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terça-feira, 1 de abril de 2014

Paripiranga na História - 8 - O cangaceiro Saracura.


Cada vez mais se descobrem pessoas e fatos que elevam Paripiranga à  categoria de palco de uma das páginas mais estudadas e dolorosas do Brasil Contemporâneo: O Cangaço.

Desta vez, a surpresa veio por conta de uma conversa com um amigo que também pesquisa a nossa História e que revelara através de relatos orais de pessoas que viveram nas décadas de 1920 e 1930. Catando informações aqui e ali, ficou constatado que Paripiranga foi um pequeno celeiro dos cabras de Virgolino e dos seus subgrupos aqui de passagem, além de ser também referência  de algumas pessoas que davam apoios chamados pelas volantes de coiteiros.

Um desses personagens foi o natural de Paripiranga de nome Benício Alves dos Santos que recebeu a alcunha de Saracura. Nascido na região chamada de Curral, perto da comunidade Maritá, divisa com os  municípios de Carira e Pinhão no estado de Sergipe.

Em entrevista ao jornalista Joel Silveira em 1944, na Penitenciária de Salvador (BA), Saracura conta como entrou para o bando de Virgolino e depois seguiu com Ângelo Roque, o Labareda, que continuou juntamente com Corisco a tarefa de manter viva a chama do Cangaço após o passamento de Lampião em 1938.

Veja a seguir, um trecho desta conversa interessante com alguns cangaceiros sobreviventes:

O próprio Saracura parece, agora, sair do seu sono triste. Pede a palavra e conta:

"- Posso falar do meu caso. Peguei na espingarda quase obrigado, para eu vingar das misérias que fizeram com meu pai. Um dia, no Coité, uma volante invadiu o nosso sítio. Queriam á força que meu pai desse notícia dos cangaceiros, como se ele fosse um coiteiro. O velho não sabia de nada, e então os "macacos" começaram a supliciar o pobre: arrancaram as barbas dele, fio a fio, arrancaram suas unhas com alicate; se o senhor pensar que estou mentindo, vá lá no Coité e procure André Paulo Nascimento, que mora nas redondezas. É o meu pai. Ele dirá ao senhor se estou ou não falando a verdade. Ele mostrará ao senhor o estado em que ficaram seus dedos. E eu próprio, antes de pegar na espingarda, fui um dia violentamente espancado na Fazenda Curral, perto do Coité. Os "macacos" haviam dito que eu era coiteiro, mas na verdade é que, até então, eu nunca vira um bandido na minha vida ".

Saracura me revela mais que é casado e tem três filhos, que de vez em quando o visitam.

O termo dito pelo cangaceiro Saracura que relaciona Coité como sua terra está correto, pois Paripiranga antes se chamava de Patrocínio do Coité.

Como está contida na seguinte informação tirada no WIKIPÉDIA:

Nos seus primórdios, a povoação de Malhada Vermelha foi premiada pelo cidadão José Antônio de Menezes, que construiu uma capela sob a invocação de Nossa Senhora do Patrocínio, filiada à Freguesia de Nossa Senhora do Bom Conselho dos Montes do Boqueirão. A dita capela foi elevada à categoria de freguesia pela Lei Provincial 1 168, de 22 de maio de 1871, com o nome de Nossa Senhora do Patrocínio do Coité.

Foi o Arraial de Patrocínio de Coité elevado à categoria de vila pela Lei Provincial 2 553, de 1 de maio de 1886, que criou o município de Patrocínio de Coité, com território desmembrado do de Bom Conselho (atual Cicero Dantas), que se instalou a 1 de fevereiro de 1888. Pelo Decreto Estadual 7 341, de 30 de março de 1931, o município teve o seu nome mudado para Paripiranga.

Acompanhe o vídeo abaixo que mostra relatos de Saracura, Ângelo Roque, tenente Zé Rufino e imagens do bando de Virgolino. 

Clique neste link e aprecie a entrevista do cangaceiro Saracura 

http://historiaparasecontar.blogspot.com.br/2012/11/paripiranga-na-historia-o-cangaceiro.html

Fontes:

Entrevista de Joel Silveira integra o livro "Tempo de Contar" (Editora Record, 1986).

http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2009/10/entrevista-com-cangaceiros-na-prisao-em.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paripiranga 
http://www.youtube.com/watch?v=vk1CutCJZJs 

 http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Um comentário:

  1. Anônimo14:05:00

    Assim pesquisador Mendes, foram muitos os jovens das Terras Nordestinas que, por vingança ou fatos parecidos, mergulharam de CORPO E ALMA na senda do crime, logo que após o ingresso, não encontravam outra saída, conforme afirma Augusto dos Anjos: "O homem que nesta terra miserável vive entre feras, sente o desejo de também ser fera". E, ao DESEJO eu acrescentaria: E A NECESSIDADE....
    Antonio Oliveira - Serrinha-Bahia

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