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sábado, 15 de fevereiro de 2020

UM DETALHE DO MEU LIVRO


UM DETALHE DE MEU LIVRO que por conta do adiamento do CARIRI CANGAÇO de Paulo Afonso para junho deste ano, SÓ o disporei aos amigos neste evento. Está quase pronto. Leia uma pitadinha dele:

LAMPIÃO - Coronéis, Capangas e Jagunços.

O Sonho de um Sonhador

Trago aqui, um sonho que tive, a respeito da ida de Lampião a Juazeiro, para incorporar-se ao Batalhão Partriótico:

Parece que eu estava lá. Em minha mente buliçosa, viajava antes que um piscar de olhos estalasse, vendo aquela alegria contagiante. Lembrou-me, mal comparando, e que Deus me perdoe, do Rei Davi, quando voltava à Jerusalém com a Arca da Aliança, recuperada dos Filisteus, onde o povo cantava e tocava seus instrumentos cantando e louvando a Deus por Davi a ter recuperado.


Marchei junto com eles sem que eles me notassem. E notei a satisfação no rosto de Virgulino Ferreira da Silva, que queria se ver livre de Lampião, e esta era sua oportunidade. Queria ser uma pessoa comum. Era seu sonho e eu no meu sonho, entrava no seu sonho. Queria criar seu gadinho e ter sua roça de algodão e macaxeira. Talvez até mesmo em seus sonhos proféticos, tenha visto sua Maria Bonita, esperando por ele, para criarem em paz os seus filhos.

Infelizmente os homens de poder e os invejosos, não deixaram, uma pena...


Às três horas da tarde, entrou o Rei do Cangaço, em Macapá, com seu grupo. Viajando em meus sonhos e pensamentos, os vejo, e minha alegria de admirador não do bandido que era, mas de um homem que fez sua história e deixou gravado nos corações dos nordestinos, e porque não dizer, do Brasil e do mundo quase todo, na escrita e na tradição boca a boca. Todos montados, firmes e olhando pra frente com seus corpos retesados, garbosos, trotando pomposamente, em desfile como sendo os salvadores do povo cearense contra a coluna que queriam destruir as terras de ‘Padim Ciço”.

Lampião com porte de majestade, o Rei dos cangaceiros ia na frente, em um cavalo que imagino branco, mas que segundo o povo, era ruço. Estava ladeado à sua direita por seu irmão Antônio e à esquerda por seu Lugar-Tenente o cangaceiro Sabino, “os três puxando a fila dupla, marchando de costado, com vinte e três pares de cavaleiros e fechada por Luís Pedro, sozinho.”


Ao parar a tropa quase que real, defronte da casa do Tenente Barroso. Desceram dos cavalos e formando um semicírculo e segurando suas montarias, onde após os cumprimentos, cordiais e de estilo, o “Tenente Barroso passou em revista a tropa lampiônica. Um a um, foram, minuciosa e demoradamente, apresentados por Lampião, os seus guerrilheiros e explicada a origem de seus nomes de guerra: — Antônio Ferreira (seu irmão), Sabino (lugar-tenente), Seu Chico, Maçarico, Aragão, Jurema, Nevoeiro, Pinica-Pau, Tenente, Mormaço, Cobra Verde, Andorinha, Moita-Brava, Açucena, Cuscuz, Luís Pedro, Moreno, Três Pancadas, Três Cocos, Chumbinho, Pensamento, Juriti, Meia Noite, Criança, Cancão, Coqueiro, Sabiá, Chá Preto, Barra Nova, Bentevi, Lasca Bomba, Azulão, Gato Bravo, Beija Flor, Bom Devera, Pai Velho, Maquinista (literato e secretário), Cravo Roxo, Jararaca, Candeeiro e seu irmão Vareda, Serra do Mar, Lua Branca e seu irmão Vinte e Dois, Colchete, Delicadeza, Fogueira, Arvoredo e Cajueiro.”


Maioria dos cangaceiros, cabras acostumados aos combates era pernambucanos. Uns de Vila Bela, outros de Floresta e do Pajeú de Flores. Mais alguns de Triunfo. Tirando Pai Velho sendo o mais idoso, o resto da cabroeira entre 18 e 30 anos de idade. “E com exceção de alguns curibocas e dois negros, os demais de cor branca, ou amorenados. Na residência de uma idosa senhora, D. Generosa, se reuniram Lampião e seu Estado Maior (Antônio Ferreira, Sabino e Luís Pedro) juntamente com os Tenentes Luís Rodrigues Barroso e Veríssimo Alves Gondim (comandante de volante), o sargento Antônio Gouveia e outros agaloados componentes da polícia militar cearense, para uma conversa informal, amistosa e animada, servida de galinha assada e regada a vinho cerveja. Lá fora, cangaceiros, soldados e povo em perfeita harmonia. Quase consumido o estoque de cigarros, fósforos, bolachas, vinho e perfume da bodega do comerciante Moisés Bento, que gostava de "despachar" os cangaceiros, fregueses esses bons pagadores.”


Positivamente Lampião não gostava de dever a ninguém, exceto sua ira revoltada contra o sistema que o oprimia e por isso requisitou, pagando corretamente, todas as galinhas dos quintais para manutenção de seu bando. Depois, no meio da rua, ordenou Lampião ao sanfoneiro tocasse "Mulher Rendeira". E, enquanto improvisava loas, os cabras, em roda formada, xaxavam e cantavam o famoso estribilho:

— "Olê Mulé Rendêra , ô, mulé rendá, Chorô pru mim num fica Saluçô vai no borná"



Inda que a vibração dos acordes desta canção guerreira contagiasse os militares, contagiou mais ainda todo o povo. De súbito, entusiasmados, todos imitavam os alegres visitantes...


As horas foram inesquecíveis para aquele povo, de alegria e festa, as que Lampião veio trazer àquele pedaço de sertão perdido no Cariri! Durante as despedidas, entregou Lampião ao Tenente Veríssimo um bonito revólver niquelado "Chimite" ("Smith & Wesson"), para ser oferecido, como presente, a seu amigo ausente - Capitão Honorato dos Santos Carneiro, da polícia do Ceará.

BIBLIOGRAFIA: Frederico Bezerra Maciel, A Guerra de Guerrilhas.
Capas de meus ebooks.


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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