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quinta-feira, 9 de novembro de 2017

HIGIENE NO CANGAÇO

Por Joel Reis

A água é um elemento vital para o ser humano. Um recurso escasso na caatinga, demasiadamente preciosa, e em primeiro lugar urgia matar a sede. Os cangaceiros passavam vários dias sem tomar banho, não podiam tomar banho juntos, pois se estivessem despidos (não estivessem equipados) poderiam ser pegos desprevenidos e seria chacina para o grupo.

Cada um possuía sua caneca, prato, colher e uma cabaça para tomar água. O asseio quase não existia no cangaço, para tirar o limo que se acumulava nos dentes usavam retalhos enrolados nos dedos e folhas de juá. As cascas do juá serviam também para lavagem de roupas. Usavam três ou quatro calças, uma por cima das outras, nos tiroteios quando rolavam no chão e as roupas ficavam sujas, então tiravam a primeira vestimenta suja, ficando a segunda limpa e, assim, sucessivamente, até a última. Nessa altura tratavam de fazer outras. Frenquentemente costuravam roupas e bornais. Antes de ficarem sujas ou que ficassem dilaceradas pelos espinhos. (OLIVEIRA, 1970).


Os cangaceiros usavam todo tipo de brilhantina no cabelo, óleo e sabonete ‘Eucalol’, tomavam banho de loção ‘Royal Briar’ e perfume francês, ‘Fleur d’Amour’, da maison Roger & Gallet; o favorito de Lampião, alguns pesquisadores relatam que também usavam o perfume ‘Chanel’, e na falta dessas marcas, “espalhavam no corpo e nas roupas uma marca mais popular, o ‘Madeira do Oriente’. O suor intenso, a falta de banho e o excesso de uso de perfumes davam aos cangaceiros um cheiro corporal forte, bastante característico”. (PERICÁS, 2010, p. 173). Dessa forma, quando desarmavam as barracas e abandonavam “os coitos” deixavam um “odor” de ciganos devido à mistura de perfume com o suor do corpo empoeirado.

No século XX, a elite brasileira usava perfumes importados, uma grande parte franceses, “os produtos locais começavam a ser desenvolvidos através de empreendedores europeus que se alojavam no Rio de Janeiro e São Paulo e estavam atentos ao mercado”. (GONÇALVES, 2012). Isso explica o porquê do uso desses produtos importados por parte dos cangaceiros.

REFERÊNCIAS

GONÇALVES, Cristiane. Um olhar sobre a história da perfumaria brasileira. São Paulo: Revista Osmoz, 10 set. 2012. Disponível em: <http://www.osmoz.com.br/e…/historia-da-perfumaria-brasileira>. Acesso em: 06 ago. 2017.
OLIVEIRA. Aglae Lima de. Lampião, cangaço e Nordeste. Rio de Janeiro: Edições O Cruzeiro, 1970.
PERICÁS, Luiz Bernardo. Os cangaceiros: ensaio de interpretação histórica. São Paulo: Boitempo, 2010, p. 173.
IMAGEM, Colagem de diversas imagens do google.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1585534501511440&set=gm.1849789905333512&type=3&theater&ifg=1

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