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domingo, 18 de agosto de 2019

SERÁ QUE FOI FEITO O DNA DO CAPITÃO LAMPIÃO?

Por José Mendes Pereira

Um pesquisador do cangaço me falou certo dia através de e-mail que para ser feito a exumação de um cadáver que há anos está sepultado é preciso uma série de autorizações burocráticas. Interessante: Para isso é uma burocracia enorme e para quem mata, rouba, estupra nada precisa de tanta burocracia. O sujeito mata, faz tudo isso, vai preso e no outro dia está solto. 

Mas algo que venha servir para uma nação e até mesmo outras nações saberem a verdade sobre a morte de Lampião no Sergipe ou nas Minas não se pode mexer no cadáver que lá repousa como se fosse o cadáver de Lampião. Veja a seguir da folha de S. Paulo Brasil.

DNA PODE REVELAR MORTE DE LAMPIÃO EM 93
Por Willian França

ENVIADO ESPECIAL AO NORDESTE E A MINAS GERAIS

O juiz José Humberto da Silveira, da comarca de Arinos (MG), deve decidir nesta semana se autoriza a exumação de um corpo enterrado em Buritis (MG), cidade sob sua jurisdição. Motivo: pode ser o corpo de Lampião, o Rei do Cangaço.

O cadáver é de um fazendeiro que morreu em 93, de parada respiratória. Tinha 96 anos -mesma idade que teria Lampião, se vivo.


Para o fotógrafo mineiro José Geraldo Aguiar, 47, esse homem foi o verdadeiro Lampião. Aguiar levantou a história do fazendeiro e fez o pedido de exumação.


Com a exumação, será possível confrontar o DNA (código genético) do cadáver com o da única filha reconhecida de Lampião e Maria Bonita, Expedita Nunes, que mora hoje em Aracaju (SE).


Se a exumação for autorizada, deverá ser feita pelo IML (Instituto Médico Legal) de Brasília. Consultada pelo IML, Expedita concordou em fazer o exame.


Dez nomes


Há quatro anos e meio, Aguiar recolhe dados sobre um fazendeiro, dono de 300 hectares, que se instalou no início dos anos 50 na margem esquerda do rio São Francisco, na cidade que leva o mesmo nome do rio, em Minas Gerais.


Alguns fatos estranhos cercaram a vida do fazendeiro. Aguiar identificou pelo menos dez nomes diferentes usados por ele.


Tanto que o conheceu como João Lima, os amigos tratavam-no por Luís, na lápide do cemitério está escrito Antônio Teixeira Lima e na certidão de óbito consta o nome Antônio Maria da Conceição.


O fazendeiro morou em pelo menos 15 cidades diferentes com Maria Lima (supostamente Maria Bonita), em quatro Estados (Minas Gerais, Bahia, Alagoas e Goiás) -além de São Francisco, ele morou em Montes Claros, Irecê e Buritis, entre outros municípios. A tendência foi sempre morar às margens do rio São Francisco.


Com Maria Lima teve dez filhos, o mais velho hoje com 63 anos. Em uma viagem à Bahia, conheceu Severina Alves Moraes, a Firmina, com quem teve uma filha, hoje com 22 anos. Depois da morte de Maria Lima, o fazendeiro passou a morar com Firmina.


Segundo Aguiar, o fazendeiro temia represálias pelos crimes atribuídos a Lampião e, por isso, além de se esconder durante todo esse tempo, só autorizou que sua história fosse contada após sua morte.


Ainda segundo Aguiar, houve resistência de alguns filhos em revelar a sua biografia. Foi Firmina, com autorização de alguns filhos, quem passou uma procuração que dá amplos poderes ao fotógrafo.


A procuração inclui propriedade sobre a história do fazendeiro e até autorização para exumações.


Aguiar conheceu o fazendeiro casualmente, quando buscava testemunhas numa rua de São Francisco. Ele queria processar a prefeitura da cidade e precisava de depoimentos em seu favor.


"Pego de surpresa pelo meu pedido, assim à queima-roupa, na porta da sua casa, ele mostrou-se arredio. Não quis testemunhar. Contaram-me que ele tinha sido ligado ao cangaço e resolvi investigar. Quanto mais investigava, mais coincidências apareciam com a história do Lampião", contou o fotógrafo ao lembrar como conheceu o fazendeiro.


Aguiar tem documentos e depoimentos apontando evidências de que essa pessoa pode ter sido Virgolino (com "o", conforme certidão de nascimento obtida pela Folha) Ferreira da Silva, o Lampião.


"Ele costumava dizer: 'Homem que é homem não mente. Eu sou o verdadeiro Lampião. Homem nenhum conseguiu matar Lampião, e só Deus será capaz de me matar'." Segundo o fotógrafo, essa frase só foi dita depois de vários meses de conversa entre os dois.


"Ele era um homem muito sério, fechado. Nunca sorria. Falava pouco, com uma voz grossa que lembrava a de Mário Covas (governador de São Paulo)."


Olho direito


Segundo Aguiar, o fazendeiro tentava esconder o olho direito atrás de grossas lentes de óculos, muitas vezes estilhaçadas, e tinha a pálpebra direita caída.


No cangaço, Lampião sofreu um ferimento no mesmo olho quando jovem e lacrimejava constantemente, além de ter um defeito físico que impedia a abertura total da pálpebra.


O fotógrafo está concluindo um livro, "Lampião, o Invencível", com depoimentos de 45 pessoas, fotos e cópias de documentos.


Entre os documentos estão uma carteira de identidade e o registro, em um sindicato rural, que deu ao fazendeiro o direito de aposentar-se pelo extinto Funrural.


Os documentos têm assinaturas que serão usadas em exames grafotécnicos (há textos manuscritos de Lampião). Na foto da identidade do fazendeiro dá para ver, claramente, o problema do olho.


História


Virgolino Ferreira da Silva, segundo os livros de história, foi morto no dia 28 de julho de 1938 em emboscada na Grota (vale) do Angico, em Poço Redondo (SE) -às margens do rio São Francisco, divisa com Piranhas (AL).


Ele estaria junto com Maria Bonita e outros nove cangaceiros. Todos foram decapitados.


Segundo Aguiar, o suposto Lampião morreu com o nome de Antônio Maria da Conceição, em 3 de agosto de 1993, em Buritis (MG). Maria Bonita (oficialmente Maria Gomes de Oliveira), com o nome de Maria Teixeira Lima, teria morrido aos 70 anos, em 3 de agosto de 78, em Montes Claros (MG).

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