Por Francisco de Paula Melo Aguiar
José Francisco de
Paula Cavalcanti¹, o “Coronel Cazuza Trombone”, proprietário rural dos engenhos:
Massangana e Santana, e Deputado Estadual à Constituinte da Paraíba pelo
Partido Progressista, eleito com 25.814 (vinte e cinco mil, oitocentos e
quatorze) votos, conforme ata da primeira diplomação de deputados estaduais à
constituinte paraibana do Tribunal de Justiça Eleitoral do Estado da Paraíba de
10 de Janeiro de 1935²/³, nasceu em 25 de Janeiro de 1853, natural de Itambé,
Estado de Pernambuco, e faleceu em 26 de Fevereiro de 1941, com 88 (oitenta e
oito) anos de idade no Engenho Massangana, cujo corpo foi sepultado na Capela
do Engenho Santana, no município Cruz do Espírito Santo, Estado da Paraíba,
diante dos olhos de seus familiares, lideranças políticas, correligionários, moradores
e eleitores com grande comoção. Ele é filho único de Pedro da Cunha Andrade de Albuquerque4 e Alexandrina Lins de
Albuquerque5, ambos com data de nascimento e de falecimento estimada entre 1788
e 1848.
O coronel Cazuza Trombone casou-se em primeiras núpcias com Luzia Lins Cavalcanti6, nascida em 1º (primeiro) de Janeiro de 1865, natural de Itambé, Estado de Pernambuco, e falecida em 25 de Outubro de 1920, com 55 (cinqüenta e cinco) anos de idade, no Engenho Massangana, Cruz do Espírito Santo, Estado da Paraíba. Luzia Lins é filha de José Lins Cavalcanti de Albuquerque7 (chamado carinhosamente por seus familiares, empregados e criados de “Bubú”), nascido em 29 de junho de 1836, natural de Itambé, Estado de Pernambuco; e falecido em 20 de maio de 1926, no Engenho Corredor, município de Pilar, Estado da Paraíba, (é importante mencionar que Antônio Leitão Vieira de Melo e Luzia Cavalcanti Lins de Albuquerque, são os pais de “Bubú”) e Joana Bezerra8, nascida em 7 de maio de 1845, natural de Itambé, Estado de Pernambuco (filha de João Álvares de Carvalho Cesar e Antônia do Monte Cavalcanti Junior) e falecida em 13 de novembro de 1920, no Engenho Corredor, Município de Pilar, Estado da Paraíba, com 75 (setenta e cinco anos de idade). O coronel Bubú e sua esposa Joana Bezerra tiveram os seguintes filhos: Luzia Lins Cavalcanti; Antônio Lins Albuquerque; Isabel Lins Cavalcanti; Antônio Monte Lins de Albuquerque; Maria Lins Cavalcanti de Albuquerque; Sergio Lins Cavalcanti e Amélia Lins Cavalcanti (a mãe do escritor José Lins do Rego Cavalcanti).
É importante mencionar de que o coronel “Bubú” e Joana Bezerra, faziam parte da aristocracia açucareira dominante no nordeste do Brasil no século XIX e até a primeira metade do século XX, de modo que eram proprietários e senhores de vários engenhos na Várzea do Paraíba, dentre os quais: Santana, Massangana, Itapuá e o Engenho Corredor, berço natal do escritor José Lins do Rego Cavalcanti, seu neto.
Do casamento do Coronel Cazuza Trombone com Luzia Lins, nasceu à filha única Andradina Lins Cavalcanti9, em 21 de Agosto de 1901, no Engenho Massangana, Município de Cruz do Espírito Santo, Estado da Paraíba, e que casou-se com José da Cunha Coelho10, nascido em 3 de abril de 1895, natural de Sapé, Estado da Paraíba, filho de Simplício Alves Coelho e de Emilia da Cunha Coelho, ambos falecidos e sepultados no Cemitério Nossa Senhora da Assunção, em Sapé, Estado da Paraíba.
Andradina e José da Cunha Coelho tiveram os filhos.: Geni (casou-se com o agropecuarista e médico José Marinho Falcão), Simplício (casou-se com Terezinha Lins Falcão), José Hildebrando (casou-se com Ivone Lins Falcão), Terezinha (casou com Antônio Vieira de Melo), Inês (casou-se com Bráz), Bartolomeu (casou-se com Maria José – “Zezé”) e Plácido da Cunha Coelho (casou-se com Risomar Panta). São estes os netos de Cazuza Trombone e Luzia Lins Cavalcanti. Com o falecimento de Luzia Lins Cavalcanti em 1920, o Coronel Cazuza Trombone casou-se em segundas núpcias com Maria Augusta Lins Cavalcanti, sobrinha de sua falecida esposa. Do segundo casamento não houve filho. É um cidadão honrado e de grandes posses, porém de poucas letras, sua vida foi sempre dedicada ao trabalho agroindustrial de seu tempo.
A vida parlamentar do Deputado e Coronel Cazuza Trombone é marcada por lutas em favor da coletividade da várzea do Paraíba, fato esse demonstrado quando:
[...] Em 1914 outra grande enchente do Rio Paraíba obrigou a sede do
município passar para o município de Sapé até 1935 quando o Coronel José
Francisco de Paula Cavalcanti, o “Cazuza do Trombone”, então Deputado Estadual
conseguiu que Cruz do Espírito Santo fosse restabelecido (PMCES,201510)
Dentre os primeiros candidatos eleitos e diplomados pelo Tribunal Regional de Justiça Eleitoral da Paraíba, conforme a denominação do Tribunal Regional Eleitoral na década de 30 do século XX, está o Deputado Estadual José Francisco de Paula Cavalcanti – o coronel Cazuza Trombone, representante oficial da aristocracia rural na várzea do Paraíba. Com o seu falecimento ocorrido em 26 de Fevereiro de 1941, a Estação do Trem inaugurada em 7 de setembro de 1983 (PB – 3669 com trilhos) de propriedade da E. F. Conde D’Eu (1883-1901); Great Western (1901-1950); Rede Ferroviária do Nordeste (1950-1975) e RFFSA - Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (1975-1997), que chamava-se “Entroncamento” e que passa por dentro das terras de seus engenhos: Massangana e Santana, passou a chamar-se de “Paula Cavalcanti”, em sua homenagem, porém, com o decorrer dos tempos registramos em síntese que:
[...] A estação de Entroncamento foi inaugurada em 1883, no primeiro
trecho aberto pela E. F. Conde D'Eu. O nome foi alterado para Paula Cavalcanti
nos anos 1950, em homenagem ao "Cazuza Trombone", alcunha de José
Francisco de Paula Cavalcânti, proprietário dos Engenhos Massangana e Santana,
no município. Ali acontecia o cruzamento de duas linhas: o ramal de estação.
"Vivemos momentos felizes naquela época', lembrou Francisca de Oliveira,
referindo-se aos anos 1960 e início dos anos 1970, quando a ferrovia viveu seu
tempo áureo na Paraíba. “Hoje vivemos só de saudade e o distrito está esquecido
pelos administradores públicos e pela população do Estado, é lamentável”,
completou" (Correio da Paraíba, sobre a estação de Paula Cavalcanti,
11/09/2005). "Eta estaçãozinha difícil de se encontrar! Fui a Santa Rita,
a cidade mais perto dela, onde ninguém a conhecia com este nome, principalmente
os motoristas de taxi! Após as devidas explicações, um motorista mais velho se
lembrou de um lugar chamado Entroncamento (nome anterior dela). Ela fica por
via férrea a 20 quilômetros desta cidade, porém para chegarmos nela rodamos
mais de 50 quilômetros por canaviais e pastos. O curioso é que passa uma BR
muito próxima, porém do outro lado do rio Paraíba e sem acesso rodoviário. Uma
das estações triangulares do Brasil" (Coaraci Camargo, 05/2005). (Fontes:
Jônatas Rodrigues, 05/2006; Guias Levi, 1932-1984; Guia Geral das Estradas de
Ferro do Brasil, 1960; Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, volumes IV e
XVII, 1958; Nilson Rodrigues, 2006; Estudo Descriptivo das Estradas de Ferro do
Brazil, Cyro Deocleciano R. Pessoa Jr., 1886; Correio da Paraíba, 11/09/2005;
Coaraci Camargo, 2005 apud GIESBRECHT, 2009).
E assim termina não só o ciclo iniciado com
a implantação da Rede Ferroviária na Paraíba, mas também o ciclo profetizado
pelo teor dos romances: Fogo Morto, Menino de Engenho, Bangüê e Usina, de
autoria de José Lins do Rego Cavalcanti, sobrinho afim do Coronel Cazuza Trombone.
[...] Portanto, as narrativas presentes em Fogo Morto, Menino de
Engenho, Bangüê e Usina reafirmam a viabilidade da utilização do discurso
literário enquanto fonte para a construção da interpretação sociológica do
processo de modernização da economia açucareira nordestina dos fins do século
XIX e início do século XX (SANTOS, 2010).
De modo que tudo culmina com a desativação
total dos engenhos paraibanos e nordestinos, da linha férrea e do inicio de um
novo ciclo social e cultural na referida área rural, na história de vida do
povo ali residente e a invadir para residir, na modernidade ideológica dos
novos tempos que transpassaram as terras dos engenhos: Massangana (resta apenas
o bueiro erguido) e Santana (tem a capela e parte do bueiro em pé), assim como
em quase todos engenhos e engenhocas (exceto o São Paulo, dos Fernandes de
Carvalho, em Cruz do Espírito Santo/PB, na várzea do Paraíba), até então
existentes diante da avalanche de invasões patrocinadas ideologicamente pelo MST
– Movimento dos Sem Terras e tendo como culminância a desapropriação pelo
Governo Federal e implantação de assentamentos dos trabalhadores rurais e/ou
campesinos sem terras desde as últimas décadas do século XX. É a implantação da
ideologia de que a terra é de Deus e sua propriedade é de ninguém tendo em
vista que “a historiografia mexe constantemente com a história que estuda e com
o lugar onde se elabora” (CERTAU, 1982, p. 126 apud AGUIAR, 2016, p. 15).
¹ Cf. : ARAÚJO, Claudete Cavalcanti. José Francisco de Paula
Cavalcanti. In.: Geni – Árvore Genealógica Mundial – Myheritage. Disponível
in.:< https://www.geni.com/people/Jos%C3%A9-Francisco-de-Paula-Cavalcanti/6000000035778088954>
. Acessado em , 05 Jan 2017.
² Cf.: TRE/PB - Ata da primeira diplomação de Deputados Estaduais
Constituintes na Paraíba.Disponível página 1 in.:< http://apps.tre-pb.jus.br/memorial/index-menu.php?menu=historia1&conteudo=eleicoes#prettyPhoto/4/
> e página 2 in.: http://apps.tre-pb.jus.br/memorial/index-menu.php?menu=historia1&conteudo=eleicoes#prettyPhoto/5/
. Acessado em, 03 Mar. 2017.
³ Cf.: TRE/PB – Diploma do Deputado Estadual e Constituinte José
Francisco de Paula Cavalcanti (1935). Disponível in.: < http://apps.tre-pb.jus.br/memorial/index-menu.php?menu=historia1&conteudo=eleicoes#prettyPhoto/22/
>. Acessado em, 03 Mar.2017.
4 Cf. : ARAÚJO, Claudete Cavalcanti.
Pedro da Cunha Andrade de Albuquerque. In.: Geni – Árvore Genealógica
Mundial – Myheritage. Disponível in.:< https://www.geni.com/people/Pedro-Andrade-de-Albuquerque/6000000035778249975
> . Acessado em , 05 Jan 2017.
5 Cf.: ARAÚJO, Claudete Cavalcanti.
Alexandrina Lins de Albuquerque. In.: Geni – Árvore Genealógica Mundial
– Myheritage. Disponível in.:< https://www.geni.com/people/Alexandrina/6000000035778057995
> . Acessado em , 05 Jan 2017.
6 Cf.: ARAÚJO, Claudete Cavalcanti.
Luzia Lins Cavalcanti. In.: Geni – Árvore Genealógica Mundial –
Myheritage. Disponível in.:< https://www.geni.com/people/Luzia/6000000035777742947
. Acessado em 07 Jan. 2017.
7 Cf.: ARAÚJO, Claudete Cavalcanti.
José Lins Cavalcanti de Albuquerque. In.: Geni – Árvore Genealógica
Mundial – Myheritage. Disponível in.:< https://www.geni.com/people/Jos%C3%A9-Lins-Cavalcanti-de
Albuquerque/6000000035777027541> . Acessado em , 05 Jan 2017.
8 Cf.: ARAÚJO, Claudete Cavalcanti.
Joana Bezerra. In.: Geni – Árvore Genealógica Mundial – Myheritage.
Disponível in.:< https://www.geni.com/people/Joana/6000000035687674870>
. Acessado em , 05 Jan 2017.
9 Cf.: ARAÚJO, Claudete Cavalcanti.
Andradina Lins Cavalcanti. In.: Geni – Árvore Genealógica Mundial – Myheritage.
Disponível in.:< https://www.geni.com/people/Andradina/6000000035777834960>
. Acessado em, 05 Jan.2017.
10 Cf.: CRUZ DO ESPIRITO SANTO/PB – História. Disponível in.: < <http://www.cruzdoespiritosanto.pb.gov.br/cruz-do-espirito-santo/historia/
>. Acessado em, 31.Mar.2017.
ICONOGRAFIA
REFERENCIAS
AGUIAR, Francisco de Paula Melo. Santa Rita, Sua História, Sua Gente.
2ª ed. São Paulo: Clube de Autores Publicações S/A, 2016. Disponível in.: <http://www.agbook.com.br/book/228439--Santa_Rita_Sua_Historia_Sua_Gente
. Acessado em 03.Abr. 2017.
CARNEIRO, Renato César. Origens da Justiça Eleitoral na Parahyba: de
1932 a 1937. João Pessoa/Pb: TRE/2012. Disponível in.: < http://apps.tre-pb.jus.br/memorial/plaquete_origens_da_JE_na_Parahyba.pdf
>. Acessado em 31 Jan.2017.
GIESBRECHT, Ralph Mennucci. [Elaborador da Página]. Estações Ferroviárias
do Brasil. Paula Cavalcanti (ex-Entroncamento). Município do Cruz do Espírito
Santo, PB - 2009. Disponível In.: <http://www.estacoesferroviarias.com.br/paraiba/paula.htm
>. Acesso em: 10 Jun. 2016.
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Eleições [1932-1937]. João Pessoa/PB:TRE/PB. Disponível in.:< http://apps.tre-pb.jus.br/memorial/index-menu.php?menu=historia1&conteudo=eleicoes#prettyPhoto
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______________. Diploma do Deputado Estadual José Francisco de Paula
Cavalcanti. João Pessoa/PB.: TRE/1935. Disponível in.:< http://apps.tre-pb.jus.br/memorial/index-menu.php?menu=historia1&conteudo=eleicoes#prettyPhoto/22/
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Santo, Paraíba. Recife/PE/Brasil: Coleção Francisco Rodrigues/Fundação Joaquim
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___________. José Lins Cavalcanti de Albuquerque [Foto]. [Engenho
Corredor, Pilar, PB]. Recife/Pe/Brasil: Coleção Francisco Rodrigues/Fundação
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Acessado em 31 Jan.2016.
SANTOS, Gladson de Oliveira. José Lins do Rego e a modernização da
economia açucareira. Aracajú/SE: Universidade Tiradentes, 2010. Disponível in.:
<https://repositorio.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/13598/1/GladsonOS_DISSERT.pdf
>. Acessado em 10 Mai.2017.
......................................
(*) Dentre outros livros publicados:
TRAPIÁ POÉTICO – de Francisco de Paula Melo Aguiar
SANTA RITA, SUA HISTÓRIA, SUA GENTE – de Francisco de Paula Melo Aguiar
EDUCAÇÃO FÍSICA, MÍDIA E OBESIDADE INFANTO-JUVENIL – de Francisco de
Paula Melo Aguiar
PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE SANTA RITA/PB (2014-2024).
O CURRÍCULO ESCOLAR E O USO DO VÍDEO EM SALA DE AULA
(Livro)
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