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domingo, 4 de setembro de 2016

"A GUERRA DO FIM DO MUNDO" – CANUDOS, VATE DO BEATO ANTÔNIO CONSELHEIRO


....O Sertão Anárquico de Lampião (p.135)....TRECHO

O cearense Antônio Vicente Mendes Maciel, o beato Conselheiro, e a longa jornada consiliária que culminou na batalha dos esquecidos. É preciso volver àquele período em que principiou a saga de facciosismo religioso ao extremo.


Esvaiu-se a face da esperança do sertanejo internado na caatinga; seria preciso novo padroeiro, nem que portasse um para-fogo.

Com o fim de Antônio Conselheiro (1897), no mesmo ano, outro anteparo social nascia: Virgulino Ferreira Lampião.

Fiquemos no chão com o para-fogo Antônio Vicente Conselheiro. Na virada do século, o alvorecer do ano de 1901, somente o messianismo castificado trazia esperanças renovadas para os sertanejos, eterna esperança!


Quatro anos antes o sertão fora sacudido pela boa nova na peregrinação arrebatada de Antônio Conselheiro, figura venerada pelos pobres, que o seguiam pelas brenhas ressequidas da caatinga há algum tempo, quando zarpou, desvairado, de Quixeramobim, Ceará.


De poucas e incultas gentes, esquecidas nos beirais do agreste solo, trastes humanos usurpados e com mínima esperança, cresceu a multidão de caminhantes, espantalhos da sequidão, que viviam em penúria quase nômade, com breves paradas em corrutelas isoladas.


Pregava no meio deles a salvação da alma e a esperança... 

Em meio ao silêncio quebrado pelo berro dos bodes e cabras, uma voz alteada cortava a modorra das manhãs e se mantinha firme no entardecer. Voz imprecativa, emitida por um homem estranho, trajando roupa sem adorno e segurando uma vara de bordão.


Usava vestimentas de pano acinzentado grosso, cabelos longos embaraçados, barba espessa. Os gritos de Antônio Maciel, no entanto, faziam a gente inculta se aproximar dele mais para espreitar do que por compreender a fala.


De Conselheiro, bem cantou em versos o poeta popular do Assaré, declinados ao pé da chapada do Araripe, do Ceará (que vem de aça-ré, que quer dizer "atalho").


Cada um na vida tem seu direito de julgar.
Como tenho o meu também, com razão quero falar,
Nestes meus versos singelos, mas de sentimentos belos
Sobre um grande brasileiro, cearense, meu conterrâneo.
Líder sensato, espontâneo, nosso Antônio Conselheiro.

Patativa do Assaré

No vate esplendoroso de Euclides da Cunha: “Prenunciava-o a República – pecado mortal de um povo –, heresia suprema indicadora do triunfo efêmero do Anticristo”. E o imperador dera motivos.

Sahiu D. Pedro segundo
Para o reino de Lisboa
Acabou-se a monarchia
O Brasil ficou atôa!
“Os Sertões”, I, 273
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Gravura: J. Vaqueiro.

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