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segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

A EXTINÇÃO DO VULCÃO.

 Por João Filho de Paula Pessoa

Lampião era extremamente prevenido e desconfiado quanto à traições, agia implacavelmente contra delatores, covardes e traidores, combateu este mal durante toda sua vida, mantendo-se vivo por muitos anos, sem, contudo ter sucumbiu em virtude de uma traição. Durante seu reinado, sofreu atentados, emboscadas, ataques, traições e delações, superando à todas estas situações com perspicácia, estratégia e valentia. Certa vez teve em seu bando um cabra desconfiado, que tinha a alcunha de Vulcão, de jeito esquisito, reservado, que não se entrosava, de pouca fala e muita observação, comportamento este que aguçou o sexto sentido de Lampião, que passou a desconfiar dele, como um possível olheiro, informante e infiltrado. Num certo dia de Janeiro de 1938, num coito, Lampião chamou Luiz Pedro e partilhou sua desconfiança para que ele ficasse de olho no Vulcão. Ao sair da conversa, Luiz Pedro procurou Vulcão para observa-lo, mas já não o encontrou mais, sintomaticamente ele deserdou do bando e fugiu de forma sorrateiramente, como se tivesse percebido ou até ouvido a conversa. Luiz Pedro, agora extremante intrigado, comunicou a Lampião da fuga do suspeito, recebendo a ordem de formar uma equipe e partir em sua caça. O Grupo saiu no rastro do fugitivo para sua captura, verificando sinais de sua passagem e inquirindo as pessoas que encontravam no caminho, até que algum tempo depois e de muito andarem, o encontram na beira do Rio São Francisco aguardando uma canoa para a travessia e o prenderam, o amarraram e partiram de volta ao coito puxando-o à cavalo, no percurso o prisioneiro caiu, mas sem nenhuma dó, o grupo seguiu o arrastando pelos matos e veredas, enquanto ele se despedaçava a cada trecho. Quando já era quase noite, o grupo parou numa casa onde estava havendo um festejo e resolvem passar a noite lá e amarram o prisioneiro a uma árvore, coberto de cortes, arranhões, feridas e banhado de sangue, enquanto o grupo bebia e se divertia, vez por outra um ia até ele verifica-lo e desferir mais algum golpe de tortura por toda aquela agonizante noite. Pela manhã o arrastaram novamente, ainda vivo, e até a presença do Capitão no coito, que ao vê-lo ordenou que o matassem, momento em que fizeram o cavalo disparar em continuidade ao arrastamento do suspeito moribundo, que apesar de depauperado ainda respirava. Apesar de todo o martírio o Vulcão somente se extinguiu de vez mediante um tiro de misericórdia ao final de tudo. João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce. 21/01/2021.

Assista o filme deste Conto - https://youtu.be/BpEpCgQR5UE

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