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sábado, 21 de dezembro de 2019

O HORROROSO RESGATE DA AMADA.

Por João Filho de Paula Pessoa

Em 1936 o sub-grupo do Cangaceiro Gato foi atacado na Fazenda Picos/Al, pelo ten. João Bezerra. No combate Inacinha, companheira de Gato, que estava grávida de 08 meses, foi baleada nas nádegas, tendo a bala atravessado seu corpo, sem contudo atingir o bebê. 

Gato tentou carrega-la, mas devido o peso e lesão não conseguiu, deixando-a para trás e fugindo para salvar sua vida. Logo após, Gato, o mais cruel e mortífero dos cangaceiros, que já tinha matado seu cunhado deixando sua irmã viúva e grávida, e mais sete pessoas de sua própria família, e tentado cortar a língua de sua mãe, resolve resgatar sua amada, convidando Corisco e Moderno para um ataque à cidade de Piranhas para tal fim, onde acreditava que Inacinha estava presa. 

No caminho Gato disseminou um rastro de horror, sofrimento e morte por onde passou, matou todos que encontrou à sua frente, pelo menos onze pessoas inocentes e ainda sequestrou um jovem de quinze anos na entrada da cidade a quem indagou se alí havia “macacos” (soldados), tendo o jovem respondido que não, pois tinha visto o Delegado e seus oito soldados fugirem da cidade ao perceberem a chegada dos cangaceiros, deixando os moradores desguarnecidos e a mercê da própria sorte, que sem alternativas se armaram e se entrincheiraram em suas casas para se defender. 

Ao entrarem na cidade, os cangaceiros foram recebidos à bala e acreditando que eram soldados, Gato achou que o rapaz tinha mentido e o sangrou na mesma hora na frente das súplicas de sua mãe, no entanto, logo após, o enlouquecido Gato levou um tiro certeiro na coluna, estraçalhando-a que o deixou moribundo, sendo carregado em agonia por seus companheiros na fuga, vindo a morrer dolorosamente três dias depois nas brenhas da caatinga. 

Inacinha não estava em Piranhas e sim em Olho D´água do Casado, chegando à Piranhas somente após o ataque, ficando pouco tempo presa em virtude do ferimento e da gravidez avançada, mas tempo suficiente para conhecer e se engraçar por um soldado chamado “pé na tábua” com quem se casou após a prisão. O filho de Gato nasceu e foi doado. 

(João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce) 10/12/2019.


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