Por Edson Alencar
No dia 13 de Maio último dr.
Onaldo Queiroga publicou no jornal Correio da Paraíba a crônica intitulada O Médico
e a Tempestade, página A6, canto inferior direito. Conta ele ali de uma noite
de muita chuva, raios e trovões em Pombal, cuja consequência foi uma pessoa
morta e duas outras seriamente feridas. O fato lhe foi narrado pelo pai, o
desembargador Antônio Elias, então contando 12 anos de idade, pela data
fornecida: Março de 1948(na verdade só a 17 de agosto daquele ano os
completaria).Antônio Elias acompanhara o irmão médico, dr. Avelino, no
atendimento às vítimas.
Eu gostaria de fazer alguns
esclarecimentos. A pessoa que perdeu a vida, a sogra de Chico Galego(Francisco
Freitas Nóbrega 1929 - 1989),era minha tia - avó e chamava-se Deolinda Maria de
Alencar(foto),familiarmente tratada pelo velacho de Dulú; nascida aos 04 de
dezembro de 1908 e falecida a 22 DE ABRIL DE 1949,VITIMADA POR UM RAIO, tal
como o sacristão Carlos e o trapezista do Circo Nerino, estes últimos tendo
mais sorte sobreviveram.
Em depoimento à filha Fabiana, a
meu pedido, tia Cecília Alencar fornece importantes detalhes do ocorrido. Deolinda
fora a um ato religioso na rua João Pessoa. Estava bonito pra chover, preparado.
Finda a cerimônia, ela e outras pessoas voltaram para casa. Começou a chover e
elas foram abrigar-se na casa de Gertrudes, que fazia colchões, e ficava junto
da galeria da Brasil Oiticica, a " ponte “, como chamavam. Foi aí que o
raio a atingiu e ás outras pessoas (inclusive a dona da casa). Deolinda morreu
instantaneamente.Tia Dulú, continua a depoente, morava aqui na rua Nova, numa
casa pegada à das Fontes (Chiquinha, Naninha, Cláudia),do lado da igreja.
Em A União de 26 de abril de
1949, página 3, encontrei este registro do fato, que reproduzo na íntegra:
CHOVE TORRENCIALMENTE EM POMBAL.
Em consequência da queda de uma
faísca 14 pessoas foram feridas - A ação do corpo médico local
Chuvas torrenciais estão caindo
em diversos municípios sertanejos com fortes trovoadas e relâmpagos.
Ontem, recebemos dois despachos telegráficos procedentes de Pombal, comunicando-nos
que aquele município está sob o mais forte temporal, cujas consequências foram
desastrosas para a população.
Transcrevemos abaixo os referidos despachos, enviados pelo nosso correspondente
naquele município:
POMBAL,25 - Comunico que ontem à
noite, forte chuva caiu nesta cidade, acompanhada de trovoadas e relâmpagos, tendo
em consequência da queda de uma faísca, falecido a sra. Eulina Maia Alencar {erro
do correspondente ou de impressão?}, esposa do comerciante Antônio Felinto {de}
Souza, ficando enfermas as srtas. Geni e Genilda Alencar, filhas do referido
casal.
Ficou enferma ainda a mulher Wildrudes Maria {outro deslize; era a dona da
casa}, a qual está fora de perigo, dada a eficiente ação do corpo médico desta
cidade. Houve outras vítimas.
14 Pessoas Acidentadas
POMBAL,25 - Informo sobre as
chuvas caídas ontem, neste município, que o total de pessoas acidentadas em
consequência da faísca elétrica do relâmpago, é de 14 pessoas, duas, segundo
informações, em estado grave. Irei relacionar os nomes das pessoas {se fez
isso, não foi publicado}.
Temos desse modo 14 vítimas e não
três. E uma dúvida sobre a hierarquia dos fenômenos naturais: vem primeiro o
trovão - como registra o jornal - ou o raio? Eu aprendi que a luz é mais rápida
que o som. Portanto a primazia é do raio. Se o correspondente não fosse tão
obtuso, teria aproveitado o título do segundo telegrama para mandar a lista com
o nome das mesmas. Porque reparando bem o segundo já está contido no primeiro. Santo
despreparo, Batman! E esses dois dias de diferença entre a data da morte e a atribuída
ao aguaceiro? Não me dizem nada. Inclino-me para as informações ouvidas da boca
da filha Genilda, viúva de Chico Galego, ditas no terraço de minha casa, e
coincidentemente acompanhada dessa sua irmã mais velha Geni (1928 - 2013). É o
quanto me basta.
Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço Benedito Vasconcelos Mendes
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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