Por Geraldo Maia do Nascimento
Já
tratamos, em outros artigos, do desenvolvimento econômico de Mossoró ao longo
do tempo. Mas sempre impressiona o crescimento comercial que a cidade alcançou
no final do século XIX, quando a região ficou conhecida como “Empório
Comercial”, pela quantidade e qualidade das empresas aqui instaladas, com uma
clientela que se estendia, além do Oeste potiguar, aos vizinhos Estados da
Paraíba e do Ceará. Para mostrar esse desenvolvimento, vamos pegar aqui um
instantâneo do ano de 1894, porque esse ano marca o início de uma nova fase na
expansão comercial de Mossoró. Graças ao esforço de velhos cronistas, podemos
hoje fixar esse ciclo extraordinário, com o nome das empresas, dos seus sócios,
locais e respectivos ramos de negócios. Mantivemos, no entanto, o primitivo
nome das ruas, tal qual foi registrado. Começamos essa caminhada pela empresa
Romualdo Lopes Galvão, que era uma casa de fazendas, exportadora de algodão e
de peles.
Ficava no velho sobrado da Praça 6 de janeiro (atual Praça Rodolfo
Fernandes), que a enchente de 1917 ameaçou de cair. No mesmo ponto esteve a
antiga casa S. Gurgel & Cia. Borges & Irmãos – da qual eram sócios
Antônio Borges e Manuel Ferreira Borges. Trabalhavam com exportação e
importação. Ficava na Rua Dr. Almeida Castro, fazendo frente com o Beco do
Irineu, depois Travessa da Imprensa. Vizinho a esse mesmo local, instalou-se
depois a firma Colombo & Gurjão. Oliveira & Irmãos que era uma casa
muito antiga e conhecida no interior. Importava e exportava em grande escala.
Possuía instalações para o beneficiamento de algodão. Eram sócios: Francisco
Alves de Oliveira e Idalino Alves de Oliveira. Também fazia parte da firma
Eufrásio Alves de Oliveira, porém sempre afastado de Mossoró, pois residia em
Macau. Funcionava no prédio onde foi depois Vicente da Mota & Cia. Souza
Nogueira & Cia. Era importadora e exportadora do ramo de fazendas, molhados
e miudezas. Eram sócios: Alexandre de Souza Nogueira e Miguel Faustino do
Monte. Ficava num velho sobrado onde, em outros tempos, funcionava a Intendência
Municipal. Aderaldo Zózimo & Filhos – De Aderaldo Zózimo & Freitas e
outros. Firma exportadora. Ficava na esquina do antigo sobrado de Delmiro
Rocha, na Praça do Mercado (Praça da Independência). Viúva Reis & Cia –
Casa exportara. Eram sócios: a viúva Reis, Antônio Soares do Couto (Totô Reis)
e Bento Antônio de Oliveira (afamado homeopata). Ficava na lateral da Praça da
Matriz (Praça Vigário Antônio Joaquim), nas proximidades do sobrado de Delmiro
Rocha. Horácio Cunha & Cia – De Horácio Cunha e outros, estabelecidos na
antiga Praça da Matriz (Praça Vigário Antônio Joaquim), nas vizinhanças do
prédio onde posteriormente veio a funcionar a Rádio Rural de Mossoró. Wanderley
& Irmãos – Tinha como sócios Aristóteles Alcebíades Wanderley e João Carlos
Wanderley Segundo e atuava no ramo de fazendas e miudezas. Mantinha uma fábrica
de cigarros (Nova Esperança). Funcionava no prédio que depois veio a ser a
União de Artífices, na Praça Vigário Antônio Joaquim. Francisco Tertuliano
& Cia. Firma exportadora. Primeiros sócios: Francisco Tertuliano de
Albuquerque e Raimundo Nonato Fernandes. Antigos armazéns na Praça dos
Fernandes, por trás do Peso Público. Antônio da Silva Medeiros. Era um
português que atuava no ramo de miudezas e ferragens. Ficava na Rua Almeida
Castro. Manuel Cirilo dos Santos. Casa de molhados. Funcionava no edifício do
Peso Público, no armazém do centro, onde depois funcionou a Tipografia e
Papelaria O Nordeste, dos Irmãos Vasconcelos. No mesmo local funcionou Alberto
de Souza Melo, loja de retalho de fazendas. Delfino Freire da Silva.
Inicialmente era uma pequena loja de fazendas e miudezas. Esse foi o começo da
grande firma comercial de Delfino Freire. Ficava numa porta onde foi construído
posteriormente o edifício do Banco de Mossoró S/A. Silvio Policiano de Miranda.
Era uma casa de ferragens, miudezas e molhados. Funcionava num prédio que
serviu por muitos anos ao escritório da firma Cunha da Mota & Filhos.
Miguel Faustino do Monte. Firma individual que substituiu Souza Nogueira, que
funcionava na Rua do Comércio. Ali começou a grande empresa que seria a M. F.
do Monte & Cia., uma das maiores firmas de Mossoró. Foram muitas empresas
que estavam instaladas em Mossoró naquele período, cada uma com sua
importância. Muitos daqueles comerciantes, pela importância dos seus negócios,
tiveram seus nomes emprestados a alguma artéria da cidade. Esses nomes, hoje,
relembram uma era desaparecida, mas retratam, fielmente, o trabalho de
gerações, a serviço
do progresso de Mossoró.
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