Por Beto Rueda
A
religiosidade e o banditismo no sertão nordestino sempre tiveram uma estreita
relação. O sentimento religioso do sertanejo era especialmente voltado para a
penitência e muitas vezes, ao fanatismo. A ligação entre padres e cangaceiros
sempre foi muito forte, despertando em ambos respeitos, admiração e ódio.
Joaquim de
Alencar Peixoto nasceu na cidade do Crato, Ceará, em 26 de abril de 1871.
Oriundo de tradicionais famílias do sertão cearense e pernambucano – Alencar e
Peixoto. Seus pais foram Felismino de Alencar Peixoto e Hortulana de Alencar
Peixoto. Seus avós paternos, Teodósio Marques de Abreu Peixoto (pernambucano) e
Joaquina Xavier de Jesus (de Missão Velha, Ceará); os maternos foram Francisco
Leão da França Alencar e Maria Leopoldina do Monte (de Exu, Pernambuco).
Iniciou os
seus estudos primários com os professores Raymundo Duarte de Moura e Manoel da
Penha de Carvalho Brito. No Colégio Venerável Ibiapina aprendeu português,
francês, latim e grego com o padre Joaquim José Teles Marrocos.
Cursou os Seminários
de São José do Crato a 17 de Março de 1891, Fortaleza, 1893, e no Estado da
Paraíba em 1895. Ordenou-se padre em 1897.
Foi nomeado
pároco das cidades de Saboeiros e Arneiroz, Ceará, em 1898. Exerceu importantes
funções.
De volta a sua
terra natal, fundou o "Ginásio Cratense", em 1903, e mais tarde o
"Sul do Ceará".
Em 15 de
agosto de 1907 mudou-se para Juazeiro do Norte, substituiu na capela de Nossa
Senhora das Dores, o padre Agio Maia.
Em 1909 fundou
o primeiro jornal juazeirense que tinha o título de “O Rebate”. As publicações
davam-se aos domingos até o dia 03 de setembro de 1911, data de seu último
exemplar.
Pelo forte e
combativo envolvimento político não obteve permissão para confessar e foi
suspenso de todas as ordens da igreja. A partir de então se inseriu na luta em
prol da independência de Juazeiro e a criação do município, o que aconteceu em
22 de julho de 1911. Depois da vitória em Juazeiro, por divergências com o
padre Cícero, deixou a cidade.
Foi pároco de
Belmonte, Pernambuco, no período de 02 de janeiro de 1917 a 23 de novembro de
1919. Foi nomeado como Pároco Encomendado de Granito, Pernambuco, em 16 de
dezembro de 1919.
Em setembro de
1926 Lampião entra em Granito acompanhado por mais de cem homens. A população
em pânico procura a casa paroquial como refúgio. Padre Peixoto procura Lampião
e chama o chefe dos cangaceiros para uma conversa. Depois do diálogo, os
invasores vão embora da cidade em paz, inclusive pagando as contas das bodegas.
O
comportamento crítico do padre Peixoto em relação às ações do padre Cícero e,
distante das brigas enciumadas de intelectuais e do poder financeiro, fez com
que ele se afastasse, como se fugindo de algo, morando pelo resto da vida em
lugares diferentes; Sabe-se que esteve morando num lugar chamado Sena
Madureira, no Acre, na Amazônia, em Mangas, Minas Gerais e em Rubiataba, Goiás.
Com o tempo
adquiriu problemas renais dos quais se queixava muito. Em 1950 quando visitou
Juazeiro do Norte era um homem pobre, velho e quase cego. Desiludido e por
poucos reconhecido.
O padre
Peixoto permaneceu lúcido até a madrugada de 24 de fevereiro de 1957 quando
faleceu em Rubiataba, Goiás, aos 85 anos e dez meses. Atestada a causa mortis
como “bronco pneumonia derivada de diversas causas”. Foi sepultado no Cemitério
Público da mesma cidade.
Sacerdote,
intelectual, político, grande orador, jornalista, poliglota, escritor de textos
em prosa e poesia, escritor de livros dentre os quais: “Juazeiro do Cariri” e
“À Margem de um Livro”. Destemido e polemista exaltado, fez história.
Mais uma
figura importante que cruzou o caminho do Rei do Cangaço.
REFERÊNCIAS:
JUNIOR, José
Peixoto. Padre Peixoto - intelectual, político, sacerdote. Goiânia: Kelps,
2007.
CAVALCANTE,
Francisco José Pereira. Padres do interior II - os padres da paróquia de nossa
senhora do bom conselho de Granito. Petrolina: Diocese de Petrolina, 2010.
CRUZ, Maria do
Rosário Lustosa da. Padre Joaquim de Alencar Peixoto: o baluarte da emancipação
política de Juazeiro. Fortaleza: IMEPH, 2012.
BARRETO,
Ângelo Osmiro. Misto de guerra e paz. Lampião Aceso, 02 nov. 2009. Disponível
em:<http://lampiaoaceso.blogspot.com/…/padres-e-cangaceiros.htm…>.
Acesso em: 25 mar.2020.
SEVERO,
Manoel. Padre Cícero e Virgulino. Cariri Cangaço, dez.2015. Disponível em:<http://xn--cariricangao-udb.blogspot.com/…/padre-cicero-e-virgulin…
https://www.facebook.com/groups/179428208932798
htttp://blogodmendesemendes.blogspot.com
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