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sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

RAPADURA É DOCE, MAS NÃO É MOLE...


Dentre todas as grandes batalhas travadas entre Lampião e as volantes, é considerada a de maior porte e contingentes, a da Serra Grande.

Segundo o pesquisador/historiador Antônio Amaury, em seu livro "De Virgulino a Lampião", teriam participado deste combate cerca de 80 cangaceiros contra 320 soldados.

Segundo relatos de Antônio Andrade, "...Nesse episódio, o bando de cangaceiros enfrentou pela primeira vez uma volante com armas automáticas: duas metralhadoras hotkiss."

Estavam contidas nessa 'empreitada' os comandantes Capitão Higino Belarmmino de Morais, Sargentos Arlindo Rocha, Manoel Neto e Euclides Flor, além do comando geral do comandante Major Teophane Ferraz Torres, que quando no local chegou, suas tropas já tinham atacado. ("Sertão Sangrento: Luta e Resistência"- SOUZA, Jovenildo Pinheiro de.)

Nessa batalha, o comandante Arlindo Rocha é ferido na mandíbula. O valente Manoel Neto tem suas pernas atingidas pelas balas dos cangaceiros e, mesmo assim, ao ser socorrido por um companheiro, continua atirando mesmo estando sendo 'transportado' em suas costas...

O embate teve início na manhã do dia 26 de novembro de 1926 e se estendeu até o final da tarde... nesse momento, as forças volantes pernambucanas, se retiraram, deixando um resultado de cerca de 40 homens mortos e/ou feridos. Já sobre o bando de Lampião, relata-se de que não houve baixas.

Em meios ao tiroteio, gritos, desaforos e ameaças são proferidos de ambas as partes...

Em certo momento, o grande rastejador Antônio Caboclo é morto. O rastejador foi a peça mais importante na perseguição dos bandos de cangaceiros. Eram mínimos os detalhes deixados por aqueles que fugiam, mas, mesmo assim, o rastejador via muito, onde nós nada notaríamos...

Logo no início daquele grande combate o rastejador é ferido. O cangaceiro "Esperança", Antônio Ferreira, irmão mais velho de Lampião, puxa de seu punhal, curva-se por sobre seu corpo e o sangra, impiedosamente. (Lampião: um estudo de buscas e essências"- LEÃO, Aroldo Ferreira).

Antônio Caboclo, o rastejador, tinha na tropa um companheiro muito chegado, era o cabo Raimundo.

Todo soldado tinha a obrigação de levar junto ao seu corpo, objetos, ração, munição e outros apetrechos, necessários para as estadias duradouras, em perseguição aos cangaceiros na caatinga...

Fazendo parte deste apetrecho, tinha os bornais. Sacolas a tira colo, de couro, com um ou mais compartimentos. Dentro, normalmente, se transportavam a munição das armas longas...

Pois bem, no bornal do cabo Raimundo, havia um alimento, produzido artesanalmente em engenhos, que denominamos 'rapadura'. Esse doce é feito a parir do caldo da cana, que ao ser cozinhado até chegar ao 'ponto', é colocado em formas de madeira...

...ao ver seu amigo, Antônio Caboclo, ser atingido, o cabo ainda tenta ir em seu socorro, mas, naquele momento sente uma pressão muito forte na altura do bornal. Um tiro é disparado pelos cangaceiros e atinge em cheio seu bornal, tendo dentro dele uma rapadura, a mesma desvia a trajetória da bala, e essa faz apenas um pequeno ferimento em sua lateral.

O cabo Raimundo foi salvo por uma 'rapadura', em uma das encostas da garganta da Serra Grande, durante a grande batalha, nas quebradas do Sertão.

Foto tokdehistoria.com.br
Fotofilme da produção de Renzo Taddei (meramente ilustrativa)
correiogourmand.com.br

Seg. Fonte: facebook
Página: Sálvio Siqueira

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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