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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

SEM A CABEÇA, AQUI FOI ENTERRADO O CANGACEIRO CANÁRIO.

 Por Rangel Alves da Costa

Setembro do ano de 38. No mês de julho, o Cangaço já havia chegado ao fim com a Chacina de Angico. Os cangaceiros que não haviam morrido nem se entregado, estavam em fuga pelas distâncias ou acoitados nas entranhas dos sertões, em meio a esconderijos catingueirentos, principalmente na região de Poço Redondo e Canindé de São Francisco, até que os ventos do destino lhes soprassem algum futuro. 

Os cangaceiros Canário e Penedinho.

Canário e Penedinho eram destes que permaneciam entufados nos matos, escondidos na Fazenda Cururipe, distando cerca de três quilômetros do então distrito de Poço Redondo, e não muito distante de Angico. 

A cangaceira Adília.

Adília, companheira de Canário, já havia se debandado pra Propriá. No Cururipe ficaram, pois, seu companheiro e seu primo Penedinho. Antes de tecerem as linhas de seus destinos, um episódio fatal colocaria fim à vida de Canário: foi morto, à traição, por Penedinho, pelas costas, num rompante de fúria que somente sua intenção poderia explicar. 

O cangaceiro Penedinho com a cabeça do cangaceiro Canário

Desejava se entregar, colocar-se nas mãos da volante, e mais de perto ao afamado comandante Zé Rufino, cujo quartel estava sediado na baiana Serra Negra, logo após a fronteira com Poço Redondo. Mas desejava se entregar levando consigo a notícia de que havia matado outro cangaceiro, pois seria a forma de não ser maltratado nem correr risco de morrer. Alguns dizem que o traidor cortou a cabeça do cangaceiro morto e a levou como troféu e prova do feito, mas assim não ocorreu. 

Tenente Zé Rufino

Canário foi degolado por Zé Rufino, que após tomar conhecimento do episódio, através do próprio Penedinho, prontamente se deslocou até Poço Redondo e seguiu até o Cururipe, onde encontrou o corpo morto debruçado sobre um lajedo, e logo puxou o punhal para a degola final. Como o cachorro do morto insistia em latir, logo foi acertado e calado de vez. Há muitos outros detalhes envolvendo tal episódio, mas fato é que depois disso a cabeça de Canário foi levada por Rufino pra Serra Negra. Nas terras do Cururipe restou apenas o restante do corpo do cangaceiro. Como o local da morte ficava entre lajedos e um pequeno córrego, e certamente não era o local mais apropriado para se abrir uma cova, então o restante do corpo foi enterrado em terreno mais firme e plano, alguns metros mais adiante, nos arredores do um umbuzeiro. Na foto abaixo, o exato local da sepultura do famoso e traído cangaceiro.

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