Clerisvaldo B. Chagas - 21 de abril de 2024
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica; 2.869
A história de Santana do Ipanema, fala em “tiro de guerra” na cidade desde os anos vinte. Esta unidade do Exército Brasileiro foi muito importante com a sua simples presença que ajudou a manter ao largo, o bando de Lampião, em 1926.No início dos anos 60 o tiro de guerra ainda permanecia na cidade, inclusive, com seus exercícios pelas ruas como a Antônio Tavares. Lembramos ainda que a sede da unidade ficava no andar térreo do “sobrado do meio da rua”. Na época em que Lampião passou pela zona rural de Santana, governava à cidade Benedito Melo e que naquele momento estava com crise de asma, quando recebeu notícias da aproximação dos bandidos. O comandante de polícia, recém chegado da zona da mata, estava com um medo triste de enfrentar Lampião.
Os civis resolutos da cidade, resolveram fazer um movimento em busca de armas e voluntário para enfrentar uma possível invasão. Inúmeros rifles foram descobertos e foi formada uma frente com os soldados do tiro de guerra, da polícia e com os civis, o que deu uma média de 40 e poucos homens. Foi feita uma trincheira com sacos de areia na entrada oeste da cidade, na Rua da Poeira. Ali os homens passaram uma noite aguardando a chegada de Virgulino Ferreira, diante de um frio intenso do inverno do meio do ano. Vale salientar que o padre Bulhões também caçou armas pela urbe. Finalmente amanheceu o dia com a surpresa do Sol nesse meio de inverno e os homens foram liberados para comerem massas numa padaria próxima. Nada de Lampião.
Mas se o bando, composto por mais de 100 homens, não penetrou na cidade, praticou vários assaltos na zona rural, antes da invasão à vila de Olho d’Água das Flores. Vale salientar que essas passagens cangaceiras por nossa região, foram registradas pelos escritores Valdemar de Souza Lima, Oscar Silva e alguns acontecimentos pelos escritores irmão, Floro e Darci d Araújo Melo. Governava o nosso estado o jornalista Costa Rego. Costa Rego foi aquele governador que diante de tantos telegramas de prefeitos do Sertão denunciando a presença do cangaceiro por aqui, respondeu ironicamente: “Quantos Lampiões existem?”. Contudo, quando chegou a Olho d’Água das Flores (Lampião já havia se retirado) pode contemplar a bagaceira deixada pelo bandido.
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