Por João de Sousa Lima
Um pequeno e
belo conjunto de construções populares, em meio à paisagem rústica do semiárido
baiano, descortina-se com a visita ao Riacho, povoado distante 25 quilômetros
de Paulo Afonso, situado à beira da Rodovia BR-110. Ali se encontram as ruínas
da casa de dona Generosa, coiteira de Lampião, famosa por promover bailes
perfumados que atraíam os cangaceiros pelo sertão.
O conjunto
engloba ainda uma capela com um cruzeiro em frente ao cemitério contíguo. Logo
adiante, mais três casas deterioradas, tudo emoldurado pela imponente Serra do
Umbuzeiro, o ponto mais alto do município, com mais de 500 metros acima do
nível do mar. Um prato cheio para pesquisadores do cangaço.
Diz a lenda
que o perfume usado por Lampião era tão forte que todos se escondiam quando
percebiam sua presença pelo cheiro vindo lá da serra. E dona Generosa então preparava
o baile para o rei do cangaço e seu bando, que andaram também pelo Raso da
Catarina, reserva ecológica e indígena que serviu de abrigo para os
cangaceiros e também integra o roteiro do cangaço em Paulo Afonso.
Cenário
Generosa Gomes
de Sá, que morreu na década de 1950, aos 114 anos de idade, "contratava as
mulheres e os músicos e fazia os bailes. O que a gente chama de forró,
eles chamavam de baile. Mas tudo era feito no maior respeito", informa o
historiador e escritor João de Sousa Lima.
Ele destaca os
símbolos esculpidos pela coiteira na capela, que são as mesmas estrelas
que aparecem nos chapéus dos cangaceiros. "Tanto as orações quanto
esses símbolos eram para pedir proteção divina", diz.
Autor de nove
livros, o historiador conta que as casas e a capela foram construídas por dona
Generosa em 1900, que contratou pedreiros de Pernambuco para fazer o adobe,
pois na região se erguiam imóveis apenas de taipa. Tudo aquilo, acrescenta,
"forma um dos mais espetaculares conjuntos arquitetônicos". Um
cenário cada vez mais determinante em meio à rota que define, pelos nove
estados da Região Nordeste, os caminhos percorridos por Virgulino Ferreira da
Silva, o Lampião, morto na Grota do Angico, em Canindé de São Francisco (SE),
em julho de 1938.
As construções
de alvenaria erguidas em um sertão remoto chamam a atenção em meio à vegetação
típica.
Restam poucas
paredes em pé, sobretudo da casa onde aconteciam os bailes perfumados, que
sobressaem pela espessura e formato, em contraposição à taipa usada normalmente
naquela época e lugar. Dona Generosa não teve filhos, mas construiu as outras
três casas para os adotivos, conta João de Sousa Lima.
A 13
quilômetros do Riacho, no povoado de Malhada da Caiçara, encontra-se a
casa em que Maria Bonita morou antes de fugir com o bando de Lampião.
Transformada em museu, ali podem ser contemplados objetos, referências e
reproduções de fotos do cangaço.
Perto,
ergue-se a Serra do Umbuzeiro, de onde se avistam Delmiro Gouveia e toda a
cidade de Paulo Afonso. Entre os atrativos, também, o Raso da Catarina, maior
reserva de caatinga do mundo, distante cerca de 48 quilômetros do centro de
Paulo Afonso.
São destinos
que precisam ser melhor explorados, segundo o presidente do Sindicato de
Turismo da Bahia (Sindetur), Luiz Augusto Leão Costa.
Enviado pelo escritor e pesquisador do cangaço João de Sousa Lima
http://www.joaodesousalima.com/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Pergunto Mendes e João de Sousa Lima: Como não haver jovens e mais jovens ingressando no cangaço, com toda essa facilidade em termos de aceitação por parte de determinadas pessoas de destaque na Sociedade?
ResponderExcluirÉ por essas e outras que o cangaço não pode ser estudado e disseminado à toque de caixa, e sim, um estudo aprofundado nas raízes da sua origem.
Abraços Mendes; abraços o João que também me enviou por E-mail.
Antonio Oliveira desta nossa Serrinha da Bahia.