Reportagem
de Aluísio Dutra de Oliveira e Jotta Paiva (Jornal de Fato).
Uma parte da
história de Patu se encontra em ruína. Trata-se da casa que foi de propriedade
do Coronel João Dantas de Oliveira, localizada no Sítio Patu de Fora, zona
rural do município. O coronel João Dantas faz parte da história de Patu por seu
envolvimento com o cangaceiro Jesuíno Brilhante. A casa do coronel é vista como
tenebrosa e mal-assombrada. Segundo relatos contidos nos livros “O Cangaceiro
Romântico”, do escritor Raimundo Nonato, e “História do Município de Patu”, do
historiador patuense Petronilo Hemetério Filho, o coronel João Dantas de
Oliveira foi destaque na história de Patu, principalmente no seu envolvimento
com o cangaceiro Jesuíno Brilhante, quando ele se aliou ao facínora a fim de
que houvesse condições do cangaceiro atacar a cadeia de Pombal, objetivando
libertar o irmão e o pai que ali se encontravam prisioneiros.
O chefe de
Polícia do Estado da Paraíba, Major Antônio Aranha Chacon, no inquérito que fez
contra os responsáveis pelo assalto à cadeia da cidade de Pombal (PB), em seu
relatório ao Governo da Paraíba, acusou dois oficiais da polícia, do
destacamento local, como coniventes com o atentado, por terem facilitado o
acesso de Jesuíno Brilhante àquele presídio, onde fez o que quis, soltando
inclusive os presos.
A Vinda do
Coronel João Dantas Para Patu
Diz o
inquérito que o coronel João Dantas de Oliveira foi responsável pelo êxito do
atentando porque sabia de tudo e ao invés de preparar a resistência, relaxou o
policiamento da cidade na noite do assalto. O chefe de polícia continuou em seu
relatório, dizendo ao Governo da Paraíba que havia prendido o alferes
Eustáquio, mas não conseguira prender o coronel João Dantas, que se evadira
para fora da província, fato esse que teria feito ele a se acoitar no sítio
Patu de Fora, município de Patu-RN.
De acordo com
o relato dos historiadores no município, o coronel João Dantas era perverso,
sempre vivia rodeado de um grande número de pessoas armadas e talvez
criminosas. Segundo o major Antônio Aranha Chacon, o coronel João Dantas vivia
protegido por amigos e políticos da época e sempre gostou de possuir
preponderância política em todos os negócios da comarca. Segundo relata o livro
História do Município de Patu, o coronel João Dantas, certamente, tornou-se
amigo íntimo do cangaceiro Jesuíno Brilhante pela oportunidade que lhe
proporcionou, facilitando o ataque à cadeia de Pombal-PB, por Jesuíno Brilhante
e seus cabras. Dizem até que o coronel João Dantas comprou a propriedade Patu
de Fora por indicação do amigo do Tuiuiú, Jesuíno Brilhante. O inquérito contra
o Coronel João Dantas não deu em nada, os bandido ficaram impunes e, diante
desse fato grave e impressionante, o professor Juvêncio da Costa Volpis Alba,
denunciou o fato pelos jornais “O Publicador” e o “Diário de Pernambuco”. O
referido professor chamava a atenção das autoridades da Província, as quais não
deveriam se fazer esquecidas na apreciação da atitude comprometedora do
comandante João Dantas de Oliveira, daquele revoltante atentado.
Segundo os
relatos, o Coronel João Dantas era prepotente e não admitia oposição à sua
pessoa. Seria grande temeridade acusar ou criticá-lo. O artigo do professor
Juvêncio da Costa Volpis Alba teria ferido em cheio a sensibilidade do coronel.
Ao ler o artigo denunciando o mesmo no jornal ele teria ficado irritado com o
fato e por esse motivo mandou chamar Jesuíno Brilhante, lhe propondo matar o
professor. Jesuíno se negou a fazer o serviço porque certa vez o referido
professor defendera seu pai como advogado. Mas o coronel não desistiu de seu
intento, mandou seus dois filhos, Alpiniano e José, e mais um escravo para
sacrificar a vida do professor na cidade de Pombal-PB. O trio foi até a casa do
professor Juvêncio, que se encontrava deitado lendo, quando Alpiniano
pronunciou uma frase moralista: “Pombal precisa ser respeitada. Não é assim que
se desmoraliza os homens.” Nisso, dispararam três tiros, deixando o professor
sem condições de reagir. O Governo do Estado da Paraíba mandou o chefe de
Polícia, Manoel Caldas Barreto, ir até a cidade de Pombal capturar os criminosos
e punir os responsáveis pela morte do benemérito professor Juvêncio, amigo e
admirado do governador. Essa foi a causa principal da fuga do coronel João
Dantas para o sítio Patu de Fora. Tudo conforme o escritor Raimundo Nonato
narra em seu livro “O Cangaceiro Romântico” e relatado no livro História do
Município de Patu, do historiador Petronilo Hemetério Filho.
O atual
proprietário do sítio Patu de Fora, no município de Patu, senhor Alfredo Alves
Leite, diz que a casa do coronel João Dantas encontra-se atualmente em ruína.
Sempre que alguém visita o sítio, Alfredo Leite fala com emoção das histórias
do coronel e do cangaceiro Jesuíno Brilhante, repassadas de geração para
geração. Segundo informações de Alfredo Leite, relatadas no livro História do
Município de Patu, que ouviu o seu avô contar a história da grande intimidade
de Jesuíno Brilhante com o coronel João Dantas, dizendo que eles almoçavam
juntos e às vezes passavam dias na casa um do outro. Certa vez, Jesuíno vinha
com o coronel João Dantas, mas nesse dia houve um conflito de palavras,
chegaram a se desentender e tiveram uma conversa reservada dentro de um quarto
escuro da fortaleza do coronel, não sendo revelado o teor da discussão entre os
dois. A mesma fonte informou que quando Jesuíno saiu, foi emboscado na
cajazeira da beira da estrada, pouco mais de um quilômetro de distância. Desse
dia em diante, de bons amigos passaram a ser inimigos, um procurando eliminar o
outro. A conversa no quarto reservado suspeita-se que tenha sido para tratar da
morte do professor Juvêncio da Costa Volpis Alba. Após a morte do coronel João
Dantas, a velha casa tornou-se mal-assombrada, e ninguém conseguiu morar lá.
Conta-se que era pavoroso permanecer no recinto por algum tempo, pois saía com
temor por tanta coisa esquisita que acontecia na casa por exemplo, objetos que
caiam nas suas dependências sem nenhuma explicação.
O senhor
Alfredo Leite diz que possui uma lembrança que pertenceu ao Coronel João
Dantas, uma aliança de ouro que foi passada de geração para geração e hoje se
encontra com ele. Outro objeto histórico que pertenceu ao Coronel João Dantas é
uma chave da sua casa do sítio Patu de Fora. Essa peça museológica foi doada
pelo escritor Emanoel Cândido do Amaral ao município de Patu no ano de 2009, na
gestão da prefeita Evilásia Gildênia. Essa peça se encontra no Museu Padre
Brilhante que fica localizado na Praça José Pereira de Queiroz, na antiga
estação ferroviária de Patu. As pessoas que visitam as ruínas da casa do
Coronel João Dantas, no sítio Pau de Fora, ao chegar lá, sente tristeza e
arrepios pois o cenário é bastante temeroso, fato comprovado pelo professor
Aluísio Dutra de Oliveira quando esteve lá para produzir fotos e conversar com
o atual proprietário, Alfredo Leite. Um pedação da história de Patu se encontra
em ruínas no Sítio Patu de Fora onde essa casa poderia ser restaurada através
de parcerias público- privadas visando preservar a rica história que o
município de Patu possui.
Reportagem de
Aluísio Dutra de Oliveira e Jotta Paiva (Jornal de Fato).
Fonte: Livro O Cangaceiro Romântico. Autor: Raimundo Nonato.
Livro: História do Município de Patu. Autor: Petronilo Hemetério Filho.
Colaborador: Alfredo Leite.
Fonte: Livro O Cangaceiro Romântico. Autor: Raimundo Nonato.
Livro: História do Município de Patu. Autor: Petronilo Hemetério Filho.
Colaborador: Alfredo Leite.
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogodmendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário