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terça-feira, 1 de abril de 2014

O cerco a Lampião


Por Tâmis Parron

Depois de 18 anos de cangaço, Virgulino Ferreira da Silva já tinha levado balaços no ombro e na virilha e perdido o olho direito. Mas ninguém acreditava que Lampião morreria. Nem Joca Bernandes, que mostrou à polícia o esconderijo dele e de seu bando: a fazenda Angico, em Sergipe. 

Após a denúncia, uma equipe partiu da cidade de Piranhas (AL), para cortar a cabeça do cangaceiro.

Depois de saques, estupros, sequestros e mortes em sete Estados nordestinos, parecia que tudo conspirava para que o Rei do Cangaço morresse entre 5h e 5h30 de 28 de julho de 1938. Lampião e seu grupo dormiram no leito seco de um rio, cercados por xiquexiques e aroeiras ao fundo e encostas aos lados. Naquela madrugada, sinos amarrados em arames ao redor da toca não foram instalados. E até os cães, que costumavam latir diante de intrusos, permaneceram misteriosamente quietos.

A última batalha - Quinze minutos que silenciaram o cangaço

1. Corpo fechado

Às 5 horas, os 48 policiais se dividem em quatro grupos. O que avança pelo leito seco do rio chega antes ao esconderijo. Os soldados dão de cara com o cangaceiro Amoroso, que buscava água para o café, e começam a atirar. A 2 metros dos policiais, ele não é atingido.

2. Queixo de vidro

Acordado pelos tiros, o grupo reage a bala. Em 15 minutos, 11 dos 30 homens e seis mulheres são mortos. Lampião, em frente a sua barraca, é um dos primeiros a cair, atingido por tiros no tórax e na cabeça. Todos os capturados são decapitados.

3. Duelo.

O policial Adrião de Souza espanca o cangaceiro Mergulhão, dizendo “Morre, bandido da peste!”. A humilhação provoca o cangaceiro Balão, que parte para um corpo-a-corpo com o policial. Na confusão, cada um encosta o fuzil no outro. Mergulhão leva um tiro na perna; Adrião, um tiro fatal. Foi o único policial a morrer no cerco.

4. Cara-de-pau.

Como as roupas dos cangaceiros são pouco diferentes da indumentária policial, que já adotara o chapéu de couro e as perneiras, o cangaceiro Zé Sereno tem uma ideia marota. Corre em direção aos policiais dizendo “não atirem, sou companheiro”. Consegue passar entre eles e fugir.

5. Degolada viva.

Maria Bonita é ferida no ventre e nas costas logo no início do ataque, mas se mantém consciente. A mulher de Lampião agonizou até o último estampido de fuzil. Foi degolada pelos policiais ainda viva, gritando e esbracejando.

6. Palavra de macho;

Fugindo dos tiros, Luiz Pedro, braço direito de Lampião, teria ouvido de Maria Bonita: “Luiz, você não prometeu morrer quando Lampião morresse?”. O jagunço lembra da promessa ao chefe e marcha rumo aos policiais. “Um pernambucano morre, mas não quebra a palavra”, teria dito antes de morrer

7. O melhor amigo do homem.

Quando o tiroteio acaba, os homens do governo avançam sobre o corpo de Lampião para cortar-lhe a cabeça. É quando os cães do bando se põem de guarda, latindo ao lado do cadáver. Os policiais decidem descarregar chumbo nos animais para poder decapitar o rei destronado.

8. Tesouro pirata.

Duas máquinas de costura e algumas moedas de ouro antigas (uma de 1776) são retiradas do esconderijo. A polícia consegue encher duas bacias com joias e 5 quilos de ouro. Com Lampião, são achados 1000 contos de réis, o que, segundo o historiador Antônio Amaury de Araújo, valem hoje cerca de 4 milhões de reais.

http://racabrasil.uol.com.br/cultura-gente/161/artigo242481-2.asp

Um pouco sobre o cangaceiro Luiz Pedro 

Por José Mendes Pereira
Luiz Pedro e sua companheira Neném

Luiz Pedro Cordeiro era o seu nome verdadeiro; Luiz Pedro da Canabrava ou ainda Luiz Pedro do Retiro. Era Pernambucano da gema, lá da cidade Triunfo. Foi um dos amigos de Lampião que o acompanhou até a morte, na madrugada de 28 de julho de 1938, lá na Grota de Angico, no Estado de Sergipe. Era um dos maiores astros da Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia. Assim como Mariano, preservou o seu verdadeiro nome no cangaço. Aos 14 anos decidiu fugir da companhia dos pais, e sem muita demora, foi contratado por Lampião para participar do seu respeitado bando.

Essa sua decisão deixou seus familiares em choques. Dizia ele que era semelhante a urubu, e tinha o mesmo valor de um palito de fósforo riscado. Participou da invasão de Mossoró no dia 13 de junho de 1927, tendo a glória de chegar à Serra da Baixa Verde, em Triunfo, que de lá tomaram rumo às terras baianas, apenas oito cangaceiros, inclusive Lampião.   
 
Aos vinte e três anos de vida, fez visita à cidade de Princesa, na Paraíba, e lá, juntamente com os seus companheiros, exterminaram a vida de sete pessoas, inclusive um menino de doze anos, de nome Pedro Valdivino. 
 
Luiz Pedro participava do comando maior do cangaço. Apesar de ser calmo, mas era valente ao extremo. O rei tinha o maior respeito a Luiz Pedro, e foi o seu comandado mais fiel. Compadre do rei e da rainha do cangaço. Apesar de ter assassinado por acidente o Antonio Ferreira da Silva, o irmão de Lampião, e muito prosar com Maria Bonita, tinha um respeito pessoal e consideração ao casal. A amizade de Luiz Pedro com o casal era mútua. Pelo seu comportamento calmo, ganhara carinhosamente dos companheiros, o apelido de príncipe do cangaço.

A sua companheira era a Neném, lá da Bahia, mas ela faleceu ainda muito jovem em combate, no ano de 1936, lá no município de Mocambo, nas adjacências do Rio São Francisco. Com a sua morte, Luiz Pedro caiu em profunda tristeza, pois muito a amava.

Era um dos cangaceiros mais rico do bando, tão rico que quando o policial Mané Véio o assassinou lá na Grota de Angico  saqueou toda sua riqueza, levando consigo: joias, prata, ouro, dinheiro etc. E com o saque do cangaceiro, Mané Véio tornou-se o policial mais rico de Santa Brígida, lá no Estado da Bahia, na terra de Maria Bonita).

Fonte de pesquisa:  
Lampião Além da Versão – Mentiras e Mistérios de Angico - Alcino Alves Costa

http://blogdomendesemendes.blogspot.com
http://jmpmonhasimpleshistorias.blogspot.com

Um comentário:

  1. Anônimo20:11:00

    Tudo indica Mendes que Luis Pedro e Mariano eram os dois cangaceiros do grupo de Lampião de maior poder aquisitivo em termos de dinheiro.
    Antonio Oliveira

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