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segunda-feira, 7 de julho de 2014

CHAGA VALADÃO X JOAQUIM CATANÃ

Por Heitor Feitosa Macêdo
           
Joaquim Leandro Maciel, ou Francisco de Assis Brasil, vulgo Joaquim Catanã, era um temido pistoleiro que agia entre os estados do Ceará, Paraíba e Piauí, em meados da década de 1950.

O pistoleiro, Joaquim Catanã.

Era natural de São João do Rio do Peixe, na Paraíba, e abraçou a vida do crime aos dezessete anos, quando vingou a morte de seu pai, um pequeno agricultor assassinado por questões de terra. Era só o começo de uma vida de crimes. A partir de então, começou a matar por dinheiro, quase sempre sob a ordem dos babaquaras da época.
         
Em certa ocasião, homiziou-se em Valença, no Piauí, onde viveu como agricultor por alguns anos, com uma falsa identidade, até que em 1947 muda-se para Crateús, no Ceará, onde reiniciou a vida de crimes.[1]
         
Conta-se que quando se encomendava a morte de alguém a esse assassino, ao mostrar-lhe a foto da vítima, Catanã expressava-se energicamente: “Já estou com raiva”. Outra peculiaridade dele era usar de um “senso ético às avessas”, pois reza a tradição que quando empreitava para matar certa vítima, se esta lhe parecesse boa gente, findava preservando-lhe a vida em detrimento do mandante, que acabava sendo morto pelo mesmo matador dantes contratado. Catanã além de justiceiro também era judicioso.
         
Não tardou para que os serviços do célebre pistoleiro fossem locados para por fim a mais uma vida. Desta vez o alvo era o prefeito de Aiuaba, Armando Arrais Feitosa. Catanã, em seu iter criminis aproximou-se da casa do prefeito, pelo flanco, agachado por entre as madeiras empilhadas, ardilosamente engendrando a emboscada.
         
Contudo, em seu desfavor, algumas crianças brincavam naquele mesmo perímetro, e foram ter por esconderijo o mesmo lugar que o pistoleiro pusera-se à sorrelfa. Irritado, ele ainda relhou com as crianças, mandando-as partirem para longe de sua tocaia.
         
Imediatamente a meninada alardeou sobre a presença de um homem ocultado no oitão da casa. Isso foi o bastante para que o intento facinoroso se frustrasse, cabendo ao bandido “ganhar o mato”.

Chaga Valadão

Mais uma perseguição é iniciada, tendo a dianteira Chaga Valadão, novamente requisitado pelo Tenente Arnau ao patrão daquele, Zé Solano. Seguindo o rastro do foragido, vão esbarrar na porteira da Fazenda Murzela, pertencente a “Sá Tonha”, no município de Aiuaba.
Chaga ao reconhecer aquela propriedade como sendo de gente aparentada de seu patrão, recusou-se a invadi-la, comunicando expressamente ao Tenente Arnau, que ainda relutava em sede de alcançar o foragido. Então, em face do contumaz Tenente, o rastejador propôs que contornassem aquela fazenda e esperassem Catanã à margem do Rio Jaguaribe. Mas, essa manobra ficara frustrada, ante a fuga do pertinaz pistoleiro.
         
Os senhores da Murzela ficaram gratos por Chaga ter respeitado os limites de seus domínios, presenteando-o com um cordeiro e uma enorme consideração. No fundo, Chaga sabia das consequências de ignorar um valhacouto, pois, para um bandido livrar-se de qualquer pesrseguição, bastava transpor os cercados dos poderosos fazendeiros.

Armando Arrais Feitora

Por fim, Armando Arrais findou sendo assassinado por mãos de outros pistoleiros, no alpendre de sua casa no dia 1º de maio de 1972, por intrigas políticas fomentadas dentro de seu próprio círculo familiar.[2] Joaquim Catanã, depois de preso na Capital do Ceará, em consequência de outros crimes, foi transferido para um presídio em Terezina, onde se mostrava arrependido de seus desatinos, debruçado sobre livros de direito. No entanto, vez por outra saía do presídio para ceifar mais vidas, até que foi morto por envenenamento.  

[1] Fortes, José. As façanhas do pistoleiro Catanã. Meionorte.com. 25/11/2008. Disponível em: 
Acesso em: 05/04/2011.
[2] Grande parte dessa narrativa foi confidenciada pelo irmão mais velho de Chaga Valadão, José Francisco Valadão, em entrevista cedida no ano de 2010.

http://estoriasehistoria-heitor.blogspot.com.br/2013/03/chaga-valadao-x-joaquim-catana.html

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