Seguidores

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Versos para Mossoró e Tibau

Chumbo Pinheiro - Pesquisador

Especial para o Expressão

Um dos maiores legados da história da humanidade deixou-nos Homero, o poeta grego. Com suas Ilíadas e Odisseia, através da poesia, revela-se o pensamento de uma época, registram-se os fatos, descreve-se a geografia física e humana de uma cidade, de um povo; o imaginário e mitológico que constituem a cultura de um lugar ao longo do tempo; permanências, tradições, diferenças e mudanças que marcam indelevelmente a memória dos homens e mulheres.

Aprendemos com as lições do passado e ainda que guardemos nossas singularidades culturais, nossas maneiras de pensar, criar, agir, expressar, diferenciarmo-nos uns dos outros e olhamos o mundo do nosso próprio jeito, trazemos em cada um de nós a mesma essência humana e o desejo de revelar tal Homero a nossa saga, a nossa história, heróis, batalhas e os momentos mais difíceis, bem como, as nossas vitórias, o cotidiano, suas belezas e agruras.

Em uma antologia poética organizada por David de Medeiros Leite e José Edilson A. G. Segundo notamos o cuidado com o qual eles apresentam Mossoró e Tibau, cidades do coração de muitos potiguares e não potiguares. Mistérios do povo cantados por muitos poetas, como Homero, o potiguar, Homero Homem em: “Conversa de cangaceiros a cavalo no dia em atacaram Mossoró” dedicado aos defensores da terra na palavra e na luta como aparece no verso: “Chouto: Arriba de barbicacho/O Sol tiniu de raios/De escamas e piau/E de malacacheta/A luz do meu chapéu/De couro de vaqueiro”.

A Antologia revela também um pouco da história da literatura ao trazer em suas páginas “Mossoró livre” poema de autoria de Tobias Monteiro, publicado em 30/09/1883, no Jornal Correio de Natal em homenagem a Abolição dos escravos.

São várias as vozes e os estilos que reunidos anunciam, cantam e denunciam os bens e os males que transpassam a cidade de Mossoró e a praia de Tibau e sua gente, seu passado e seu presente. Versos como os de Gilbamar de Oliveira Barros na poesia “Areias coloridas de Tibau”, nas quais se inspirou para através de um olhar ecológico cantar a beleza natural que se tornou símbolo da terra e que o uso indiscriminado está levando a extinção:

“… parecem desfalecer/Estão desnudos, tiraram-lhes as vestimentas,/Tentam apagar de vez as nuances de seus tons/Rasgam seus ventres para levar suas entranhas/Multicoloridas para o útero das garrafas sem vida.”

A voz da poesia contemporânea ecoa forte nos versos de Florina da Escóssia, destaque da orelha escrita por um dos mais importantes poetas da atualidade do nosso Estado, Paulo de Tarso Correia de Melo e de Ângela Pereira Gurgel que revela o crescimento da cidade e a desigualdade social tão marcante, que poetas comprometidos e sonhadores teimam em cantar na esperança de um dia algo mudar, um dia onde o sol brilhe com a mesma intensidade para todos e retire das trevas da falta de saúde, educação, saneamento e das ruas, irmãos brasileiros que vivem a margem nas calçadas e favelas.

Enfim, nomes que orgulham a nossa origem e a produção literária potiguar, poetas consagrados e outros que se revelam foram reunidos, seus cânticos e louvores à saga de Mossoró e a beleza de Tibau em uma antologia que nos aproxima emocionalmente do oeste do Rio Grande do Norte e alimenta o desejo de conhecer os lugares históricos e banharmo-nos nas águas tibauenses.


Enviado pelo poeta, escritor e pesquisador do cangaço José Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário