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quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A Bodega de Antônio Sigueira

Por José Cícero

Nunca me esqueço do Seu Antonio Siqueira... da sua bodega; do designer de seu belo balcão de cedro curvado e liso pela ação dos anos. Do seu jeito manso, austero e fino - o homem mais bem informado daquele lugar num tempo em que até o rádio era um privilégio para poucos.

Menino curioso sempre o escutava contando as notícias que ouvia no seu aparelho de válvulas, para o povo da comunidade. Todos o tinham como um delegado (juiz de paz), resolvia muitas encrencas entre os matutos com a tenacidade da sua voz embasada no bom conceito que detinha. Era uma figura singular e respeitado por todos.


Longe e já homem feito fiquei profundamente triste quando soube que morrera tragicamente em Missão Velha num acidente rodoviário. Triste fiquei igualmente quando estes dias vindo do Juazeiro onde fui escolher um carro resolvi à francesa entrar na Missão Nova. O pequeno povoado dantes alegre em que vivi parte importante da minha infância. 

Contudo fiquei desolado quando não avistei o velho prédio da sua bodega (agora totalmente descaracterizado, tampouco a casa da minha vó), nem o brejo, nem as árvores, nem a cacimba, nem o engenho, nem a levada-riacho que trazia a água do pé da serra, nada... apenas a capela ainda está lá quase como no passado agora com um Santo Antonio (assim como eu) meio desolado pela saudades de um passado que não voltará jamais. 

Missão Nova agora é apenas uma grande lembrança que nunca me deixará; onde quer que eu vá, onde quer que eu ande. 

E seu Antonio Siqueira seguramente é parte desta minha história, dentre tantos outros personagens da velha Missão Nova que não existe mais.

José Cícero - Aurora, CE
Pesquisador, Escritor
Conselheiro do Cariri Cangaço

http://cariricangaco.blogspot.com.br/2014/12/a-bodega-de-antonio-sigueira-porjose.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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