Por Rangel Alves da Costa
Por esta porta o Coronel João Maria de Carvalho da Serra Negra entrava assim que chegava à sede da Fazenda São Clemente, uma de suas muitas propriedades nas vizinhas povoações de Serra Negra da Bahia e Poço Redondo, no sertão sergipano. Chegava sempre em lombo de formoso alazão, e assim que descia da sela logo gritava para que sua rede fosse estendida ali no alpendre, e no mesmo passo entrava pela porta em busca de água de pote. Eita água boa! Repousava sem imaginar que a porta ali pertinho logo seria testemunho de um dos episódios mais horrendos de toda a história do Cangaço. Ali no batente da porta (que desde muito sumiu), no mesmo local onde minhas “aprecatas” estão pisando, um inocente de pouco juízo chamado Zé Bonitinho, teve a cabeça decepada pelos cangaceiros comandados por Gato, na famosa Chacina do Couro, no ano de 32 em Poço Redondo. Depois de já terem matado cinco sertanejos mais atrás, os cangaceiros simplesmente ordenaram que Zé Bonitinho deitasse com a cabeça no batente. O inocente rapaz, de pouco juízo, foi logo deitando. E no instante seguinte sua cabeça já estava separada do corpo. A porta continua lá, o velho batente tomou um fim que ninguém sabe, mas a história já disse que não sai daí de jeito nenhum, nem que chegue Lampião, Gato, Zé Baiano, e o escambau...
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