Em 31 de
março de 1975, data do nascimento da Roxana Pereira Bonessi. Essa data
coincide com o término das Olimpíadas Militares da Guarnição de Porto Velho-RO.
O então Sargento Bonessi disputava uma partida final de vólei de quadra entre o
5º Batalhão de Engenharia e Construção e a 10ª Brigada de Infantaria de Selva.
O jogo, muito
disputado, entrava no seu último e derradeiro set, aproximadamente as 22:40 hs,
quando a sra Filomena Bonessi, grávida de mais de 8 meses, das arquibancadas do
ginásio de esporte onde o jogo estava sendo realizado, lhe acenava
constantemente e gritava pelo seu nome porque estava sentindo as cólicas
iniciais de parto.
O Sargento
Bonessi as voltas com o jogo respondia com gestos que a esposa esperasse. O
Sargento Bonessi nem pode comemorar com seus companheiros a vitória no jogo e
das Olimpíadas da Guarnição porque teve de ir as pressas para o Hospital
Militar e Maternidade do 5 BEC conduzindo a sua esposa. As 23:40 hs nascia uma
linda menina que se chamaria Roxana, em homenagens a Princesa Roxana – esposa
de Alexandre da Macedônia – O Grande.
A Roxana desde
pequena sempre foi alegre, responsável, obediente, sincera, comunicativa,
amiga, correta em todas as suas atitudes. Nunca mentiu, nunca fez uma maldade a
ninguém, nunca destruiu nada, nunca matou.
Considerava
importante todos os seres existentes em nosso planeta. Nunca matou, nem mesmo
um inseto. Tudo que era dela, seus brinquedos, seus presentes, suas roupas, sua
mesada, dividia com seus irmãos e com as pessoas que pedissem. Possuía
desprendimento das coisas materiais. Preferia a oração e a comunhão com Deus às
coisas mundanas. Ao seu redor tudo era alegria, era vida, era amor.
Dava amor, mas
nem sempre recebia amor das pessoas estranhas e que não lhe conheciam o
caráter. Mas as desfeitas que recebia não lhe causavam mágoas, nem a deixava
triste. Perdoava sempre. Extremamente religiosa, rezava diariamente, três ou
mais vezes ao dia. Na maioria das vezes não pedia nada para si mas rogava a
Deus pelos aflitos e necessitados. Não possuía vícios. Nunca os teve. Seu
prazer era brincar com seus familiares e adorava dançar. Foi estudante sem
problema.
Nunca foi
preciso mandar fazer seus deveres escolares; foi sempre uma aluna querida e
exemplar. Suas notas sempre foram altas e nunca foi reprovada. Quando criança,
pequena demais em idade e muita adiantada nos estudos teve, por orientação
pedagógica, que esperar um ano, até que sua idade fosse compatível com o grau
de estudo em que estavam seus colegas de mesma idade. Nunca desobedecera pai e
mãe. Nunca atacou um irmão ou qualquer outra pessoa. Ficou moça. Era atleta.
Gostava de
equitação, natação, pescaria e de outros esportes como vôlei e futebol,
jogando-os muito bem. Sua beleza era natural. Possuía um corpo escultural e
para realçar essa beleza não era necessária a maquiagem. Possuía dezenas de
títulos de beleza e as vezes que não ganhou ficou em segundo lugar. Era denominada
e reconhecida pelo título “Rainha da Natureza”, que lhe foi conferido em
programa de televisão no Estado do Ceará. Com 27 anos de idade já estava
formada em Contabilidade, possuía Pós-Graduação em Auditoria e Pós-Graduação em
ReAdministração, cursava Direito e 21 dias antes de ser assassinada concluíra o
curso de Mestrado em Administração.
O tema da sua
Dissertação é: “Amazônia, Vida, Riqueza e Morte: O Turismo Sustentável como
Atividade Sócio-econômica para Ambientes de Significativas Mudanças Ecológicas”.
Nesse trabalho se mostra inconformada com a destruição da Floresta Amazônica e
preocupada com as origens e as conseqüências dos problemas Amazônicos, com o
futuro das gerações carentes, principalmente a população ribeirinha. Nesse
trabalho de pesquisa aponta as soluções para preservação da vida de todos os
seres que habitam a floresta.
No momento de
sua morte era Professora Universitária e, por seus próprios valores
reconhecidos documentalmente, seu caráter integro e sua aprovação nos testes
militares a que foi submetida, foi incorporada nas fileiras do Exército e
considerada “Combatente de Selva”, sendo designada para servir na 12a ICFEX,
onde desempenhou várias atividades, sendo uma delas “Tomadora de Contas”, uma
espécie de Fiscal dos trabalhos de outras Organizações Militares, onde era mais
orientadora e esclarecedora do que julgadora.
Como
Professora foi exemplar em todos os aspectos. Como Militar foi modelo de
virtude, um exemplo a ser seguido de devotamento à Pátria, amor à profissão,
camaradagem e espírito de corpo. Morreu em serviço, no cumprimento do dever, às
11:05 hs, do dia 02 de dezembro de 2002, em Manaus – AM, no interior do
aquartelamento onde servia, assassinada pelas costas, a punhal, por um
companheiro de farda e ex-namorado.
A Roxana foi
muito homenageada pela Comunidade Amazonense, seu nome é nome de uma importante
avenida de dupla via em Manaus, é também nome de uma eficiente e premiada
escola no bairro Colônia Oliveira Machado em Manaus, também é nome de
uma escola infantil da capital amazonense, foi também homenageada na Assembleia
Legislativa do Estado do Amazonas e nas Câmaras Municipais de Presidente
Figueiredo e de Manaus.
A contribuição
científica deixada pela Roxana Bonessi para a integração-desenvolvimento e
preservação da Amazônia foi um trabalho de pesquisa que realizou fundamentada
no Turismo Sustentável como alternativa sócio-econômica para uma região que
fora devastada pela construção da Hidrelétrica de Balbina, na Região de
presidente Figueiredo -Am – trabalho esse reconhecido mundialmente pelo BID
(Banco Interamericano de Desenvolvimento) e que estimulou o progresso ambiental
de todas as regiões ribeirinhas do Amazonas pelos recursos alocados desde então
pelo BID.
A Roxana foi
também homenageada pela Comunidade do Amazonas com dois monumentos, um no
bairro onde ela morava, monumento esse em homenagem as mulheres e crianças,
vítimas de violência no Amazonas e no Brasil, e outro monumento foi construído
como marco localizatório onde fora colocado o seu corpo por ocasião de sua
prematura morte. A Roxana nos deixou muitas saudades – somos agradecidos e
honrados por termos tido o privilegio de sua encantadora companhia.
Obrigado
Familia Bonessi
Texto extraído
do D24AM
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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