UM DETALHE DE
MEU LIVRO que por conta do adiamento do CARIRI CANGAÇO de Paulo Afonso para
junho deste ano, SÓ o disporei aos amigos neste evento. Está quase pronto. Leia
uma pitadinha dele:
LAMPIÃO -
Coronéis, Capangas e Jagunços.
O Sonho de um
Sonhador
Trago aqui, um
sonho que tive, a respeito da ida de Lampião a Juazeiro, para incorporar-se ao
Batalhão Partriótico:
Parece que eu
estava lá. Em minha mente buliçosa, viajava antes que um piscar de olhos
estalasse, vendo aquela alegria contagiante. Lembrou-me, mal comparando, e que
Deus me perdoe, do Rei Davi, quando voltava à Jerusalém com a Arca da Aliança,
recuperada dos Filisteus, onde o povo cantava e tocava seus instrumentos
cantando e louvando a Deus por Davi a ter recuperado.
Marchei junto
com eles sem que eles me notassem. E notei a satisfação no rosto de Virgulino
Ferreira da Silva, que queria se ver livre de Lampião, e esta era sua
oportunidade. Queria ser uma pessoa comum. Era seu sonho e eu no meu sonho,
entrava no seu sonho. Queria criar seu gadinho e ter sua roça de algodão e
macaxeira. Talvez até mesmo em seus sonhos proféticos, tenha visto sua Maria
Bonita, esperando por ele, para criarem em paz os seus filhos.
Às três horas
da tarde, entrou o Rei do Cangaço, em Macapá, com seu grupo. Viajando em meus
sonhos e pensamentos, os vejo, e minha alegria de admirador não do bandido que
era, mas de um homem que fez sua história e deixou gravado nos corações dos
nordestinos, e porque não dizer, do Brasil e do mundo quase todo, na escrita e
na tradição boca a boca. Todos montados, firmes e olhando pra frente com seus
corpos retesados, garbosos, trotando pomposamente, em desfile como sendo os
salvadores do povo cearense contra a coluna que queriam destruir as terras de
‘Padim Ciço”.
Lampião com
porte de majestade, o Rei dos cangaceiros ia na frente, em um cavalo que
imagino branco, mas que segundo o povo, era ruço. Estava ladeado à sua direita
por seu irmão Antônio e à esquerda por seu Lugar-Tenente o cangaceiro Sabino,
“os três puxando a fila dupla, marchando de costado, com vinte e três pares de
cavaleiros e fechada por Luís Pedro, sozinho.”
Ao parar a
tropa quase que real, defronte da casa do Tenente Barroso. Desceram dos cavalos
e formando um semicírculo e segurando suas montarias, onde após os
cumprimentos, cordiais e de estilo, o “Tenente Barroso passou em revista a
tropa lampiônica. Um a um, foram, minuciosa e demoradamente, apresentados por
Lampião, os seus guerrilheiros e explicada a origem de seus nomes de guerra: —
Antônio Ferreira (seu irmão), Sabino (lugar-tenente), Seu Chico, Maçarico,
Aragão, Jurema, Nevoeiro, Pinica-Pau, Tenente, Mormaço, Cobra Verde, Andorinha,
Moita-Brava, Açucena, Cuscuz, Luís Pedro, Moreno, Três Pancadas, Três Cocos,
Chumbinho, Pensamento, Juriti, Meia Noite, Criança, Cancão, Coqueiro, Sabiá,
Chá Preto, Barra Nova, Bentevi, Lasca Bomba, Azulão, Gato Bravo, Beija Flor,
Bom Devera, Pai Velho, Maquinista (literato e secretário), Cravo Roxo,
Jararaca, Candeeiro e seu irmão Vareda, Serra do Mar, Lua Branca e seu irmão
Vinte e Dois, Colchete, Delicadeza, Fogueira, Arvoredo e Cajueiro.”
Maioria dos
cangaceiros, cabras acostumados aos combates era pernambucanos. Uns de Vila
Bela, outros de Floresta e do Pajeú de Flores. Mais alguns de Triunfo. Tirando
Pai Velho sendo o mais idoso, o resto da cabroeira entre 18 e 30 anos de idade.
“E com exceção de alguns curibocas e dois negros, os demais de cor branca, ou
amorenados. Na residência de uma idosa senhora, D. Generosa, se reuniram
Lampião e seu Estado Maior (Antônio Ferreira, Sabino e Luís Pedro) juntamente
com os Tenentes Luís Rodrigues Barroso e Veríssimo Alves Gondim (comandante de
volante), o sargento Antônio Gouveia e outros agaloados componentes da polícia
militar cearense, para uma conversa informal, amistosa e animada, servida de
galinha assada e regada a vinho cerveja. Lá fora, cangaceiros, soldados e povo
em perfeita harmonia. Quase consumido o estoque de cigarros, fósforos,
bolachas, vinho e perfume da bodega do comerciante Moisés Bento, que gostava de
"despachar" os cangaceiros, fregueses esses bons pagadores.”
Positivamente
Lampião não gostava de dever a ninguém, exceto sua ira revoltada contra o
sistema que o oprimia e por isso requisitou, pagando corretamente, todas as
galinhas dos quintais para manutenção de seu bando. Depois, no meio da rua,
ordenou Lampião ao sanfoneiro tocasse "Mulher Rendeira". E, enquanto
improvisava loas, os cabras, em roda formada, xaxavam e cantavam o famoso
estribilho:
Inda que a
vibração dos acordes desta canção guerreira contagiasse os militares, contagiou
mais ainda todo o povo. De súbito, entusiasmados, todos imitavam os alegres
visitantes...
As horas foram
inesquecíveis para aquele povo, de alegria e festa, as que Lampião veio trazer
àquele pedaço de sertão perdido no Cariri! Durante as despedidas, entregou
Lampião ao Tenente Veríssimo um bonito revólver niquelado "Chimite"
("Smith & Wesson"), para ser oferecido, como presente, a seu
amigo ausente - Capitão Honorato dos Santos Carneiro, da polícia do Ceará.
BIBLIOGRAFIA:
Frederico Bezerra Maciel, A Guerra de Guerrilhas.
Capas de meus
ebooks.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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