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terça-feira, 28 de junho de 2011

O caipira eternamente apaixonado...


 Por: Alcino Alves Costa

 

            Apesar de uma correlação muito forte, enganosa e parecida entre amor físico e amor espiritual, estes dois sentimentos são absurdamente opostos. O amor físico é construído através de paixão ardente, detentora de vigorosas chamas, porém este amor nascido de um sentimento extremado e obsessivo, transformado em um doentio desejo, é puramente sexual, é fugaz, efêmero, passageiro e sem constância nenhuma. Paixão amorosa que prima pelo desejo de um instante de uma conjunção carnal, o prazer esfogueado do sexo, mas que, após algum tempo de verdadeira luxúria cai no desânimo da própria carne e desemboca pelo caminho triste da decepção, do infortúnio e do desprezo de um ou outro parceiro.

             A paixão física, que na maioria das vezes se torna aloucada, doentia e ao mesmo tempo frágil, costuma trazer em seu bojo sofrimentos, angústias e aflições sem limites. O inverso é o amor espiritual. Este é calmo, sereno, sublime, duradouro, repleto de prazer e felicidade. Diferentemente dessa paixão, desse amor físico que é um sentimento de muita ardência e de elevado grau de intensidade, mas, quase sempre, voltado para os apelos físicos, o amor espiritual é um sentimento sublime, repleto de magia e encantamento, feito e criado dentro de uma dedicação absoluta, repleto de compreensão, simpatia, amizade e afeição. Felizes são aqueles que se amam espiritualmente. O amor espiritual, aquele que um ser humano sente por outro é uma dádiva divina, um presente de Deus. É nesta junção, corpo e alma, que se pode perfeitamente afirmar, ser este o verdadeiro amor, o amor na abragência da palavra, o amor perene e quase que imortal. A sublimação do amor espiritual é algo que tem o dom da felicidade; a magia do bem querer e do bem viver das pessoas; este presente de Deus é uma ventura daquele que teve a graça divina de possuir este tesouro da vida.


            Mesmo quando o amor espiritual é unilateral, aquele que traz esta sensibilidade afetiva jamais descamba para o abismo do ódio em relação à pessoa amada. Com o passar dos anos, após perder as esperanças, o portador desse altíssimo grau de sublimidade, guarda este tão singelo e afetuoso proceder lá longe no escondido de seu próprio coração. No entanto, este sentimento ficará intacto. Em tempo algum será destruído da história de sua vida. Nada neste mundo fará com que este mágico legado dos deuses do amor feneça, morra ou se retire daquele que um dia guardou em seu coração a magnificência de um verdadeiro amor.
           É necessário que se saiba diferenciar a grandiosidade do amor espiritual. Existem aqueles nascidos do próprio sangue, o sagrado amor de pais, filhos e irmãos; aquele amor respeitoso e cheio de sinceridade que existia nos tempos de outrora entre pessoas que se gloriava da palavra amigo, mas que, infelizmente, praticamente inexistente nos dias atuais. Além desses, existia aquele que envolvia de felicidade o homem e a mulher, quando eles dois se amavam com todas as forças de seus corações; quando eles sentiam em seu corpo e em sua alma um amor muito maior do que o desejo do sexo. Não se imagine que o sexo seja algo sem muita importância. O sexo é vital na vida do macho e da fêmea. Mas, o amor que ultrapassa a barreira e a necessidade da carne e atinge os pontos insondáveis e misteriosos do espírito é u m amor muito além desse que é também uma dádiva da natureza, a cópula maravilhosa entre um homem e uma mulher foi, é e será através das eras um especialíssimo presente nos oferecidos pelos poderes divinos.
             Nada se compara a uma casal, um homem e uma mulher que se ama verdadeiramente; um homem e uma mulher que sejam plenos de cumplicidade entre eles; um homem e uma mulher que viva a vida do outro com prazer e alegria; um homem e uma mulher que um entregue o seu corpo ao outro num acasalamento perfeito e sublime.


            É certo! Eu sei que você sabe, todos nós sabemos que nos dias tortuosos e sem amor em que vivemos tudo isto não passa de uma utopia. Falar de amor, de respeito e de consideração é coisa de um tempo que ficou lá longe, na distância daqueles que viveram os idos do passado; passado que os pobres coitados das novas eras consideram o tempo de um povo inculto e ignorante. A cumplicidade, o bem querer, o amor, a felicidade mútua, são coisas velhas, arcaicas que servem apenas de achincalhe e ironia – assim alardeiam os insensíveis da modernidade.
           Todos esses valores culturais caíram no mais completo desuso. A moda é “ficar”, mesmo sem conhecer e nem saber quem é o parceiro ou parceira que irá com ele ou ela para um encontro íntimo, na ânsia de um coito que poderá trazer severas consequências.
           Mesmo nos sertões mais distantes e atrasados a mocinha sertaneja, ainda no florir de sua juventude, cuida em perder a sua virgindade porque se sente envergonhada de não conhecer o sexo. O que esta pobre coitada não imagina é que ela está correndo um perigo grandioso de cair nas profundezas de um abismo sem volta; muitas delas com um filhinho nos braços, dependendo da aposentadoria de seus pais ou avós.
          Os novos tempos. Os tempos da modernidade em que vivemos. Estes tempos insensíveis e cruéis, quer acabar e assassinar o amor. O amor é imortal e eterno.  Uma pergunta: Você se ama?

Alcino Alves Costa; o Caipira de Poço Redondo
Publicado, no dia 26 de abril de 2011, pelo JORNAL DA CIDADE, Aracaju




Extraído do blog: "Cariri Cangaço"

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