record, 1986).
http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2009/10/entrevista-com-cangaceiros-na-prisao-em.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paripiranga
http://www.youtube.com/watch?v=vk1CutCJZJs
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Assim pesquisador Mendes, foram muitos os jovens das Terras Nordestinas que, por vingança ou fatos parecidos, mergulharam de CORPO E ALMA na senda do crime, logo que após o ingresso, não encontravam outra saída, conforme afirma Augusto dos Anjos: "O homem que nesta terra miserável vive entre feras, sente o desejo de também ser fera". E, ao DESEJO eu acrescentaria: E A NECESSIDADE....
ResponderExcluirAntonio Oliveira - Serrinha-Bahia