Clerisvaldo B. Chagas, 26 de setembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.188
As antigas bodegas, vendas, quiosques, foram substituídas pelas mercearias, armazéns, mercadinhos, supermercado e outras denominações pomposas. Com a antiga bodega, havia um relacionamento mais estreito entre o freguês e o dono. Vingava a cumplicidade do fiado, mesmo com aquelas famigeradas plaquetas de “fiado só amanhã”. Com o modernismo dos tempos atuais, as bodegas não foram totalmente extintas. Elas estão nos interiores e capitais resistindo com bravura. E assim como antigamente, sempre existem os clientes do fiado e os pagamentos semanais, quinzenais, baseados na confiança. Em qualquer lugar do Brasil, sempre se esquece de alguma coisa nas compras do Comércio, coisa que termina no complemento rápido da bodega.
(FOTO: MERCADO/DIVULGAÇÃO).
A venda tem a sua gíria própria, as suas histórias, experiências e conhecimentos do comprador em busca do melhor produto. Cada cliente tem jeito peculiar de fazer as compras. Muitas coisas já se sabem e outras não. Foi assim que sem querer tomei conhecimento sobre uma particularidade do abacaxi. Para que ele esteja perfeito por dentro, não pode “chorar”. E abacaxi chorando, significa que ele estar escorrendo água do miolo. Não presta, está se diluindo e, segundo ouvi da boca de uma cliente: “está chorando para você não levá-lo”.
Na porta da bodega, a mulher puxando cachorro, teimava com o bodegueiro que o abacaxi estava chorando. O dono garantia que não e desafiava a senhora para abrir o produto. Ao passar pela porta da venda fui convidado pela mulher que me chamou: “Moço, faz favor. Olhe bem direitinho para esse abacaxi e me diga se ele não está chorando...”. Como eu não entendia dessas coisas e nem queria entrar em discussão alheia, deixei a mulher aborrecida ao desviar a conversa e escapulir:
“Minha senhora, eu nem sabia que a mãe do abacaxi havia morrido”.
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