Por José Cícero da Silva
Cada um se
protegia como podia. A onda de crime desconhecia fronteiras e classe social de
maneira que acontecia tanto na zona rural quanto nas vilas e povoados mais
distantes. A exemplo do triste episódio ocorrido no dia 7 de novembro de 1877
na vila de Missão Nova; hoje distrito de Missão Velha-CE. Quando o temível
bando dos Viriatos oriundo da região de Boa Esperança (atual distrito de Iara
município de Barro) tomou de assalto a residência do mais rico e conhecido
fazendeiro da região naquela época, o sr. Joaquim Inácio da Costa que,
inclusive, ocupava a função de delegado de M. Velha. Sendo o mesmo barbaramente
assassinado dentro da sua própria residência juntamente com mais três
empregados que o ajudaram na defesa. Outros quatros ficaram gravemente feridos
durante o assalto à propriedade.
Conforme a
notícia divulgada pelo antigo jornal 'O Cearense' de Fortaleza, a esposa do
fazendeiro assassinado escapou face a providencial ajuda de um agregado que a
retirou do local durante os primeiros tiros fugindo pela vasta mata que existia
nos fundos da casa.
Além de muitas
joias e armas os Viriatos roubaram ainda uma boa quantidade em dinheiro.
Levaram-se
vários dias para que as autoridades da capital tomassem
conhecimento
real de tão lamentável fato. O presidente da então província do Ceará, Caetano
Estelita logo nomeou o tenente Alfredo da Costa Weyne para capturar tais
facínoras o quanto antes. A divulgação feita pelo jornal fez com que a
população e o parlamento
provincial
criticassem tal situação ao tempo que também exigiam do governo ações efetivas
e imediatas contra a criminidade interiorana. Dias depois num cerco ao sítio
Queimadas nas imediações de Boa Esperança onde os bandoleiros residiam resultou
na prisão de apenas dois dos integrantes do grupo. O restante, curiosamente
estava numa nova empreitada criminosa, desta feita na zona rural da Paraíba.
Após
investigações, soube-se que o bando que saqueou e matou na vila de Missão Nova
era formado pelos seguintes desordeiros: Luiz de Góis, Zé Ataíde e os irmãos
Viriatos num total de oitos bandidos dos mais temíveis e perversos. O próprio
jornal assim como a imprensa da época já chamavam a atenção para o perigo que
se abatera sobre o Cariri, bem como para o rápido surgimento de muitos bandos
de cangaceiros e da quase absoluta ausência da lei nestes grotões.
■ Prof. José Cícero.
* Informes:
Biblioteca
Nacional.
O cearense.
Cangaceiros e
viriatos- W. Leal.
*Foto:
Residência que pertenceu ao sr. Joaquim Inácio no distrito de M. Nova onde tudo
aconteceu.
https://www.facebook.com/josecicero.silva.33
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