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quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Cangaço - VI

Material do acervo do pesquisador Antonio Morais

Bando do Sinhô Pereira.

Em Março de 1920, os filhos mais velhos do Ferreira ingressam no Bando de Sebastião Pereira, conhecido por Sinhô Pereira, que vivia em luta contra os Nogueiras e os Carvalhos. Tempos depois, na altura da fronteira de Pernanbuco com a Paraíba, o grupo descia Serra Talhada tangido por tenaz perseguição das volantes. No confronto da fazenda de Neco Alves, parente de Pereira, avistaram uns homens, julgaram tratar-se de companheiros. “Lampião ia na frente, despreocupado, com os dois irmãos. Os soldados atiraram e erraram. Virgulino ao procurar livrar-se dos projeteis, perdeu o chapéu; Voltou para apanhá-lo. Nesse instante, recebeu “ dois tiros”, um na virilha e outro acima do peito. Saiu andando e caiu. 
Senhor Pereira chamou o Dr. Mota, médico da família, que após o exame disse: “ Nunca vi tanta sorte”. Por um triz as balas pegavam a bexiga e espinha. Se fosse carabina teria pegado”. Depois desse batismo, Lampião resguardava-se muito.

Senhor Pereira adoece. O mal se agrava. O reumatismo tolhia-lhe os movimentos. Sentia-se sem condições de continuar. Em fins de Agosto de 1922, na Fazenda Preá, município cearense de Jardim, despede-se do cangaço. Foge com dois comparsas para Goiás. 

Lampião que o acompanhava há dois anos, assume a chefia do grupo – quinze homens e os irmãos. Permaneceu no posto até a morte. 

Dezesseis anos de banditismo profissional – de terror no sertão. Antes de deixar Pernambuco, Sebastião incendiou um comboio de algodão do prefeito Luiz Gonzaga, da Vila de Belmonte. O cidadão Ioio Maroto, acusado de coiteiro, recebia na sua Fazenda são Cristóvão, o primo Sebastião. Luiz vingou-se. Mandou o tenente Montenegro com uns soldados a propriedade. Surraram Ioio e as filhas. Era a suprema desmoralização! Sinhô Pereira tomou-lhe as dores. Não Perdoou. Ao despedir-se Virgulino relembrou o acerto:


- Adeus compadre! Seja feliz! Espero que não falte ao prometido! 


- Não falto não, Sinhô. Pode ir descansado. Luiz Gonzaga é homem morto a estas horas. 

Palavra data era fato consumado. Virgulino entrou em Belmonte com sessenta e cinco homens debaixo de balas. Perdeu dois cabras. Cercou a residência de Gonzaga, que ao tentar esconder-se no sótão, levou uma queda fatal, arrebentando a cabeça no chão. O Vilabelense despojou-o do anel de bacharel. Arrastaram o corpo para frente da casa. Jogaram-lhe roupas em cima. Despejaram querosene e fizeram uma fogueira. A notícia correu o sertão. Ouvia-se nas feiras:

Ioiô foi desfeitado
Nós prometemos vingar
Montenegro deu a surra
Gonzaga é quem vai pagar.

Raul Fernandes

CONTINUA...

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