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sábado, 16 de março de 2019

MIGUEL BEZERRA - A VIDA CRIMINOSA DE LAMPIÃO O REI DO CANGAÇO (1989)

https://www.youtube.com/watch?v=QV-PqdnCufU

Publicado em 7 de jun de 2017

Autoria de Apolônio Alves dos Santos, gravado no Rio de Janeiro, em junho de 1988. Faixa 03 (Lado B) do disco "Cangaço", volume N.º4 da série "A Arte da Cantoria", produzida pelo Instituto Nacional do Folclore e lançado pela Funarte entre 1984 e 1989. 

"Além dos pioneiros Francisco das Chagas Batista e Leandro Gomes de Barros, outros poetas continuaram e continuam dando vida ao tema. Apolônio Alves dos Santos, residente no Rio de Janeiro, é um dos poetas vivos que, atualmente, mais produzem folhetos sobre o assunto. A vida criminosa de Lampião o rei do cangaço (Lado B, 3), de sua autoria, foi cantada por Miguel Bezerra em junho de 1988 no Rio de Janeiro. Dada a extensão da poesia, cuja versão impressa tem 16 páginas, fez-se necessária uma redução e para isso tivemos a aquiescência do autor, que escolheu a parte final do folheto e escreveu uma sextilha* introdutória especialmente para a gravação." (Rosa Maria Barbosa Zamith e Elizabeth Travassos) 

*Sextilha: "As cantorias são sempre iniciadas e terminadas por sextilhas com versos de sete sílabas na fórmula ABCBDB, isto é, rimando entre si os versos 2º, 4º e 6º, e com rima obrigatória da "deixa", que é uma reminiscência do leixa-preen dos trovadores medievais. Na "deixa", o 2º cantador inicia sua estrofe rimando o 1º verso com o último da estrofe do 1º cantador." (Sebastião Nunes Batista "Regras de Cantoria") 

Nessa gravação há o desfecho da história; primeiramente com a prisão e morte de Jararaca, após o ataque a Mossoró em 1927; e depois a morte de Lampião, "nos braços de sua Maria Bonita", na Grota do Angico, em 1938. Novamente há uma dualidade entre o bandido e o anti-herói, os dois cangaceiros não morrem completamente, suas figuras míticas continuam presentes no imaginário popular, algo explicado no texto: 

"Em outro trabalho (Borges, 1987), propusemos dois modelos básicos de estruturação da narrativa dos folhetos sobre anti-heróis como João Grilo e Cancão de Fogo. Os referidos modelos, com algumas modificações, poderão servir como pontos de referência para a elaboração dos esquemas narrativos básicos para a estórias do cangaço, na literatura de cordel, aqui sinteticamente colocados: 

Modelo A* ... Modelo B: Relatos da permanência (não morte, metafórica) do herói mítico/ cangaceiro, geralmente em termos de confronto com seus opositores, sendo alguns desses personagens já consagrados no cordel... 

A relação narrador/ narratário (com ou sem discurso avaliativo e/ou reflexão metapoética), ocorre, frequentemente, nos folhetos enquadrados nos dois modelos. 

A relação amorosa entre um cangaceiro e uma mulher cangaceira, cujo protótipo é o par Lampião/Maria Bonita, tem sido um leitmotiv*, principalmente nos folhetos da era pós-cangaço. Sem fazermos comentários mais detalhados, podemos dizer que esses dois arquimodelos refletem a estruturação básica dos 260 folhetos examinados e encarados no seu conjunto, relacionados de uma certa forma, com as duas fases citadas." (Francisca Neuma Fechine Borges UFPB) 

*O modelo A, que fala sobre as diferentes formas de representação do cangaceiro está disponível na descrição do vídeo da faixa 01 (Lado B): https://www.youtube.com/watch?v=XGI5f...

*Leitmotiv: tema melódico ou harmônico destinado a caracterizar um personagem. 


"A Arte da Cantoria" 

"Através da série A Arte da Cantoria, o Instituto Nacional do Folclore procura documentar e divulgar os gêneros, estilos, temas e artistas da cantoria nordestina. Aos volumes anteriores - Literatura de Cordel, As Regras de Cantoria e Ciclo do Padre Cícero - vem somar-se agora este disco - Cangaço. O tema do cangaço tem sido destacado como um dos mais frequentemente tratados por cantadores e poetas. Em algumas classificações temáticas constitui um ciclo, dado o volume de poesias impressas em folhetos que tratam da vida e das façanhas de Lampião, Antônio Silvino e, secundariamente, de outros personagens. Também são numerosos os testemunhos do fascínio que os cangaceiros exerceram, durante e após seu principal período de atividade, sobre os cantadores-repentistas. 

Este mesmo tema, que tem inspirado uma vasta produção artística nos campos da literatura, música, artes plásticas e cinema, é aqui abordado por poetas e cantadores contemporâneos que estão entre os nomes mais expressivos das tradições da cantoria e da literatura de cordel." (Amália Lucy Geisel, Diretora do INF) 

Ficha Técnica: Gravações: realizadas em Olinda e Recife em novembro de 1987; no Rio de Janeiro em maio e junho de 1988. Pesquisa e edição: Rosa Maria Barbosa Zamith (Escola de Música da UFRJ) e Elizabeth Travassos (Núcleo de Música do INF). Montagem: Antônio Barbosa (Sonoviso). Capa: xilogravura de Erivaldo Ferreira da Silva. Encarte: xilogravuras de Marcelo Soares Programação visual e arte final: Sonia Maria de Moraes Pitombo. Produção: Instituto Nacional do Folclore.

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